Cânones de Dort
Os Cânones de Dort – Sua história
Jacob Harmenszoon (holandês), que ficou conhecido
como Jacobus Arminius (Latim), (1560-1609), foi um teólogo
e também ministro da Igreja Reformada Holandesa, que se
opôs a doutrina da predestinação, conforme Calvino ensinava,
e desenvolveu sua própria doutrina, que ficou conhecida
depois como arminianismo. Arminius, interpretava a doutrina
bíblica da eleição, como sendo condicional, isto é, a oferta
divina da salvação, poderia ser ou não, afetada pela vontade
livre do homem. Após a morte de Arminius, vitimado pela
tuberculose, os adeptos, simpatizantes e defensores de seus
ensinos, provocaram grandes distúrbios dentro dos arraiais
reformados. Os arminianos, representavam uma espécie de
reavivamento das antigas doutrinas semipelagianas, que
haviam tanto tempo, perturbado a boa ordem da Igreja cristã.
Esses seguidores desses falsos ensinos, compuseram e
assinaram em 1610, um documento teológico, chamado
Remonstrance, no qual resumiram em cinco pontos a sua
rejeição do calvinismo clássico. Por calvinismo, entenda-se a
doutrina apostólica e histórica, sobre a salvação pela graça
mediante a fé, tudo como um dom de Deus. Foi então, que a
Igreja Reformada Holandesa, para resolver a controvérsia
arminiana, convocou um concílio, que se reuniu em
Dordrecht, entre 13 de Novembro de 1618 e 09 de Maio de
1619, em 154 sessões, onde as ideias arminianas, foram
reprovadas e consideradas antibíblicas. Após seis meses de
trabalho exaustivo, os teólogos estrangeiros, partiram e os
teólogos holandeses permaneceram para 22 sessões adicionais
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devotadas, em sua maioria, à preparação de uma nova liturgia
e ordem eclesiásticas. Nesse concílio, conhecido como o
Sínodo de Dort, o arminianismo foi desacreditado,
condenado pelo sínodo, e os arminianos foram considerados
hereges. Dos teólogos que compuseram esse sínodo, disse um
antigo escritor: “Os membros deste sínodo formavam uma
constelação dos melhores e mais eruditos teólogos, que já se
congregaram num concílio, desde a dispersão dos apóstolos;
salvo se excetuarmos a convocação imperial de Nicéia, no
quarto século” [Biographia Evangélica II, p. 456]. No Sínodo
de Dort, foi escrito um documento, que ficou conhecido
como Os Cânones de Dort, que abordam cinco tópicos
doutrinários, em 59 artigos: (1) A predestinação divina; (2) A
morte de Cristo e a redenção do homem; (3-4) A corrupção
do homem e sua conversão a Deus; (5) A perseverança dos
santos. As principais ênfases do documento, são as seguintes:
Deus elege e reprova, não com base na previsão de fé ou
incredulidade, mas por sua vontade soberana; a morte de
Cristo, foi suficiente para todos, mas é eficaz somente para os
eleitos; mediante a queda, a humanidade ficou totalmente
corrompida; a graça de Deus atua eficazmente, para converter
os descrentes, embora não o faça por coerção; Deus preserva
os crentes, de modo que não podem decair totalmente da
graça. Essas declarações, foram resumidas em algumas
expressões conhecidas, como “Os Cinco Pontos do
Calvinismo”: Depravação total, Eleição incondicional,
Expiação limitada, Graça irresistível e Perseverança dos
santos, cujas iniciais em inglês formam a palavra “TULIP” –
Total depravity – Unconditional election – Limited atonement
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– Irresistible grace – Perseverance of the saints. Se, os
arminianos tivessem prevalecido, e suas doutrinas
introduzidas na Igreja de Cristo, uma catástrofe seria
inevitável, cujo resultado final seria destruição da doutrina
cristã da salvação pela graça. A partir dos Cânones – o caráter
incondicional e gracioso da eleição; a expiação de Cristo
limitada em seu desígnio e amplitude; a depravação total do
homem; a graça irresistível; e a perseverança dos santos –
foram todos, em resposta aos cinco artigos da Remonstrance,
com a intenção de estabelecer, clara e inequivocamente, o
absoluto e gracioso caráter da salvação, que “não depende do que
quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece” - Romanos
9.16.
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A eleição e a reprovação divinas
Capítulo 1
Artigo 01 – Toda a humanidade é condenável diante
de Deus
Como todos os homens pecaram em Adão, estão
debaixo da maldição e merecem a morte eterna. Deus não
teria feito injustiça a ninguém se tivesse sido sua vontade
deixar toda a raça humana no pecado e debaixo da maldição, e
condená-la por causa do seu pecado, de acordo com estas
palavras do apóstolo: “para que se cale toda a boca, e todo o mundo
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seja culpável perante Deus… pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus” (Rom. 3.19-23) e “o salário do pecado é a morte” (Rom. 6.23).
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Comentário: Todos os homens pecaram, portanto,
todos são culpados e dignos de morte. Assim, o que quer que
Deus faça com as criaturas caídas, é absolutamente justo. Os
anjos caíram e Ele os condenou, justamente, às trevas eternas.
Se agisse da mesma forma em relação ao homem, estaria
apenas manifestando sua justiça. Mas, quando quis prover um
meio de redenção, para uma parte deles, estava revelando sua
misericórdia. É direito inalienável de Deus, distribuir seus
dons, como e a quem desejar. É direito seu, fazer o que quiser
com todas as suas criaturas, e em toda a sua criação - “Ou não
me é lícito fazer o que quiser do que é meu?” - Mateus 20.15. Se
Deus, não se revelasse aos homens, todos se perderiam; se
resolvesse nunca mais falar com o homem, nunca mais o
homem retornaria à sua presença. Mas, Ele buscou o homem,
para trazê-lo de volta. Entretanto, revela-se à quem escolheu
fazê-lo, e aqueles à quem Ele se revela são salvos; aqueles
porém, à quem Ele não se revela, permanecem perdidos em
seus pecados. Se desejasse salvar a todos, Ele o faria, mas
onde revelaria sua justiça? Aqueles à quem não mostra a sua
misericórdia e graça perdem-se eternamente. Alguém já disse,
que a humanidade perdida, é como um grande navio de
passageiros, à deriva com o casco furado. Todos os
passageiros irão fatalmente morrer; é apenas uma questão de
tempo. Assim, toda a humanidade irá naufragar e perecer em
seus pecados. Mas Deus, em sua infinita misericórdia salva
muitos dentre eles, porém não todos. Que injustiça ele faria se
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não salvasse a ninguém? Nenhuma. Então, que injustiça ele
faz com aqueles que não salva? Nenhuma. Por outro lado, que
justiça faz ele para com os que salva? Também nenhuma. E
que justiça para com os que são abandonados em seus
pecados? Para com esses, Deus faz justiça. Logo, para com
aqueles que salva, ele revela sua graça e seu amor, para com os
que se perdem, revela sua justiça e sua ira. De modo que só
podemos dizer, que Deus é justo e também misericordioso -
“Aos justos nasce luz nas trevas; ele é piedoso, misericordioso e justo” -
Salmo 112.4.
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Artigo 02 – O envio do Filho de Deus
Mas nisto se manifestou o amor de Deus: em que ele
enviou seu Filho Unigênito ao mundo, “para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3.16).
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Comentário: Deus criou os céus é a terra e tudo quanto
há neles; na terra, onde criou o homem, decretou a queda; no
contexto de um mundo caído, pôde expressar seus
maravilhosos atributos, revelando o eu maravilhoso Ser. Na
criação Ele expressou seu poder, sua glória, sabedoria e
majestade; na redenção Ele revelou seu amor, graça,
misericórdia; na punição dos ímpios, revelou sua santidade,
justiça e ira santa. Tudo o que Deus fez ou decretou para a
sua criação, sempre tem um bom e santo propósito; nada é
por acaso, mas tudo com propósito. Dizer que tudo é mero
casuísmo, isto é, produto do acaso, denota superfluidade e
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desprezo para com a criação e o Criador. Não é isso, pois
Deus tem, em tudo o que acontece na vida das suas criaturas,
um propósito certo e definido. Naturalmente, que seus
propósitos são tremendamente elevados e não os podemos
atingir. Como criaturas que somos, jamais podemos
perscrutar os mistérios eternos. Ainda como criaturas temos
uma agravante: somos criaturas caídas. Nossas mentes
embotadas pelo pecado, não têm a mínima chance de sondar
tais maravilhas de Deus. Por isso, é sábio, quando depararmos
com os seus mistérios, que nos prostremos humilhados e o
adoremos na beleza da Sua santidade. O Filho eterno de
Deus, veio a este mundo para salvar aqueles, a quem Deus em
conselho eterno, decretou salvar. Ele escolheu dentre os
homens de todos os tempos, de todas as raças, de todas as
nações, um povo para Si. Foi por eles, que Jesus Cristo se
ofereceu a si próprio como sacrifício - “Eu rogo por eles; não rogo
pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” - João 17.9.
Estes, e apenas estes, creem de fato em Cristo para a salvação,
porque muitos outros há, que até professam nele crer, mas
sua fé não é autêntica, não vem acompanhada de
arrependimento, de regeneração, de santificação e por isso
não os salva.
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Artigo 03 – A pregação do evangelho
Assim, para que os homens sejam conduzidos à fé, Deus
misericordiosamente envia arautos dessa mais bemaventurada mensagem a quem ele quer e quando quer. Pelo
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ministério desses arautos, os homens são chamados ao
arrependimento e à fé no Cristo crucificado. Pois, “como, porém,
invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem
nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como
pregarão, se não forem enviados” (Rom. 10.14-15).
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Comentário: Deus, em sua infinita sabedoria, decretou
salvar os eleitos através da pregação. E, se o meio pelo qual
chama seus escolhidos, é a pregação do evangelho, então, o
trabalho da Igreja é pregar esse evangelho. Essa, é a sua
missão inestimável e insubstituível neste mundo. Entretanto,
se a pregação do evangelho, não trouxer tantos quantos
gostaríamos, não alcançar a todos que objetivávamos, não
despertar o espírito e trazer ao convívio da Igreja todos
quantos almejávamos, devemos confiar e esperar em Deus;
porque, se a pregação não fizer esse trabalho, é porque não há
o que fazer ali ou, o que deveria ser feito, já o foi. Contudo,
jamais a Igreja deve se desesperar, e lançar mão dos recursos e
estratégias do mundo para atrair pessoas, como se o resultado,
fosse sua responsabilidade. O evangelho genuíno, não precisa
da ajuda de artifícios para atrair as ovelhas. Elas ouvem a voz
do Pastor, e vêm a ele. Jesus veio para as suas ovelhas
perdidas, e elas, quando ouvem a sua voz, correm para ele -
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me
seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as
arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que
todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai” - João 10.27-
29. Os que não vêm a Cristo ao ouvir sua Palavra, é porque
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não são suas ovelhas - “Mas vós não credes porque não sois das
minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito” - João 10.26. Esses, que
querem unir-se à Igreja por causa do ambiente agradável, da
boa música, dos bons relacionamentos, das atividades, dos
entretenimentos, mas não por causa da Palavra de Cristo, não
são das suas ovelhas. Quem Deus deseja salvar, ele o atrairá
pela sua Palavra - “Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus
ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve” - 1ª João 4.6. É
isto, que o apóstolo, fala em Romanos 10. Àqueles a quem
Deus deseja salvar, ele mesmo enviará mensageiros com sua
Palavra. Estes pregarão, e aqueles darão ouvidos e serão
trazidos à família da fé. Igreja é o resultado da pregação da
Palavra de Deus. Multidão que resulta de palestras
motivacionais, de um evangelho positivista e triunfalista,
composto de meias-verdades, sem a cruz de Cristo, recheadas
de entusiasmo carnal, essa multidão não é Igreja. É um povo
enganado e iludido por falsas promessas de uma vida fácil, de
prosperidade, saúde, triunfo, sucesso e ainda pela garantia do
céu após a morte. Mas a verdadeira Igreja, é aquela que resulta
da pregação do genuíno evangelho de Cristo. Ali, estão
aqueles que foram atraídos, não para receberem uma cura
física e temporal, uma promessa de benção material, mas
foram atraídos para o Bom Pastor, ouvindo a sua voz - “Eu sou
o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou
conhecido... Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco;
também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá
um rebanho e um Pastor” - João 10.14, 16. A responsabilidade dos
mensageiros, é serem fiéis a mensagem e não pelos resultados.
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A Igreja deve buscar ser fiel a qualquer custo, e não buscar
resultados a qualquer custo.
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Artigo 04 – Um duplo resultado
A ira de Deus permanece sobre os que não creem nesse
evangelho. Mas aqueles que o recebem e abraçam a Jesus, o
Salvador, com uma fé verdadeira e viva, são libertos por ele da
ira de Deus e da destruição, e a eles é dada a vida eterna.
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Comentário: Assim está escrito: “Aquele que crê no Filho
tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida,
mas a ira de Deus sobre ele permanece” - João 3.36; e também:
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”
- Marcos 16.16. Embora seja Deus quem escolha aqueles que
irá salvar eternamente, quando o Evangelho é proclamado, há
um grande e alto chamado de Deus, a todos quantos têm
ouvidos para ouvir - “Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem
ouvidos para ouvir, ouça” - Lucas 8.8. Este, é um grande mistério,
pois muitos ouvem, mas não atentam para o que ouvem; já os
que foram destinados para a salvação, não apenas ouvem, mas
escutam, dão ouvidos, seu espírito é despertado, recebem a
Palavra com grande alegria, creem, vêm e recebem a Cristo
como seu Salvador - “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e
glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam
ordenados para a vida eterna” - Atos 13.48. O apóstolo Paulo
disse, que sua mensagem para alguns tinha cheiro de vida, já
para outros, cheiro de morte - “E graças a Deus, que sempre nos
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faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a
fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom
perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes
certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida
para vida. E para estas coisas quem é idôneo?” - 2ª Coríntios 2.14-16.
Uma vez que a expiação de Cristo é suficiente para salvar o
mundo inteiro, e não sabemos quem são os eleitos de Deus,
precisamos anunciar a todos os homens, em todos os lugares
as boas novas. E foi isso que o Senhor nos ordenou: “Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo…”; “E disse-lhes: Ide por todo o mundo,
pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo;
mas quem não crer será condenado” - Mateus 28.19; Marcos 16.15-16.
Assim, a pregação do Evangelho, equaciona um duplo
resultado: aceitação por parte de uns, e rejeição por parte de
outros. A autêntica pregação leva os homens a reagirem e se
posicionarem, uns o acolhem e outros não. Aqueles que
pensam que podem ficar neutros, na verdade já se
posicionaram. O Senhor Jesus definiu apenas dois grupos: os
que são por ele e os que são contra ele - “Quem não é comigo é
contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha” - Mateus 12.30.
Dele disse o profeta Simeão: “Eis que este é posto para queda e
elevação de muitos em Israel…” - Lucas 2.34.
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Artigo 05 – A causa da incredulidade e a fonte da fé
A causa ou a culpa dessa incredulidade, assim como a de
todos os outros pecados, não está de modo nenhum em
Deus, e sim no homem. No entanto, a fé em Jesus Cristo e a
salvação através dele é o dom gratuito de Deus, como está
escrito: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós; é dom de Deus” (Ef. 2.8). Semelhantemente, “porque vos foi
concedida a graça [… ] de credes nele” (Fp. 1.29).
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Comentário: Quando a Bíblia fala sobre crer em Deus,
quer dizer mais do que acreditar que ele existe e que é o
Criador de todas as coisas. Bem poucos são, se é que existem,
os que não creem na existência de Deus. Há aqueles que
negam com seus lábios, mas em seu íntimo ainda tentam se
convencer de que ele não existe. Entretanto a fé que é dom de
Deus aos eleitos é uma confiança absoluta nele. De modo que
ter fé em Deus é confiar nele, obedecê-lo e segui-lo ou andar
com ele. Alguém pode dizer acreditar que Deus existe, mas
não confia a sua vida a ele, não o ama, nem o serve. Muitos
são os que afirmam crer em Deus e em Jesus Cristo, contudo,
não têm uma fé bíblica, segundo as profecias, conforme os
fatos e declarações de Deus nas Escrituras - “Porque
primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por
nossos pecados, segundo as escrituras, e que foi sepultado, e que
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as escrituras - 1ª Coríntios 15.3-4. É
preciso crer, mas crer segundo o ensino bíblico, segundo as
escrituras. Muitos creem num falso Cristo, criado segundo
suas mentes caídas. Para muitos, Cristo foi um grande profeta,
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um grande mestre. Para outros Jesus é uma espécie de papai
noel, ou um curandeiro. Há os que veem nele um
revolucionário, que promoveu uma contracultura em seus
dias. Há também, aqueles que até aceitam que Jesus foi um
deus, significando um ser evoluído. Todos esses, porém, estão
equivocados a respeito de quem foi Jesus de Nazaré, e por
isso têm uma crença errada e um tipo de fé que é inferior a
dos demônios. Os demônios sabiam e confessavam que Jesus
de Nazaré era o Filho de Deus, mas não o amavam e nem o
obedeciam - “Dizendo: Ah! que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste
destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus” - Marcos 1.24. Os
demônios têm um grande conhecimento de Deus e Jesus
Cristo, têm mais experiências dos que qualquer homem jamais
teve, mas mesmo assim estão condenados. Da mesma forma
muitos crentes professos que têm grande conhecimento,
experiências, muitas boas obras, mas estão condenados
porque sua fé, não os leva a amar a Cristo e identificar-se com
ele, nem a viver para sua glória e para o seu agrado. A fé
salvífica, é um dom maravilhoso de Deus aos seus eleitos.
Essa fé vem acompanhada de: 1) uma profunda consciência
de pecado; 2) um profundo arrependimento pelos pecados; 3)
um reconhecimento de Cristo Jesus como o único Mediador e
Salvador. 1.1) A consciência de sua pecaminosidade o humilha
e o leva a reconhecer sua total dependência de Deus. Dá-lhe
entendimento de que não há qualquer justiça pessoal que o
possa salvar, nenhuma obra que o possa recomendar diante
de Deus. 2.1) O arrependimento que acompanha a fé
salvífica, também é um dom de Deus, e quando o eleito o
recebe, corre para Cristo para ser perdoado, reconciliado e
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aceito na Família de Deus. 3.1) Juntamente com a fé o eleito
recebe uma revelação de Cristo, isto é, da Pessoa e obra de
Cristo. Ele compreende a absoluta suficiência da redenção de
Cristo, e por isso deposita toda sua confiança só em Cristo.
Um eleito de Deus não está dividido entre crer em Cristo e
também sua justiça própria; crer em Cristo e em mais algum
outro intercessor. Não, a fé salvífica o leva a crer unicamente
em Cristo. Essa é a marca da fé, que é dom de Deus, e que é
dada apenas aos seus eleitos. Essa fé os leva andar e viver no
temor de Deus.
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Artigo 06 – O decreto eterno de Deus
Procede do decreto eterno de Deus conceder, no tempo
devido, o dom da fé a alguns e a outros não. Pois ele conhece
todas as suas obras desde a eternidade e “faz todas as coisas
conforme o conselho da sua vontade” (Ef. 1.11). De acordo com esse
decreto, ele graciosamente quebranta o coração dos eleitos,
por mais duro que seja, e os inclina a crer; entretanto, segundo
o seu juízo, ele deixa os que não são eleitos em sua própria
malignidade e dureza. E aqui, especialmente, nos é revelada a
profunda, misericordiosa e, ao mesmo tempo, justa distinção
entre homens igualmente merecedores de condenação, que é
o decreto da eleição e da reprovação, revelado na Palavra de
Deus. Embora os homens perversos, impuros e instáveis o
distorçam para a sua própria destruição, esse mesmo decreto
proporciona consolo inexprimível às almas santas e tementes
a Deus.
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Comentário: Enquanto uns ouvem a Palavra de Deus e
se quebrantam, outros a ouvem se endurecem. Uns são
erguidos do monturo enquanto outros se chafurdam ainda
mais nele. Alguém já afirmou com muita propriedade que o
mesmo sol que derrete a cera, endurece a argila. Contudo, é
Um e o Mesmo quem faz o sol, a cera, e também a argila. A
incredulidade é um pecado como os outros e pode ser
perdoado pelo Senhor. Do lado humano e humanamente
falando, o homem é culpado por não crer. Mas do lado do
eterno Conselho de Deus, o homem não pode crer se Deus
não lhe conceder a fé - “Mas vós não credes porque não sois das
minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito” - João 10.26. O Senhor
não disse que aqueles judeus não eram ovelhas porque não
criam, ou porque não queriam crer; ele disse exatamente o
contrário: que eles não criam porque não eram ovelhas. Isto é
aqueles que não creram foi porque não receberam a fé e não
faziam parte do rebanho eleito do Senhor. E isto, em última
instância não dependia deles. Toda escolha implica uma
rejeição; sempre que algo é escolhido, também é separado;
seja como for a escolha, uns serão preferidos em detrimento
de outros que serão preteridos. Jesus disse que o Pai lhe havia
dado um presente dentre a humanidade: “Manifestei o teu nome
aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e
guardaram a tua palavra... Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo,
mas por aqueles que me deste, porque são teus” - João 17.6, 9. O Pai
separou dentre toda a humanidade um grupo de homens e os
deu ao seu Filho. Como esses homens haviam caído no
pecado de Adão, Jesus deveria morrer por eles para os
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redimir. E foi isso que ele fez ao vir a este mundo: comprouos dentre os homens - “E cantavam um novo cântico, dizendo:
Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e
com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e
língua, e povo, e nação” - Apocalipse 5.9. O pecador pode tomar
uma livre decisão contra a vontade expressa de Deus, e
responderá por isso, mas nunca tomará uma decisão fora dos
decretos imutáveis de Deus.
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Artigo 07 – Definição da eleição
A eleição é o propósito imutável de Deus pelo qual ele,
antes da fundação do mundo, dentre toda a raça humana,
caída pela própria culpa do estado original de integridade no
pecado e na perdição, e segundo o soberano beneplácito da
sua vontade e por pura graça, escolheu, em Cristo, para a
salvação, um número definido de pessoas específicas, em nada
melhores nem mais dignas que as outras, porém envolvidas na
mesma miséria das demais.
Ele também, desde a eternidade, constituiu a Cristo
como o Mediador e Cabeça de todos os eleitos e o
fundamento da salvação. Assim, decretou dar a Cristo os que
haveriam de ser salvos, e chamá-los e trazê-los eficazmente à
sua comunhão pela sua Palavra e Espírito.
Ele decretou conceder-lhe a fé verdadeira em Cristo,
justificá-los, santificá-los e, por fim, – depois de tê-los
preservado poderosamente na comunhão do seu Filho –
glorificá-los, para demostração da sua misericórdia e o louvor
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da riqueza da sua graça gloriosa. Como está escrito: Deus nos
escolheu em Cristo “antes da fundação do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele,
para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito
de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos
concedeu gratuitamente no Amado” (Ef. 1.4-6). E em outro lugar: “E
aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses
também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rom.
8.30).
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Comentário: Os eleitos foram escolhidos na eternidade,
quando o tempo não existia; eles são chamados, justificados,
regenerados, santificados, adotados no tempo; e serão
glorificados na eternidade, quando o tempo não mais existirá.
Podemos imaginar conforme o ensino bíblico, como a vida de
cada salvo foi assunto no Alto Conselho da Santíssima
Trindade e sua salvação foi ali decidida. Entendemos que
Deus pensou, planejou, decretou todas as coisas na eternidade
e as traz à existência no tempo - “Nele, digo, em quem também
fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito
daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade” -
Efésios 1.11. Também o salmista cantou: “Mas o nosso Deus está
nos céus; fez tudo o que lhe agradou” - Salmo 115.3. Os nossos
documentos, fazem-nos rememorar, que ninguém deve
orgulhar-se nem supor serem melhores que os que se perdem,
porque os eleitos não são, de forma alguma, melhores do que
os demais homens, que foram deixados em seus pecados; não
são mais dignos, mas o que os diferencia é um dom que
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receberam de Deus. A essas alturas é oportuno lembrar as
palavras do apóstolo: “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu
que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se
não o houveras recebido?” - 1ª Coríntios 4.7. Deus fez isso de si
para si mesmo, pois tudo é para a sua própria glória. Ele “…
nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas
obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em
Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” - 2ª Timóteo 1.9. Quão
grande é a misericórdia de Deus, demonstrada naqueles que
são salvos e quão perfeita justiça exercida para com aqueles
que se perdem.
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Artigo 08 – Um único decreto de eleição
Não há vários decretos de eleição, mas um único e
mesmo decreto para todos os que hão de ser salvos, tanto no
Antigo quanto no Novo Testamento. Porque a Escritura
declara que o beneplácito, o propósito e o conselho da
vontade de Deus é único. Segundo esse propósito, ele nos
escolheu desde a eternidade tanto para a graça quanto para a
glória, como também para a salvação e para o caminho da
salvação, o qual preparou para que andássemos nele.
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Comentário: Nem há vários decretos de eleição nem há
uma eleição em série, como se Deus escolhesse um grupo de
homens indistintos de cada época da humanidade. Não, mas
Deus fez um único decreto onde incluiu todos quantos
escolheu salvar dentre os filhos de Adão. Incluiu, porém um a
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um a quem escolhia, nome a nome, indivíduo a indivíduo.
Conforme a escolha, assim também é o chamado – um a um.
Assim como Jesus escolheu os apóstolos um a um, também
ele escolheu, na eternidade, os que seriam salvos. Deus é um
Ser pessoal e se relaciona com pessoas, com indivíduos e não
simplesmente com um povo. Ele trata, sim, com seu povo
como um todo, como uma grande família, porém, seu
relacionamento conosco é individual. Temos muitos exemplos
na Bíblia, de homens, que Deus identificou pessoalmente,
exemplo: de Abraão Ele diz: meu servo - “Abraão meu servo” -
Gênesis 26.24; de Moisés: “o meu servo Moisés” - Números 12.7; de
Calebe: “o meu servo Calebe” - Números 14.24; de Davi: “a meu
servo Davi” - 2º Samuel 7.5; de Jó: “a meu servo Jó?” - Jó 1.8. Assim
Deus falou dos profetas, dos apóstolos, dos discípulos,
chamando-os pelo nome, mostrando que seu relacionamento
é pessoal - “Mas agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e
que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo
teu nome, tu és meu” - Isaías 43.1. Isto tanto é verdade em relação
à toda a Congregação de Israel, como aos seus servos
individualmente, porque a eleição, o chamado e a redenção
são atos individuais. A Bíblia diz que somos filhos adotados
por Deus. Se ‘família’ denota coletividade: muitos filhos -, por
outro lado, ‘filho’ denota a individualidade na relação com o
Pai - “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo,
para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos
predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo,
segundo o beneplácito de sua vontade” - Efésios 1.4-5.
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Artigo 09 – A eleição não se baseia em fé prevista
A eleição não se baseia em fé prevista, obediência da fé,
santidade, ou qualquer outra boa qualidade ou disposição que
seja a causa ou a condição necessária aos homens para serem
eleitos; todavia, os homens são eleitos para a fé, para a
obediência da fé, para a santidade, etc.
A eleição, portanto, é a fonte de todas as virtudes
salvadoras, de onde emanam a fé, a santidade e outros dons
salvíficos e, por fim, a própria vida eterna, como frutos e
efeitos da eleição. É isso o que o apóstolo ensina quando diz:
“assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, (não
porque fôssemos santos, mas) para sermos santos e irrepreensíveis
perante ele” (Ef. 1.4).
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Comentário: Definir eleição, como uma previsão que
Deus fez na eternidade, sobre a vida de cada um daqueles que
haveria de escolher, e que escolheu conforme previu quem
creria quando fosse chamado, ou algo parecido com isso, é
colocar a causa última no homem. Isto é, Deus me escolheu
porque previu algo em mim que o motivou a fazê-lo.
Contudo, nada poderia estar mais longe da verdade. A eleição
não se baseou em fé, obras, justiça, obediência ou santidade
previstas. Não, ela não teve sua motivação no objeto
escolhido, mas apenas naquele que fez a escolha. A revelação
bíblica diz que os eleitos o foram para serem santos, para crer,
para a prática das boas obras. De modo que a eleição veio
primeiro, sendo ela a causa de todas as demais bênçãos de
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Deus na vida dos crentes. O fato é que o homem natural está
morto espiritualmente e totalmente arruinado; nessa condição
ele jamais desejará Deus, jamais buscará a Deus, pelo
contrário, ele continuará sempre fugindo de Deus para a
direção oposta. E a menos que Deus faça algo para detê-lo, o
homem cai em queda livre e somente parará quando chegar
ao fundo do inferno. Então acordará para a sua real condição,
quando será tarde, muito tarde. Na parábola do rico e Lázaro
de Lucas 16.19-31, o Senhor Jesus Cristo mostra essa
realidade. Supor que o homem natural pode ir a Deus quando
quiser seria o mesmo que afirmar que um morto pode sair da
sepultura sozinho, se assim o desejar. Tudo começou com a
soberana escolha de Deus na eternidade, depois vem o
chamado do Espírito Santo no tempo, ato contínuo a
regeneração comprovada com a santificação, e termina com a
glorificação novamente na eternidade - “E aos que predestinou a
estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e
aos que justificou a estes também glorificou” - Romanos 8.30.
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Artigo 10 – A eleição baseia-se no beneplácito de
Deus
A causa dessa eleição graciosa é tão somente o
beneplácito de Deus. Esse beneplácito não consiste em Deus
ter escolhido, dentre todas as condições possíveis, certas
qualidades ou ações dos homens como requisito par a
salvação; mas consiste em ele ter adotado, dentre a multidão
dos pecadores, certas pessoas para a sua própria possessão.
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Pois está escrito: “ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham
praticado o bem ou o mal…” (Rom. 9.11-13) e já fora dito a ela [à
Rebeca]: “o mais velho será servo do mais moço” (Gen. 25.23). E
também: “todavia amei a Jacó, porém aborreci a Esaú” (Ml. 1.2,3). E
ainda: “e creram todos os que haviam sido destinados para a vida
eterna” (At. 13.48).
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Comentário: Tudo que o homem gostaria, ou tudo que
melhor se adequaria ao pensamento do pecador, é que
existisse alguma condição para a salvação; condição que
estivesse ao seu alcance cumpri-la, a fim de que, ele também
recebesse um pouco da glória. Mas, o fato é que os pecadores
são verdadeiros mendigos diante de Deus. Sim, somos como
pedintes andrajosos, que se tivermos que obter algo, isso
mesmo precisa ser nos dado. Assim é a salvação – um
presente, um dom de Deus. Se fosse um salário ou
recompensa, então apenas aqueles que trabalhassem por ela,
seriam salvos. Pessoas como o ladrão da cruz jamais poderia
ser contemplado com a salvação. Se a salvação fosse uma
premiação, então apenas os melhores a receberiam. Apenas
aqueles que tivessem sucesso a conquistariam. De qualquer
forma, seria uma seleção feita à base do mérito. Mas, não é
assim. Antes, do começo ao fim, a Bíblia nos ensina uma
salvação, totalmente gratuita, por misericórdia, pela
benevolência de Deus, que é amor e ama dar e doar-se. Deus,
escolheu salvar quem quis, e nessa lista incluiu alguns dos
piores exemplares da nossa raça, justamente para revelar a
grandeza de seu amor benevolente - “mas, onde abundou o
pecado, superabundou a graça” - Romanos 5.20. Deus salva aos que
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elegeu para a salvação, em Cristo; logo, os méritos são todos
de Cristo. Posso dizer que sim, fui salvo por méritos, mas os
méritos de Jesus Cristo. Eis o grande amor do Senhor Deus
revelado através de seu Filho Unigênito: “Porquanto com amor
eterno te amei, por isso com benignidade te atraí” - Jeremias 31.3.
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Artigo 11 – A eleição imutável
Como o propósito de Deus é infinitamente sábio,
imutável, onisciente e onipotente, assim também a sua eleição
não pode ser desfeita, refita, alterada, revogada nem anulada;
tampouco podem os eleitos ser rejeitados, nem o número
deles diminuído.
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Comentário: Se um só dos eleitos se perdesse, o
inimigo teria triunfado e Deus seria envergonhado. Se um
único homem inscrito no livro da vida se perdesse, o mal teria
obtido uma grande vitória e uma parte do propósito eterno
seria frustrado. Impensável! Impossível! O eterno Deus jamais
terá um único propósito frustrado - “Bem sei eu que tudo podes, e
que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido” - Jó 42.2. Uma
vez o eleito chamado e declarado justo, essa sentença judicial,
forense de Deus jamais será revogada. Assim, todos os atos
decretativos de Deus são absolutamente soberanos e têm sua
causa no Conselho Eterno. Portanto, são inexoravelmente
trazidos a luz e infalivelmente concluídos. Quando ele
decretou a eleição para a salvação de um de seus servos,
também decretou o meio através do qual seria salvo;
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determinou em que tempo isso ocorreria, em quais condições,
em que localidade e quais as circunstâncias a envolveriam. O
Mediador é um: Jesus Cristo - “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e
a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” - João 14.6;
o meio também é um: a pregação do Evangelho - “Visto como
na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua
sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação” -
1ª Coríntios 1.21. O tempo, a história e as circunstâncias variam
caso a caso, mas, nada de improvisos e imprevistos, tudo foi
decretado na eternidade. Nada é por acaso, tudo é por
propósito - “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança,
havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas
as coisas, segundo o conselho da sua vontade” - Efésios 1.11. Um dos
atributos de Deus é a imutabilidade, isto é, ele não muda, não
precisa mudar, pois tudo nele é perfeito, pleno, completo,
eterno. Assim, tudo quanto faz também é perfeito, não precisa
de ajustes, adaptações, melhorias, contextualizações. Não. Por
isso ele não retrocede em suas decisões. Não existe tal coisa
como alguns dizem: “Conheci alguém que era um crente fiel e
que voltou para o mundo”. É que nós só vemos o exterior do
homem; Deus, porém, vê o coração. Alguém que foi
justificado, jamais perde esse status; alguém que foi
regenerado, jamais cai na perdição eterna; alguém que foi
tirado do monturo e foi colocado à mesa com os príncipes do
Rei, jamais decai dessa posição; pelo menos, não
definitivamente. Isto, porque Deus não retira os seus dons
uma vez que os deu. Sendo assim, o número dos eleitos não
pode ser alterado, nem para mais, nem para menos. Dos que
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Deus escolheu e deu ao seu Filho, nenhum só faltará naquele
dia; nenhum lugar estará vazio na eternidade, porque nenhum
dos escolhidos ficará para trás. Todos os eleitos de Deus serão
salvos. Cada um deles será chamado individualmente,
declarado justo, receberá fé, arrependimento, regeneração,
será selado com o Espírito Santo, viverá para Deus enquanto
estiver neste mundo e depois, no grande dia será glorificado
com Cristo.
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Artigo 12 – A certeza da eleição
Os eleitos recebem, no tempo oportuno, ainda que em
vários graus e diferentes modos, a certeza da sua eterna e
imutável eleição para a salvação. Eles , todavia, não a obtêm
quando curiosamente investigam as coisas ocultas e profundas
de Deus, mas quando observam, em si mesmos, com alegria
espiritual e santo deleite, os infalíveis frutos da eleição
indicados na Palavra de Deus, tais como a fé verdadeira em
Cristo, o temor filial a Deus, a piedosa tristeza pelos seus
pecados, e a fome e a sede de justiça.
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Comentário: Certeza ou convicção da eleição, é uma
grande bênção que os santos gozam de maneiras diferentes,
conforme a sabedoria de Deus. Ele sabe o que é bom e
adequado para cada um de seus filhos. Às vezes o que é bom
para um pode não ser para outro; então um desfruta de plena
certeza e convicção, enquanto que outro pode ter um défice
de segurança. Ambos, porém, estão igual e absolutamente
seguros, mesmo porque a segurança não depende de nós a
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percebermos ou não. Ela só depende d’ Aquele que segura
todas as suas ovelhas em suas mãos. Quanto mais
conhecemos a Deus e sua Palavra mais nos firmamos em suas
promessas. Assim vamos percebendo a segurança da eleição e
salvação que temos em Cristo. Por isso nossos documentos
dizem que uns a têm mais outros menos, mas isso não
significa que uns estão mais seguros e outros menos.
Absolutamente. Todos os filhos de Deus estão tão seguros
quanto ele os pode tornar, isto é, total e eternamente. Assim
como ninguém conhece a Deus através de investigação
curiosa, estudo ou pesquisa, da mesma forma também
ninguém obtém a certeza da eleição e salvação, e o
crescimento na graça dessa forma. É preciso esperar e confiar
em Deus humildemente, buscando-o numa relação constante
com a sua Palavra que é onde ele se revela a nós e também
nos mostra como podemos nos sentir seguros - conforme
observamos em nós próprios aqueles frutos do Espírito: “Mas
o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fé, mansidão, temperança” - Gálatas 5.22. Dessa forma
vamos ganhando mais confiança de que somos filhos de Deus
- “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus” - Romanos 8.16. Embora enquanto estiver nesse corpo, o
crente fiel sofra com muitas dúvidas, fraquezas e
imperfeições, sendo também assediado constantemente pelo
pecado, contudo ele mantém firme confiança em Cristo,
temor filial para com Deus, piedosa tristeza pelos pecados e
grande desejo de santificação. Essas são fortes evidências de
que é um salvo em Cristo. O santo joga contra o pecado, o
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ímpio joga contra Deus. O lado que cada um está identifica a
quem cada qual pertence e serve.
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Artigo 13 – O valor dessa certeza
A consciência e a certeza da eleição proporcionam aos
filhos de Deus maior motivo para se humilharem diariamente
diante dele, para adorarem a profundidade das suas
misericórdias, para se purificarem, e para amarem
fervorosamente àquele que os amou primeiro de modo tão
grandioso. Portanto, absolutamente, não é verdade que a
doutrina da eleição e o meditar nela os façam relaxar na
observação dos mandamentos de Deus ou produzam falsa
segurança. No justo juízo de Deus, isso normalmente ocorre
com aqueles que supõem atrevidamente ter a graça da eleição,
ou que falam dela de modo leviano e arrogante, mas se
recusam a andar nos caminhos dos eleitos.
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Comentário: Um eleito autêntico [e é preciso dizer
assim, porque há supostos eleitos] jamais se vangloria de
haver sido escolhido, pois sabe que não foi por seu mérito
pessoal, mas pelos méritos de Cristo Jesus. Não haveria nada
tão patético quanto um mendigo se orgulhar de um presente
que acabara de receber. Ele pode se alegrar, mas jamais se
orgulhar supondo que o merecia. Isso seria completo ridículo
e absurdo. Contudo, despropósito muito maior seria um
escolhido de Deus vangloriar-se dessa escolha e aplaudir
Deus. Nenhum eleito cometeria tal absurdo. Charles
Spurgeon disse com boa dose de humor, mas com muita
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sobriedade, algo parecido com isto: “Sei que Deus me
escolheu antes de eu nascer, porque depois ele não o teria
feito”. Voltando ao mendigo, ele jamais acharia que alguém
lhe daria um presente porque viu nele algum mérito pessoal, a
menos que tal mendigo fosse grandemente desequilibrado. E
é o que acontece com alguns supostos crentes. Vangloriam-se
da sua salvação, de sua eleição, de sua espiritualidade, como se
neles houvesse grandes méritos muito bem reconhecidos por
Deus. Diversamente, o eleito de Deus, sente-se humilhado
por receber tal bênção imerecidamente. E quanto mais
percebe o contraste entre a grandiosidade da dádiva e seu
demérito, tanto mais humilhado fica. Por isso mesmo tal
bênção jamais o torna relapso, ao contrário, fá-lo deleitar-se
mais na comunhão do Senhor e desejar ardentemente ser
parecido com ele. Sabe que continua habitando num corpo
que se ajusta bem a este mundo caído e ao sistema de satanás,
então precisa vigiar e orar em todo o tempo, mantendo-se sob
a disciplina da Palavra e do Espírito Santo. Como está escrito:
“E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como
também ele é puro” - 1ª João 3.3.
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Artigo 14 – Como se deve ensinar a eleição
Segundo o mui sábio conselho de Deus, a doutrina da
eleição divina foi pregada pelos profetas, pelo próprio Cristo e
pelos apóstolos, tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento, e então foi registrada nas Sagradas Escrituras.
Por isso, também hoje essa doutrina deve ser ensinada na
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Igreja de Deus, para a qual ela foi particularmente destinada,
em tempo e lugar apropriados, com espírito criterioso, de
modo reverente e santo, sem curiosa investigação dos
caminhos do Altíssimo, para a glória do santíssimo nome de
Deus, e para o vivo consolo do seu povo.
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Comentário: Tudo o que está na Bíblia deve ser
pregado e ensinado à Igreja do Senhor. Assim fizeram os
ministros de Deus desde os primórdios da Igreja. Tudo
quando os profetas e apóstolos falaram e escreveram, o
fizeram sob inspiração do Espírito Santo e, portanto, é
proveitoso para a edificação dos crentes - “Toda a Escritura é
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para
corrigir, para instruir em justiça…”; “Porque a profecia nunca foi
produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de
Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” - 2ª Timóteo 3.16; 2ª
Pedro 1.21, por isso mesmo deve ser ministrado à Congregação
de Deus. Esse era o método do apóstolo Paulo, que também
foi inspirado pelo Espírito Santo: ensinar toda a Palavra de
Deus, todo o Conselho de Deus - “Porque nunca deixei de vos
anunciar todo o conselho de Deus” - Atos 20.27. A doutrina da
eleição é grandemente confortante e consoladora para os
santos. Aquele que é de Deus, ouve, crê, prostra-se e adora. Se
Deus falou ele crê, confia e descansa. Todavia ela deve ser
ensinada com critérios e sabedoria. Convém que quando esse
assunto for ensinado, faça-se um estudo completo,
sistemático, com pessoas que já tenham lido a Bíblia toda, ao
menos uma vez, para que o estudo seja mais proveitoso e
mais facilmente compreendido. Isto não quer dizer,
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absolutamente, que não se deva pregar para qualquer público,
sermões expositivos ou até temáticos sobre esse assunto, se
Deus assim conduzir. Lembrando sempre que diante de todos
os mistérios de Deus devemos nos aproximar com reverência
e humildade, nunca com espírito de curiosidade. Deus é bom
e revelou-se a ao seu povo, bem como revelou tudo quanto
precisamos saber para servi-lo. Como nosso Pai, ele nos
revela tudo o que importa sabermos, o necessário, o
suficiente. Os limites são óbvios – Ele é Deus Criador e nós
criaturas caídas que ele bondosamente redimiu, reconciliou, e
adotou como seus filhos. Que mais precisamos saber?
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Artigo 15 – A descrição da reprovação
As Sagradas Escrituras nos mostram e recomendam essa
graça eterna e imerecida da nossa eleição, especialmente
quando declaram que nem todos os homens são eleitos, mas
que alguns não são eleitos ou foram preteridos na eleição
eterna de Deus. Deus, pelo seu beneplácito mui soberano,
justo, irrepreensível e imutável, decretou deixá-los na miséria
comum em que eles se lançaram por sua própria culpa, e não
lhes concedeu a fé salvadora nem a graça da conversão.
Para mostrar a sua justiça, Deus os deixou sem seus
próprios caminhos e debaixo do seu justo juízo, decretando,
por fim, os condenar e punir eternamente, não apenas pela
incredulidade deles, mas também por causa de todos os seus
outros pecados. Esse é o decreto da reprovação, o qual não
faz de Deus o autor do pecado (só em pensar isso é
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blasfêmia!), mas, antes, o revela como o terrível, irrepreensível
e justo Juiz e Vingador do pecado.
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Comentário: Toda escolha implica uma rejeição. Se
Deus escolheu uns para serem redimidos através de Jesus
Cristo, obviamente também rejeitou outros, abandonando-os
em suas misérias espirituais. Se Deus salvasse a todos os
homens a Bíblia não falaria sobre escolha e eleição, pois seria
desnecessário. Contudo, de Gênesis ao Apocalipse
encontramos o assunto e lemos sobre muitas situações essa
escolha de Deus na prática. Então é muito óbvio e patente
que Deus faz escolhas. E antes de subir qualquer pensamento
em nossas mentes é preciso lembrar que ele é o Criador e que
não há ninguém acima dele. Logo ninguém há que possa
avaliar suas obras e ações senão ele próprio, e ele o fez; e
assim está escrito: “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era
muito bom” - Gênesis 1.31. Quem mais pode avaliá-lo? Sabemos
que tudo quanto ele faz é bom, é justo, é certo. Tudo quanto
Deus faz tem propósitos sublimes, dignos, nobres, porque são
segundo o seu caráter. Se lhe apraz deixar os homens andarem
em seus próprios caminhos para depois puni-los revelando
sua imutável justiça, ele o faz - “O qual nos tempos passados deixou
andar todas as nações em seus próprios caminhos” - Atos 14.16;
“Portanto eu os entreguei aos desejos dos seus corações, e andaram nos
seus próprios conselhos” - Salmo 81.12. E a respeito dos que se
perdem, não é apenas por causa da sua incredulidade, mas por
causa de todos os seus pecados que não foram expiados. A
incredulidade é um pecado como outros e pode ser expiado.
Aliás, todos nós éramos incrédulos até o Espírito Santo nos
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despertar e nos dar a fé. Por isso que o Senhor Jesus disse aos
judeus incrédulos que eles não podiam crer porque não eram
ovelhas - “Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas,
como já vo-lo tenho dito” - João 10.26. Não disse que não eram
ovelhas porque não criam, mas que não criam porque não
eram ovelhas. As ovelhas creem porque recebem fé para crer;
porque foram escolhidas desde o princípio pelo Supremo
Conselho de Deus - “Que nos salvou, e chamou com uma santa
vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio
propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos
séculos” - 2ª Timóteo 1.9. Com os que condena Deus faz justiça;
com os que salva ele usa de misericórdia; logo, não faz
injustiça com ninguém.
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Artigo 16 – Como reagir à doutrina da reprovação
Alguns ainda não discernem claramente em si mesmos
uma fé viva em Cristo, nem uma firme confiança no coração,
nem boa consciência, nem um zelo pela obediência filial e
pela glorificação de Deus por meio de Cristo. Apesar disso,
eles usam os meios pelos quais Deus prometeu operar tais
coisas em nós. Eles não devem se assustar quando a doutrina
da reprovação é mencionada nem devem se incluir entre os
reprovados. Pelo contrário, devem continuar a usar esses
meios com diligência, almejar com fervor um tempo de graça
mais abundante, e esperá-lo com reverência e humildade.
Há também outros que desejam se converter a Deus
com sinceridade, agradar somente a ele e ser libertos do corpo
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de morte; contudo, não conseguem chegar até onde gostariam
no caminho da piedade e da fé. Essas pessoas não deveriam
ter tanto medo da doutrina da reprovação, pois Deus, que é
misericordioso, prometeu que não esmagará a cana quebrada
e nem apagará o pavio que fumega.
Há ainda outros que desprezam a Deus e ao Senhor
Jesus Cristo, e que se entregam completamente aos cuidados
do mundo e às concupiscências da carne. Para esses, a
doutrina da reprovação é mesmo apavorante, pois não se
voltam para Deus com seriedade.
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Comentário: Diante dessa doutrina todos devemos nos
humilhar, nos prostrar e adorar “Ao que está assentado no trono e
ao Cordeiro” - Apocalipse 5.13, reconhecendo quão indignos e
miseráveis todos somos, e quão merecedores da punição
eterna nos tornamos. O homem é uma criatura caída sentada
no banco dos réus diante do Grande Juiz, que “a um abate e a
outro exalta” - Salmo 75.7, e fá-lo segundo o Conselho Eterno da
sua vontade. Há momentos que todos nós, salvos em Cristo,
temos mais consciência da nossa fraqueza, impotência e de
quão atrasados estamos no caminho da santificação. De fato
todos os verdadeiros crentes gostariam de ser mais piedosos,
pois sempre achamos que estamos em débito. E se houver
alguns, que de tão fracos e débeis, chegarem quase a
desanimar por não verem em suas vidas os frutos que
gostariam de ver, a fé viva e a intrepidez que veem nos outros
santos, nem por isso devem sentir-se reprovados quando
ouvirem esta doutrina. É preciso, contudo, diferenciar
fraqueza de negligência, imperfeição de rebeldia, ignorância de
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indolência ou preguiça. O fato de alguém sentir-se fraco,
débil, impotente, grande pecador e imerecedor da salvação,
revela que Deus está agindo em sua vida. Pode ser mais
preocupante quando a pessoa se acha muito confortável e
segura de si e da sua eleição, em suas orações, em seu serviço
a Deus, em suas obras. É bom lembrar sempre, que tudo que
você recebe é por graça e pelos méritos de Jesus Cristo. Se a
pessoa luta com dificuldades, fraquezas, limitações para
compreender certos pontos da doutrina, insatisfeita com sua
piedade, mas é sincera e tem propósito sincero de mudar e
esforça-se para isso, não deve temer. A ameaça fica para
aqueles que têm uma falsa paz, uma falsa segurança, não têm
santificação e isto não os preocupa, pecam e ficam insensíveis.
Esses, sim, devem tremer diante desta doutrina.
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Artigo 17 – Os filhos de crentes que morrem na
infância
Devemos julgar a respeito da vontade de Deus com base
na sua Palavra, que declara que os filhos dos crentes são
santos, não por natureza, mas em virtude da aliança da graça,
na qual estão incluídos com os seus pais. Portanto, pais
tementes a Deus não devem duvidar da eleição e da salvação
de qualquer de seus filho, que Deus chama desta vida ainda na
infância.
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Comentário: A Congregação do Senhor é formada por
homens, mulheres e crianças. Isto é, todos os membros da
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família. As crianças fazem parte da assembleia dos santos - “E
enquanto Esdras orava, e fazia confissão, chorando e prostrando-se
diante da casa de Deus, ajuntou-se a ele, de Israel, uma grande
congregação, de homens, mulheres e crianças; pois o povo chorava com
grande choro” - Esdras 10.1. O Senhor disse que os filhos dos
crentes são seus e os vindicou através do profeta - “Além disto,
tomaste a teus filhos e tuas filhas, que me tinhas gerado, e os sacrificaste
a elas, para serem consumidos; acaso é pequena a tua prostituição? E
mataste a meus filhos, e os entregaste a elas para os fazerem passar pelo
fogo” - Ezequiel 16.20-21. Os filhos dos crentes participam das
promessas da Aliança juntamente com seus pais e o batismo é
o selo que lhes garante e assegura essas promessas. Por isso
mesmo, devem receber o batismo logo quando nascem, sendo
assim separados para Deus. Enquanto crescem, os pais devem
lhes falar da sua natureza pecaminosa e da provisão graciosa
de Deus; ensinar-lhes os privilégios, obrigações e
responsabilidades decorrentes do status que possuem, até eles
terem idade de responder por si mesmos a Deus. Contudo, se
por uma infelicidade, houver uma interrupção nesse
relacionamento e Deus chamar algum deles, devemos confiar
que esse foi o melhor momento para aquele que foi chamado
e que ele foi para o Senhor. Se qualquer dessas crianças for
levada por Deus, devemos crer que foi salva. Sabemos que
para ser salvo, o pecador precisa ser regenerado; os filhos da
Aliança também. O sinal externo, o batismo, não é garantia da
salvação, mas ele assegura as promessas da Aliança, por isso
devemos descansar no Senhor e confiar firmemente nessas
promessas. Quando Deus chama um filho da Aliança na
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infância devemos confiar que Deus completou a sua redenção
naquele infante membro da sua Congregação e que aquele foi
o melhor tempo para ser recolhido à eternidade.
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Artigo 18 – Não protesto, mas sim adoração
Aos que se queixam da graça da eleição imerecida e da
severidade da reprovação justa, replicamos com as palavras do
apóstolo: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus” (Rom.
9.20), e com estas palavras do nosso Salvador: “Porventura, não
me é lícito fazer o que quero do que é meu?” (Mat. 20.15).
Nós, porém, adorando com reverência esses mistérios,
exclamamos com o apóstolo: “Ó profundidade da riqueza, tanto da
sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus
caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu
conselheiro? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas.
A ele, pois, a glória eternamente. Amém” (Rom. 11.33-36).
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Comentário: Somos criaturas e nenhuma criatura pode
sequer imaginar compreender tudo do Criador, porque ele é
ilimitado e infinito, e ao contrário, todas as suas criaturas são
naturalmente limitadas e finitas. Sendo homens e habitando
neste mundo onde o pecado entrou através de Adão, temos a
agravante da queda; assim, somos criaturas e caídas, pecadores
corruptos e depravados. Tudo em nós foi contaminado pelo
pecado: nosso corpo, nossa mente, vontade, emoções. Com
todo esse know-how jamais poderíamos compreender
qualquer mistério de Deus, a não ser que ele mesmo remova
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as trevas da nossa mente. Então, diante daquilo que não
podemos alcançar, é sábio, nos prostrar humildemente e
adorar ao Senhor. O mistério de Deus que não entendemos,
adoramos. A doutrina da eleição envolve a providência de
Deus, que é a maneira como ele sustém, governa e dirige toda
a sua criação para o fim decretado por ele mesmo desde a
eternidade. A premissa para cremos numa doutrina não é
apenas se a compreendemos perfeitamente, mas se Deus a
disse. Por um lado temos diante de nós o padrão da justiça de
Deus estabelecido em sua santa lei, por outro lado, vemos
nossa total incapacidade para obedecê-la, mas quando
olhamos para o alto encontramos a solução que ele mesmo
proveu para nós - a vida e a justiça de seu Filho. O crente que
recebeu a revelação e compreendeu isto, deve render-lhe
louvor e ações de graças. E ao que ouvir essa bendita doutrina
e quiser argumentar ouça: “Portanto, os meus estatutos e os meus
juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles. Eu
sou o Senhor” - Levítico 18.5; “E eis que se levantou um certo doutor da
lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele,
disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao
teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e
viverás” - Lucas 10.25-28. Se alguém supuser que pode fazer isso,
que tente, mas verá não pode. Quem for sábio ponha a sua
boca no pó e diga: “E não entres em juízo com o teu servo, porque à
tua vista não se achará justo nenhum vivente” - Salmo 143.2; “Ó Deus,
tem misericórdia de mim, pecador!” - Lucas 18.13.
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A morte de Cristo e a redenção do homem através
dela
Capítulo 2
Artigo 1 – O castigo que a justiça de Deus exige
Deus não é apenas supremamente misericordioso, mas
também é supremamente justo. E, conforme ele mesmo
revelou em sua Palavra, a sua justiça exige que os nossos
pecados, cometidos contra a sua infinita majestade, sejam
castigados não apenas nesta era, mas também na era porvir,
tato no corpo quanto na alma. Não podemos escapar desse
castigo, a menos que a justiça de Deus seja satisfeita.
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Comentário: Parece que a justiça e a misericórdia são
irreconciliáveis. Como pode Deus ser justo e justificador a um
só tempo? Como um justo juiz pode justificar um réu que
deveria ser condenado? O próprio Deus diz: “porque não
justificarei o ímpio”; ele também garantiu “… que ao culpado não tem
por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os
filhos dos filhos até à terceira e quarta geração” - Êxodo 23.7; 34.7.
Contudo, o apóstolo Paulo nos ensinou que Deus justifica o
ímpio, quando disse: “Para demonstração da sua justiça neste tempo
presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em
Jesus” - Romanos 3.26; e, “Mas, àquele que não pratica, mas crê
naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça” -
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Romanos 4.5. Pela ótica e observação humana parece uma
contradição, mas há uma explicação. A única maneira de Deus
ser justo e também justificador seria cobrando de Outro a
nossa dívida. Para que ele pudesse nos justificar, Alguém
deveria sofrer a nossa penalidade. Esse Outro foi Jesus Cristo
- “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as
nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de
Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões,
e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados Isaías” - 53.4-5.
Ele recebeu sobre si a punição que a nós estava imposta pela
justiça de Deus. Por isso se diz que aquele que foi justificado
por Deus jamais será condenado, porque isso seria cobrar
duas vezes a mesma dívida - “Havendo riscado a cédula que era
contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era
contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” – Colossenses
2.14. Contudo, aquele que não foi justificado, esse sim,
indubitavelmente será cobrado pela justiça divina, e sua dívida
é impagável.
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Artigo 2 – A satisfação cumprida por Cristo
Nós, porém, não podemos cumprir essa satisfação e nos
livrar por nós mesmos da ira de Deus. Por isso Deus, em sua
infinita misericórdia, nos deu o seu Filho Unigênito como
nosso Fiador. Por nós ou em nosso lugar, ele foi feito pecado
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e maldição na cruz para que pudesse, em nosso favor,
satisfazer a Deus.
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Comentário: Não foi o caso que Deus fez vistas grossas
para com os nossos pecados. De maneira nenhuma; Ele não
podia simplesmente nos perdoar. Alguns supõem que para
Deus, perdoar é muito fácil, e que simplesmente, querendo
ele, deixa de lado os nossos pecados. Não, não é assim.
Alguém já disse que para Deus foi muito fácil criar o mundo,
pois sendo Onipotente, foi apenas falando e tudo veio à
existência. O homem ele o fez com o pó da terra e lhe soprou
o espírito de vida. Tudo isso para Deus foi fácil. Mas, a
redenção – que é a segunda criação – essa foi a coisa mais
custosa para Deus, porque a redenção envolvia derramamento
de sangue e o único sangue que tinha a qualidade exigida pela
justiça eterna era o do Filho eterno, que se tornou o Cordeiro
de Deus. A maldição da queda que pesava sobre nós recaiu
sobre Cristo na cruz - “Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele
que for pendurado no madeiro” - Gálatas 3.13. O preço não poderia
ser mais elevado e difícil, mas Deus manifestou e revelou
nisso seu amor eterno pelos eleitos - “Mas Deus prova o seu amor
para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”
- Romanos 5.8. O preço da nossa redenção foi pago
inteiramente pelo nosso Fiador - “De tanto melhor aliança Jesus
foi feito fiador” - Hebreus 7.22.
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Artigo 3 – O valor infinito da morte de Cristo
A morte do Filho de Deus é o único e o mais perfeito
sacrifício e satisfação pelos pecados, de valor e mérito
infinitos, e abundantemente suficiente para expiar os pecados
do mundo inteiro.
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Comentário: Para reverter os efeitos do pecado e da
queda da humanidade, a mesma justiça de Deus exigia um
sacrifício de valor infinito e eterno. Para que o homem fosse
liberto da culpa, da escravidão, e também um dia da presença
do pecado, seria necessário um sacrifício, digamos
extraterreno, cujo efeito se sobrepusesse ao tempo e cuja
eficácia adentrasse o santuário celestial. Naturalmente que um
sacrifício assim só poderia ser feito pelo próprio Deus. Assim,
se o nosso Fiador tinha que ser um homem para ser o
representante da nossa raça, tinha também que ser Deus para
oferecer um sacrifício infinito e eterno. Então Deus entrou na
humanidade através de seu Filho. O Criador vestiu-se de
criatura, para redimir dentre as suas criaturas, aqueles que
dantes havia escolhido para com ele habitar. Essa é a
maravilhosa história da redenção. Jesus morreu por nós; seu
sacrifício é suficiente para o mundo inteiro, todavia eficiente
só para os eleitos, pois esses são os que creem. Há suficiência
para salvar todos quantos vierem a Cristo, trazidos pelo Pai -
“E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos,
mas também pelos de todo o mundo” - 1ª João 2.2. A morte de
Cristo incluiu todos os eleitos de Deus de todos os lugares e
de todos os tempos. Os crentes do Antigo Testamento foram
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salvos pela eficiência do sangue de Cristo tanto quanto os
crentes do Novo Testamento. Isso porque esse sangue foi
conhecido desde a fundação do mundo - “Sabendo que não foi
com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da
vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais,
Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e
incontaminado, O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido,
ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos
tempos por amor de vós” - 1ª Pedro 1.18-20. Nossa redenção foi
feita pelo sangue do Cordeiro de Deus que veio para tirar o
pecado do mundo. Amém.
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Artigo 4 – Por que a morte de Cristo tem valor
infinito?
A morte do Filho de Deus tem tão grande valor e mérito
porque aquele que se submeteu a ela não é apenas o homem
perfeito e verdadeiro, mas é também o Filho Unigênito de
Deus, da mesma essência eterna e infinita com o Pai e o
Espírito Santo, pois tais qualificações era necessárias para o
nosso Salvador. Além disso, essa morte tem tão grande valor e
mérito porque foi acompanhada da consciência da ira e da
maldição de Deus que, por causa dos nossos pecados, somos
merecedores.
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Comentário: Todos os sacrifícios feitos pelos sacerdotes
na Antiga Aliança eram apenas figuras e tipos que apontavam
para Cristo, e portanto, precisavam ser repetidos e repetidos
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todos os dias - “E assim todo o sacerdote aparece cada dia,
ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca
podem tirar os pecados” - Hebreus 10.11. Mas o sacrifício que o
Senhor Jesus, sendo o sacerdote eterno e também o Cordeiro
de Deus, fez oferecendo-se a si mesmo, foi único e de uma
vez para sempre - “Mas este, havendo oferecido para sempre um
único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus” -
Hebreus 10.12. Na cruz do Calvário, o Senhor Jesus sorveu até a
última gota do cálice da ira de Deus, que estava reservado a
nós. Ele não foi poupado pelo Pai; não ficou mais em conta
por ser ele o Filho Amado; não houve desconto por pagar
uma dívida de terceiros. De fato o Senhor Jesus sofreu
totalmente a penalidade do nosso pecado, pois não havia
outro meio de sermos salvos da condenação. Então o Senhor
sofreu os terrores da morte e do inferno na cruz, onde
experimentou o que significa ser abandonado por Deus e
estar totalmente desamparado e desassistido da Graça do Pai.
Aquilo que é o inferno, ele o experimentou na cruz - ou seja,
uma total e completa ausência da graça de Deus e uma
sensível e aterrorizadora presença da ira de Deus - “Os cordéis
da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim;
encontrei aperto e tristeza” - Salmo 116.3. O Pai não pode
contemplar seu Filho Unigênito sendo submetido aquele
terrível sacrifício, sendo chagado e moído pelos nossos
pecados, por isso Jesus clamou: “… Eloí, Eloí, lamá sabactani?
que, traduzido é: Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?” -
Marcos 15.34. Tudo isso tornou o sacrifício de Jesus, único,
insubstituível, suficiente e poderosamente eficiente para
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reverter todos os efeitos catastróficos da queda. Um dia
veremos a plenitude da remissão - “Descobrindo-nos o mistério da
sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo,
de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da
plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na
terra” - Efésios 1.9-10.
--------------------------------------------------------------------------
Artigo 5 – A proclamação universal do evangelho
A promessa do evangelho é que todo aquele que crer em
Cristo crucificado não perecerá, mas tem a vida eterna. Essa
promessa deve ser anunciada e proclamada universalmente e
sem nenhuma discriminação a todos os povos e homens, aos
quais Deus, em seu beneplácito, envia o evangelho juntamente
com o mandamento de que se arrependam e creiam.
--------------------------------------------------------------------------
Comentário: Alguns objetam que, se os eleitos serão
salvos indiscutivelmente, então independente da igreja pregar
ou não o evangelho, isso ocorrerá. Já, os que não são eleitos,
não serão salvos, também independentemente da pregação do
evangelho. Bem, que aqueles que Deus escolheu na eternidade
ele mesmo os atrairá para si e apenas esses serão trazidos a
ele, é um fato inegável e inequívoco. Contudo, o Senhor nos
ordenou pregar o evangelho a toda criatura, porque,
absolutamente, não cabe a nós julgar quem é ou quais são os
que devem ouvir e quais não. Primeiro que “... aprouve a Deus
salvar os crentes pela loucura da pregação” - 1ª Coríntios 1.21. Segundo
que mesmo onde Deus não irá salvar, a pregação do
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evangelho acrescenta condenação aos que ouvem e rejeitam.
Por isso ele nos ordena pregar o evangelho a todos,
indistintamente. Que todos ouçam, seja para a salvação ou
para a condenação, Deus será sempre glorificado, tanto nos
que se salvam quanto nos que se perdem - “Porque para Deus
somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem.
Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles
cheiro de vida para vida” - 2ª Coríntios 2.15-16. “Ide por todo o mundo”
disse o Senhor, e “pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for
batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” - Marcos
16.15-16. À igreja cabe pregar e chamar os pecadores ao
arrependimento - “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado
em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do
Espírito Santo” - Atos 2.38; devemos obedecer a ordem do
Senhor de pregar a toda a criatura e crer que o Espírito Santo
chamará os eleitos de Deus. Os eleitos creem porque junto
com a pregação Deus lhes dá a fé e o arrependimento.
--------------------------------------------------------------------------
Artigo 6 – Por que alguns não creem?
No entanto, muitos dos que foram chamados pelo
evangelho não se arrependem nem creem em Cristo, mas
perecem na incredulidade. Isso não acontece por haver algum
defeito ou insuficiência no sacrifício de Cristo oferecido na
cruz, mas pela própria culpa deles.
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Comentário: A proclamação da glória de Deus está por
toda a parte do mundo, tornando os homens indesculpáveis.
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Eles nascem com o senso do certo e do errado, do bem e do
mal, gravado em suas almas. Toda a criação de Deus ao seu
redor revela o poder, a majestade e a glória divinas, chamando
o homem à contemplação e adoração do Criador. Isso por si
só torna os pecadores inexcusáveis perante o tribunal de
Deus. Quando rejeitam abertamente o chamado de Deus
através de Cristo em sua Igreja, nada mais lhes resta senão a
condenação eterna. Os que têm a oportunidade de ouvir o
chamado do evangelho e não creem serão mais
merecidamente deixados em seus pecados. Isto já foi
anunciado pelo Senhor - “Porque muitos são chamados, mas poucos
escolhidos” - Mateus 22.14. Outros há que nem mesmo tiveram
essa oportunidade, mas foram impedidos de ouvir - “E,
passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo
Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia” - Atos 16.6, viveram
na escuridão sem nada conhecer do evangelho da glória de
Deus - “O qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em
seus próprios caminhos” - Atos 14.16. Em todos esses,
misteriosamente, a justiça de Deus será glorificada. De
qualquer forma é muito justo que os pecadores sejam
abandonados em seus próprios pecados e condenados ao
inferno, e é demonstração de misericórdia e generosidade que
Deus salve aqueles a quem quer. Se Deus abandonasse Adão e
toda sua família em seus pecados, faria isto com toda justiça.
Contudo, ele decretou salvar apenas uma parte dela,
reconduzindo-os à sua presença, e deixar que os demais
permaneçam na queda eternamente. Aqueles que decretou
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salvar Deus mesmo dá a fé e o arrependimento, e apenas
esses creem e se arrependem.
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Artigo 7 – Por que outros creem?
Mas aqueles que verdadeiramente creem e pela morte de
Cristo são libertos e salvos dos seus pecados e da perdição,
recebem esse benefício apenas por causa da graça de Deus
que lhes é dada em Cristo, desde a eternidade. Deus não deve
tal graça a ninguém.
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Comentário: Deus nunca deixou os homens
completamente sem seu testemunho. Como já havíamos visto,
por toda a criação há uma proclamação silenciosa das obras
de Deus, revelando seu poder, sua majestade e sua glória,
conclamando o homem à contemplação do Criador - “Os céus
declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas
mãos. Um dia faz declaração à outro dia, e uma noite mostra sabedoria
à outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz.
A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim
do mundo” - Salmo 19.1-4. Contudo, ainda assim os homens não
vão a ele. A fé não é de todos, não é inata ao ser humano;
nem mesmo todos aqueles que ouvem o evangelho o
abraçam, isto porque crer em Deus é um dom que nem todos
recebem, mas apenas aqueles destinados a crer. Por isso
lemos: “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a
palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a
vida eterna… Querendo ele passar à Acaia, o animaram os irmãos, e
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escreveram aos discípulos que o recebessem; o qual, tendo chegado,
aproveitou muito aos que pela graça criam” - Atos 13.48; 18.27. Énos dito algo maravilhoso e misterioso sobre aqueles que
creram: “estavam ordenados para a vida eterna”. O dom da fé vem
pelo ouvir a Palavra de Deus - “Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” - Efésios 2.8. Mas
só recebem esse dom aqueles a quem Deus escolheu. Esses
ouvem, creem, atendem, vão a ele e o seguem em obediência.
Em sua infinita sabedoria Deus fez com que o crer fosse
assim: Ele concede o dom e o homem crê. Assim, todos os
homens, de alguma forma, são chamados a crer e são
responsabilizados se permanecerem em sua incredulidade e
desobediência. Cada pessoa que está no céu tem a plena
consciência que jamais mereceu estar ali, mas lá está pelos
preciosos dons que Deus lhe deu. Já cada pessoa que está no
inferno tem a mais perfeita consciência de que lá está, única e
exclusivamente, pelos seus próprios pecados, por sua própria
culpa e merecimento por não fazer caso do chamado de Deus.
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Artigo 8 – A eficácia da morte de Cristo
Este, pois, foi o soberano conselho de Deus, o Pai: que a
eficácia salvadora e vivificante da preciosíssima morte do seu
Filho se estendesse a todos os eleitos. Foi da sua graciosíssima
vontade e intento conceder a fé justificadora apenas a eles e
assim trazer-lhes infalivelmente à salvação. Isto é: Deus quis
que Cristo, pelo sangue derramado na cruz (pelo qual ele
confirmou a nova aliança), redimisse, eficazmente, de todo
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povo, tribo, nação, e língua, todos aqueles – e somente aqueles
– que, desde a eternidade, foram eleitos para a salvação e
foram dados ao Filho pelo Pai. Deus também quis que Cristo
lhes desse a fé, que, juntamente com outros dons salvadores
do Espírito Santo, adquiriu para eles pela sua morte, para que
pelo seu sangue pudesse purificá-los de todos os seus pecados
– tanto do pecado original quanto dos pecados reais
cometidos antes e depois da fé – e para os guardar fielmente
até o fim e, finalmente, os apresentar a si mesmo em glória,
sem nenhuma mácula ou ruga.
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Comentário: Nos seus eleitos, Deus age com um poder
soberano, porém gracioso, conhecido como a graça
irresistível, a qual é infalível, pois age num recôndito mais
secreto do nosso ser que só o próprio Deus conhece e
ninguém mais, nem nós mesmos. Ali, ele planta o
arrependimento e a fé, e muda a inclinação do nosso ser e nos
leva a amar, crer, confiar e desejar a Cristo como nosso
Senhor e Salvador. O Espírito Santo só revela Cristo àqueles
que ele também regenerou. Resumindo, o eleito é salvo
porque Deus quis salvá-lo, e Deus faz isto para a sua própria
glória. De modo que a eficácia da redenção de Cristo é total e
absoluta na vida de cada eleito de Deus. Por isso cremos que a
expiação de Cristo é exclusiva aos eleitos de Deus. Quando
um rei expulsa um súdito de sua presença, tal pessoa morrerá
no exílio, a menos que o rei use de misericórdia e o perdoe e
chame de volta à sua presença. O pecador é um exilado da
presença do Rei; alguns são reconciliados e trazidos de volta
outros não. Só assim podemos entender a oração de Cristo:
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“Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste,
porque são teus” - João 17.9. Mas todos os eleitos de Deus, de
todos os lugares, de todos os tempos são, inequívoca e
infalivelmente redimidos pela morte de Jesus Cristo. Deus
escolheu antes da fundação do mundo, um povo, não apenas
dentre os filhos naturais de Abraão, mas dentre todas as
nações da terra, para levar ao céu e um dia povoar a nova
terra e novos céus - “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno
és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o
teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e
povo, e nação”…. “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a
qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e
línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando
vestidos brancos e com palmas nas suas mãos” - Apocalipse 5.9; 7.9. À
esses a salvação não é proposta ou oferecida apenas mas
executada graciosamente por obra do Espírito Santo, desde o
chamamento até a glorificação, passando pela justificação e
santificação.
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Artigo 9 – O cumprimento do conselho de Deus
Esse conselho, que procede do amor eterno de Deus
pelos eleitos, tem sido poderosamente cumprido desde a
fundação do mundo até o momento presente, e ainda
continuará a ser cumprido, mesmo que as “portas do inferno”
tentem, inutilmente, frustrá-lo. No devido tempo, os eleitos
serão reunidos e sempre existirá uma igreja de crentes,
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fundada no sangue de Cristo. Essa igreja deve amá-lo
firmemente e servi-lo fielmente como seu Salvador (o qual
como Noivo derramou a sua vida na cruz pela sua Noiva) e
celebrar os seus louvores aqui e por toda a eternidade.
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Comentário: Os planos e decretos de Deus não podem
ser frustrados. Seu Conselho permanece firme e ele fará tudo
quanto desejou fazer. A Igreja é a edificação dos crentes, em
Cristo, feita por ele próprio - “Pois também eu te digo que tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela” - Mateus 16.18. Sendo assim,
nada poderá impedir que os fiéis continuem congregando,
para adorar ao Senhor que por eles morreu. Enquanto houver
uma única ovelha do Senhor para ser atraída para Cristo, o
Espírito Santo continuará sua obra na terra, pois nenhuma
delas poderá faltar até o último dia. Todos os filhos de Deus
devem ser reunidos conforme está escrito - “… sendo o sumo
sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E
não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os
filhos de Deus que andavam dispersos” - João 11.51-52. O próprio
Senhor Jesus assegurou que ainda tinha outras ovelhas fora do
redil judaico e que iria agrega-las - “Ainda tenho outras ovelhas
que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas
ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” - João 10.16.
Por isso a ordem para seus discípulos era sair por todo o
mundo a partir de Jerusalém até aos confins da terra,
chamando os pecadores a fé e ao arrependimento - “Mas
recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me50
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eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria,
e até aos confins da terra” - Atos 1.8. Deve haver muitos eleitos
que ainda não nasceram, pelo que os filhos da aliança devem
continuar se procriando, pois esses eleitos precisam vir a este
mundo. Deus os têm em todos os lugares e especialmente nos
lares dos seus filhos, as famílias da aliança.
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A corrupção do homem, a sua conversão a Deus, e
o modo como isso ocorre
Capítulos 3 e 4
Artigo 1 – O resultado da queda
No princípio, o homem foi criado à imagem de Deus.
Foi adornado em seu entendimento com o verdadeiro e total
conhecimento do seu Criador e de todas as coisas espirituais.
A sua vontade e o seu coração eram retos; todos os seus
sentimentos, puros; o homem era, portanto, completamente
santo.
Mas, ao rebelar-se contra Deus pela instigação do diabo
e pelo livre-arbítrio, ele se privou desses dons excelentes e, em
lugar deles, trouxe sobre si cegueira, densas trevas, futilidade e
perverso juízo em sua mente; malignidade, rebelião e
obstinação com sua vontade e coração; e impureza em todos
os seus sentimentos.
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Comentário: Antes da queda o homem era um ser
perfeito e santo, como Deus o fez. Tudo nele estava em
ordem: sua mente, vontade e emoções eram justos; seus
afetos e inclinações eram bons, e tudo operava no mais
perfeito equilíbrio. O próprio Deus, ao terminar a criação,
atestou e aprovou tudo quanto havia criado. Disse que tudo
quanto havia feito era muito bom - “E criou Deus o homem à sua
imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou... E viu
Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom...” - Gênesis 1.27,
31. Após a queda, porém, toda a criação foi afetada pelo mal e
aquela perfeição que havia no homem, foi danificada; todo o
seu ser foi contaminado pelas radiações corruptivas do
pecado. Design original foi afetado, tornando-o
desequilibrado emocionalmente, dominado pelas paixões e
apetites sensuais; tristemente o caos foi instalado com
sucesso. “E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara
sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração
era só má continuamente. Então arrependeu-se o SENHOR de haver
feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração” - Gênesis 6.5-6.
O pecado trouxe-lhe trevas que lhe obscureceram a mente,
deixando-o cegado em seu entendimento e escravo do
pecado: “e o seu coração insensato se obscureceu” - Romanos 1.21.
Essa é a condição em que o pecado deixou os descentes de
Adão: “Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus” -
Efésios 4.18. Foi uma grande tragédia; de fato, a maior de toda
a história da humanidade. O próprio nome já diz: Queda; o
homem caiu. Caiu de um estado de glória para a corrupção e
depravação. Isso por si só desmente a teoria da evolução, que
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afirma ser o homem um primata evoluído. Não, o homem
não é um antropoide evoluído, mas sim o que sobrou de uma
criatura que Deus fez com suas próprias mãos e nela
imprimiu sua imagem e insuflou-lhe o fôlego da vida. Sim,
somos o que restou daquilo que era a coroa da criação de
Deus; degenerados pelos desastrosos efeitos da desobediência
do nosso representante federal – Adão. É isso que é o homem
– um ser involuído, isto é caído de um estado glorioso para
um estado deplorável de miséria pecaminosa. O homem caiu
e continua caindo até chegar no fundo do colossal abismo que
está sob seus pés. Somente a mão amorosa do Senhor Jesus
pode deter essa queda.
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Artigo 2 – A propagação da corrupção
Depois da queda, o homem se tornou corrompido e,
como pai corrompido, gerou filhos corrompidos. Assim, de
acordo com o justo juízo de Deus, a corrupção propagou-se
de Adão a todos os seus descendentes – à exceção de Cristo
somente – não por imitação, como afirmavam os antigos
Pelagianos, mas pela propagação de uma natureza pervertida.
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Comentário: A desobediência de Adão foi um
monstruoso insulto a Deus, à sua santidade, à sua glória, ao
seu trono e autoridade. Foi uma quebra e rompimento de
aliança e alta traição, que deveria ser punida com a pena
máxima – morte temporal e eterna. Foi uma verdadeira
tragédia, porque o pecado entrou não apenas em Adão, mas,
segundo o justo juízo de Deus, alastrou-se por sua
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descendência a dentro. O pecado de Adão tornou-se o pecado
original de todos os homens. Cada descendente de Adão já
nasce em pecado, e como “o salário do pecado é a morte” -
Romanos 6.23, cada bebezinho que vem a este mundo, nasce
condenado à morte; literalmente nasce para morrer. A prova
que todos pecaram é que todos morrem. Essa é uma
estatística infalível e terrivelmente comprovada: para cada
filho de Adão que nasce, morre um. O apóstolo Paulo disse:
“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por
isso que todos pecaram” - Romanos 5.12. E por isso é que todos
morrem. A porta de entrada da morte neste mundo foi o
pecado de Adão. É o princípio da solidariedade. Somos
solidários ao nosso cabeça federal e tudo o que ele fez é como
se nós próprios o fizéssemos, de forma que seu pecado se
tornou de todos nós. Nossos filhos não conhecem o pecado
conforme vão crescendo neste mundo, mas já trazem dentro
de si o pecado original. Aliás essa é a única coisa que
trouxemos a este mundo: o pecado, e precisamos deixá-lo
aqui quando daqui sairmos. Essa é a maravilhosa proposta do
Evangelho: Livrar-nos da escravidão do pecado. “Respondeulhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete
pecado é servo do pecado... Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres” - João 8.34, 36.
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Artigo 3 – A total incapacidade do homem
Portanto, todos os homens são concebidos em pecado e
nascem como filhos da ira, incapazes de realizar qualquer bem
salvífico, inclinados para o mal, mortos em pecados e escravos
do pecado. Sem a graça da regeneração do Espírito Santo, não
desejam nem podem voltar-se para Deus, nem corrigir a sua
natureza depravada, nem se preparar para essa correção.
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Comentário: Desde que o homem decaiu da gloriosa
posição na qual havia sido colocado quando criado, passou
também a fugir continuamente de Deus. Cheio de culpa,
vergonha, medo, mas orgulhoso demais para admiti-lo; em
vez de correr para Deus, que é a luz e a vida, onde encontraria
o perdão, ele correu afoitamente na direção oposta. Assim
continuará até desaparecer completamente nas trevas eternas,
de onde nunca sairá nem jamais tornará a ver a luz,
eternamente. Na condição de criatura caída e contaminada
pelo pecado, o homem não tem desejo pela comunhão com
Deus. O pecado entrou em seu sistema e o viciou de tal
maneira que a única coisa que sabe fazer com grande
propriedade é pecar e afastar-se cada vez mais do Bendito
Criador. Ele é viciado e escravizado pelo pecado, de modo
que é este quem governa sua vida, intoxicando-o mais e mais
com seu veneno, e tirando dele qualquer desejo por Deus
mesmo. Foi o Senhor Jesus que fez tal observação – quase um
lamento: “E não quereis vir a mim para terdes vida” - João 5.40.
Assim, o pecador está nas trevas e não tem desejo de vir para
a luz que Deus é - “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo,
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e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras
eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem
para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas” - João 3.19-
20. O homem natural é carnal e jamais deixará de sê-lo senão
por um milagre do Espírito de Deus recriando-o e dando-lhe
o novo nascimento - “Porque Deus, que disse que das trevas
resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para
iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” -
2
a
Coríntios 4.6. O pecador só se tornará um novo homem,
num homem espiritual quando for regenerado pelo Espírito
Santo - “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele
que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de
Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é
espírito” - João 3.5-6. Por si mesmo o pecador não pode
corrigir-se a si próprio e nem mesmo contribuir ou prepararse para uma eventual correção. Nos que foram eleitos para a
salvação, essa regeneração é operada por Deus, e Deus a
opera sozinho, sem a participação do homem, uma vez que
este está morto no pecado.
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Artigo 4 – A insuficiência da luz da natureza
Com certeza, depois da queda restou no homem um
pouco da luz natural, pela qual ele ainda conserva algumas
noções sobre Deus, sobre as coisas naturais, e sobre a
diferença entre o que é honrável e o que é vergonhoso, e
mostra alguma consideração pela virtude e pela ordem
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exterior. Mas está tão longe de chegar ao conhecimento
salvador de Deus e da verdadeira conversão por meio dessa
luz da natureza, que nem mesmo a usa do modo apropriado
nas questões naturais e civis. Antes, não importa o que seja
essa luz, o homem a polui completamente de várias formas e
a suprime pela sua injustiça, tornando-se assim inescusável
diante de Deus.
--------------------------------------------------------------------------
Comentário: Esse documento afirma que o homem
natural tem luz suficiente para torná-lo indesculpável diante
do tribunal de Deus, mas não tem iluminação suficiente para
guiá-lo à salvação, a menos que Deus se revele a ele. O
apóstolo Paulo disse que todos são indesculpáveis diante de
Deus - “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta,
porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a
criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se
entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que
eles fiquem inescusáveis” - Romanos 1.19-20. A queda não apagou
de todo daqueles dons magníficos que ele possuía antes de
desobedecer a Deus e dar ouvidos à velha serpente. Por isso o
próprio apóstolo diz: “Porque, quando os gentios, que não têm lei,
fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si
mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações,
testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer
acusando-os, quer defendendo-os” - Romanos 2.14-15. Isto é, mesmo
aqueles que não conhecem e nem temem a Deus, têm alguma
noção de certo e errado, justo e injusto, honroso e
vergonhoso. Contudo essa luz que têm é insuficiente para
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atraí-los a Cristo para serem salvos. E como, sem Deus, eles
não podem fazer outra coisa senão pecar, é isso que fazem,
acabando por eclipsar totalmente essa luz com sua corrupção
pessoal. Os ímpios costumam culpar Deus acusando-o de
injustiça por não revelar-se a todos os homens. Sendo Deus
absolutamente justo e também misericordioso, para com os
incrédulos e desobedientes ele mostra verdadeira justiça, e
para com os crentes ele mostra misericórdia. Logo, não faz
injustiça a ninguém - “Aos justos nasce luz nas trevas; ele é piedoso,
misericordioso e justo” - Salmo 112.4.
--------------------------------------------------------------------------
Artigo 5 – A insuficiência da Lei
Aquilo que se afirma da luz da natureza também é válido
para os Dez Mandamentos, dados por Deus através de
Moisés, particularmente aos judeus. Embora a Lei revele a
grandeza do pecado e cada vez mais convença o homem da
sua culpa, ainda assim não lhe aponta a cura nem lhe dá poder
para se erguer e sair das suas misérias. Antes, enfraquecida
pela carne, a Lei deixa o transgressor debaixo de maldição.
Por essa causa, o homem não pode obter a graça salvadora
através da Lei.
--------------------------------------------------------------------------
Comentário: Sozinha a lei também é insuficiente para
trazer salvação ao pecador, porque ela projeta verdadeira luz
sobre o pecado, contudo não capacita o homem para vencêlo. Ela diagnostica a enfermidade humana mas não medica o
moribundo, deixando-o desesperançado e confinado à morte
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- “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da
lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja
condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada
diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do
pecado” - Romanos 3.19-20. A lei revela o altíssimo padrão da
justiça de Deus e exige obediência irrestrita, amaldiçoando
toda desobediência. Como o homem é totalmente incapaz por
si mesmo de cumpri-la, fica imobilizado debaixo da sua
sentença condenatória - “Maldito aquele que não confirmar as
palavras desta lei, não as cumprindo” - Deuteronômio 27.26. Assim,
se Deus nos desse apenas a sua Lei mas não revelasse sua
misericórdia e graça, ninguém seria salvo. O apóstolo Paulo
disse: “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da
maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer
em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” -
Gálatas 3.10. E Tiago completa: “Porque qualquer que guardar toda
a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos” - Tiago
2.10. Ninguém teria alguma chance de escapar da maldição da
Lei, se não fora a graça inefável de Deus revelada em Cristo
Jesus. Bendito seja Deus que não deixou a Lei sozinha, antes
ela está bem acompanhada da sua maravilhosa graça. Eis a
nossa bendita ventura - a Lei nos inclina para a Graça que está
em Cristo Jesus - “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos
conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados - Gálatas 3.24.
Então a lei não salva mas faz o pecador procurar o Mediador
da Aliança.
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Artigo 6 – A necessidade do Evangelho
Portanto, aquilo que nem a luz da natureza nem a Lei
podem fazer, Deus realiza pelo poder do Espírito Santo
através da palavra ou ministério da reconciliação, que é o
evangelho do Messias, pelo qual agradou a Deus salvar os que
creem, tanto na antiga quanto na nova dispensação.
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Comentário: Para que o homem seja atraído para Cristo
e assim ser reconciliado com Deus é preciso um milagre: o
novo nascimento. Uma nova criação precisa ser feita, um
novo homem trazido à existência. O Senhor Jesus explicou
dessa forma a Nicodemos, um príncipe dos judeus: “Na
verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não
pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem
nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua
mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino
de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do
Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é
nascer de novo” - João 3.3-7. Tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento o caminho de volta para Deus é o mesmo: a
regeneração, que consiste num novo espírito, um novo
coração, uma nova natureza - “E dar-vos-ei um coração novo, e
porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração
de pedra, e vos darei um coração de carne” - Ezequiel 36.26. Através
da pregação da Palavra, Deus chama o pecador à fé, ao
arrependimento de seus pecados e a sujeição ao senhorio de
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Cristo. Este foi seu método no antigo e também no novo
Testamento. Essa salvação sempre foi oferecida pela graça,
porque também ninguém, jamais, poderá ser salvo de outra
forma. De modo que nem com a luz da natureza e nem
apenas com a Lei o homem pode chegar ao conhecimento do
Salvador, mas através do chamado específico e eficaz que vem
junto com a pregação do evangelho. O apóstolo disse que
aquilo que o profeta Isaías pregou já era o evangelho: “Mas
nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem
creu na nossa pregação?” - Romanos 10.16. Isso confirma o
método de Deus para chamar os eleitos, a pregação: “Visto como
na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua
sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação” -
1ª Coríntios 1.21. Assim com o chamado exterior do evangelho
juntamente com o chamado interior do Espírito Santo, o
pecador é trazido a Cristo. O chamado exterior entra em seus
ouvidos e o chamado interior penetra a sua alma atraindo-o
para o Salvador e reconciliado com Deus.
--------------------------------------------------------------------------
Artigo 7 – Por que o Evangelho é enviado a uns e
não a outros?
Na antiga dispensação, Deus revelou esse mistério da sua
vontade a poucos. Na nova dispensação, no entanto, ele não
considerou os povos de modo diferente e o revelou a um
número muito maior de pessoas. Não se deve atribuir a causa
dessa distribuição do evangelho ao mérito de um povo sobre
o outro, nem ao melhor uso da luz da natureza, mas ao
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beneplácito soberano e ao amor imerecido de Deus. Portanto,
nós, a quem tão grande graça é concedida, muito além e
contrária a tudo o que merecemos, devemos reconhecê-la
com coração humilde e grato. Ms quanto àqueles a quem tal
graça não é dada, devemos com o apóstolo, adorar a
severidade e a justiça dos juízos de Deus, sem de modo algum
investigá-los inquisitiva e curiosamente.
--------------------------------------------------------------------------
Comentário: Que Deus escolheu salvar um povo entre
toda a humanidade está muito claro em toda a Bíblia. Isso
disse o Espírito Santo pela boca do apóstolo: “Simão relatou
como, primeiramente, Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo
para o seu nome” – Atos 15.14. Podemos ver isto deste Gênesis
até o Apocalipse, contudo, o motivo pelo qual ele o fez é
totalmente desconhecido a nós e pertence unicamente ao seu
sábio conselho e arbítrio - “As coisas encobertas pertencem ao
Senhor nosso Deus...” - Deuteronômio 29.29. Há lugares em que
nunca se ouviu a pregação do evangelho e lugares em que se
ouviu no passado e hoje não mais. Onde o evangelho é
pregado os céus estão abertos e a graça está sendo oferecida.
Mas é Deus quem envia seus mensageiros com a mensagem -
“Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como,
pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de
quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como
pregarão, se não forem enviados?” - Romanos 10.13-15. É
prerrogativa de Deus fazer chegar sua oferta de reconciliação
onde e a quem quer. No Antigo Testamento a revelação de
Deus esteve restrita aos patriarcas e depois aos filhos de
Abraão, os israelitas. Ao redor tudo era trevas. Isto não
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significa que gentios não foram chamados também,
certamente o foram e muitos deles. Ainda assim vemos ali
uma contenção da revelação de Deus aos homens. No Novo
Testamento, com a vinda do Messias, os muros que
represavam a revelação e a graça de Deus em uma nação,
foram rompidos - “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os
povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio” -
Efésios 2.14. A graça maravilhosa de Deus fluiu qual rio
caudaloso em direção a todas as nações da terra, cumprindo a
promessa anteriormente feita a Abraão - “E abençoarei os que te
abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão
benditas todas as famílias da terra… Visto que Abraão certamente virá
a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as
nações da terra?” - Gênesis 12.3; 18.18. Deus assim quis fazê-lo e
assim Ele fez - “Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe
agradou” - Salmo 115.3. O fato é que nenhum salvo merece sêlo, nenhum habitante do céu merece estar lá e todo
prisioneiro do inferno estará ali eternamente por sua própria
culpa, merecidamente. Além disso que nos foi revelado nas
Escrituras, não devemos investigar os mistérios de Deus,
porque aquilo que nos interessa ele no-lo revelou e nas coisas
reveladas temos motivos mais que de sobra para adorá-lo por
sua sábia justiça, bondade e misericórdia.
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Artigo 8 – O chamado sincero do Evangelho
Mas todos os que são chamados pelo evangelho,
sinceramente o são, pois Deus séria e sinceramente revela em
sua Palavra aquilo que lhe agrada, a saber, que todos os que
são chamados venham a ele. Deus também siceramente
promete o descanso para a alma e a vida eterna a todo o que a
ele vier e crer.
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Comentário: Deus não brinca com o homem, não
brinca com as almas. Quando chama o pecador ao
arrependimento, o faz mui seriamente. Todos quantos vierem
a Cristo obterão perdão e reconciliação - “Todo o que o Pai me
dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei
fora” - João 6.37. Jamais despreza ou despede vazio alguém que
se chega a ele. Por isso envia seus mensageiros com a ordem
de pregar a Palavra e com a promessa a todos quantos derem
ouvidos que receberão perdão e serão reconciliados - “Vinde a
mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai
sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” - Mateus 11.28-
29. O fato de Deus ter seus escolhidos e ter bênçãos especiais
reservadas a eles não tira, de forma nenhuma, a
responsabilidade do homem que ouve, de obedecer a sua
Palavra. O Conselho eterno reserva para si a prerrogativa de
escolher aqueles que irão habitar os novos céus e a nova terra
– e isso é mistério para nós -, mas todos os que são
chamados, o são de tal maneira que devem crer e obedecer. O
chamado externo é igual a todos. Se dez pessoas congregadas
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ouvem a pregação e o chamado, todas as dez estão de fato
tendo a oportunidade de salvação. Se apenas cinco dentre elas
derem ouvidos, vierem a Deus arrependidas de seus pecados e
perseverarem até o fim, isso significa que Deus escolheu essas
cinco, mas que também de fato o convite estava estendido às
dez.
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Artigo 9 – Por que alguns dos que são chamados
não vêm?
Muitos dos que são chamados pelo ministério do
evangelho não vêm e nem são convertidos. Mas isso não é
culpa do evangelho nem do Cristo oferecido pelo evangelho;
nem de Deus, que os chama pelo evangelho e até mesmo lhes
concede vários dons. A culpa está nos próprios pecadores.
Alguns deles não se importam com a palavra da vida nem a
aceitam. Outros, de fato, a recebem, mas não a aceitam em
seu coração e logo retrocedem depois que desaparece a alegria
de uma fé temporária. Há ainda daqueles que sufocam a
semente da Palavra com os espinhos dos cuidados e dos
prazeres deste mundo, e não produzem nenhum fruto. Esse é
o ensino do nosso Salvador na parábola do semeador.
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Comentário: Embora o chamado geral e exterior seja
sério e verdadeiro, apenas o chamado específico e interior é
eficaz. Isso porque o homem natural mesmo tendo a honra de
ser chamado por Deus não responde e nem deseja vir a Deus.
Ainda que Deus tenha a iniciativa de chamar, o homem não
tem a iniciativa de responder positivamente antes de ser
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regenerado. O pecador em seu estado caído não tem
nenhuma atração por Deus, pela sua glória, pela sua santidade,
pela sua bondade, pela sua beleza. Está, quando muito,
interessado em bênçãos materiais e imediatas, como cura
física, solução de problemas financeiros, emocionais e coisas
afins. Contudo, não tem nenhuma motivação quando o
assunto é o Reino de Deus, como devemos viver para Deus e
para sua glória. Quando se diz que muitos são chamados e
não vêm a Deus, isto quer dizer que não se rendem a Deus,
para servi-lo e viver para ele; porque muitos frequentam as
reuniões das igrejas locais, mas isso não significa que já se
deram a Cristo e a Deus. Foram chamados, sim, mas não
atenderam os termos do chamado. Muitos dos que estão na
igreja supõem que Deus, a igreja, a oração, a fé, existem para
si. Então tentam usar tudo isso em benefício próprio. Tais
pessoas não resistiriam uma perseguição religiosa, logo
desistiriam da sua crença, porque de fato não têm a fé dos
eleitos. Muitos frequentadores da igreja o fazem por
desencargo de consciência, mas trocam uma assembleia
solene por qualquer outra atividade mais atrativa para a carne.
Eles, de fato, não têm fé e qualquer coisa os desequilibra,
desanima e os leva na direção contrária. Esses são os que não
vieram a Cristo efetivamente, porque a Palavra do Senhor é: “o
que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” - João 6.37. E
ainda: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas
me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e
ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior
do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai” - João
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10.27-29. Isto não é uma promessa apenas, mas a declaração
de um fato. O Senhor está afirmando que aquele que vem a
ele, não retrocede, não volta atrás, não recua, não se perde
jamais, porque está dito: “Nós, porém, não somos daqueles que se
retiram para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da
alma” - Hebreus 10.39. Amém.
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Artigo 10 – Por que outros que são chamados vêm?
Outros que são chamados pelo ministério do evangelho
vêm e são convertidos. Mas, não se deve atribuir isso ao
homem, como se ele, por causa do seu livre-arbítrio, fosse
superior àqueles que receberam igual ou suficiente graça para
a fé ou conversão (como afirma a arrogante heresia de
Pelágio). Deve-se atribuir isso a Deus, pois foi ele quem
escolheu os seus em Cristo, desde a eternidade, e os chama
eficazmente no tempo; concede-lhes a fé e o arrependimento;
livra-os do poder das trevas e os transporta para o reino do
seu Filho. Tudo isso Deus faz para que eles possam declarar
os maravilhosos feitos daquele que os chamou das trevas para
a sua maravilhosa luz, e para que não se gloriem em si
mesmos, mas no Senhor, segundo o testemunho dos
apóstolos em diversas partes da Escritura.
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Comentário: Os que ouvem o chamado do evangelho
de Cristo e vão a ele, rendem-se e passam a viver para ele em
obediência, é porque sem dúvida foram destinados a isso. O
pecador em seu estado natural não tem desejo de mudar de
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vida; ele não ama a Deus e nada que é de Deus – suas leis,
seus atributos, suas obras –, o que ele ama são as coisas que
Deus lhe pode dar, sem, contudo, interferir em sua vida. Se
lhe disserem que Deus pode curá-lo, fazê-lo feliz, prosperá-lo,
enriquecê-lo, ter sucesso, então, ele aceitará tudo isso. Mas, se
disserem que Jesus Cristo é o Senhor e deseja governar a sua
vida, então ele desiste - “Mas os seus concidadãos odiavam-no, e
mandaram após ele embaixadores, dizendo: Não queremos que este
reine sobre nós” - Lucas 19.14. Muitos aceitam quando dizemos
que Cristo morreu na cruz para nos salvar, e isto é verdade,
mas param aí; a Bíblia, porém, continua dizendo que ele
ressurgiu para ser o nosso Senhor: “Porque foi para isto que
morreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos
mortos, como dos vivos” - Romanos 14.9. Aqueles que Jesus salva
não vivem mais para si mesmos, até porque um dos aspectos
da salvação é o livramento da nossa autonomia a qual, sendo
entregues à ela, nos levaria ao inferno - “E ele morreu por todos,
para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que
por eles morreu e ressuscitou” - 2ª Coríntios 5.15. Se salvação é não
viver mais para si mesmo e sim para Cristo, perdição é o
contrário disso. Então não importa o quão próspero e
religioso seja um homem nesta vida, se ele tiver uma vida
autônoma e independente de Cristo está condenado. Um
homem entregue a si mesmo está separado de Deus. A fé e o
arrependimento são preciosos dons de Deus àqueles que ele
destinou salvar - “Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e
Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados”
- Atos 5.31. Deus deu o arrependimento a Israel. O apóstolo
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orienta os presbíteros a usar a disciplina com mansidão
esperando que Deus dê o arrependimento àqueles que estão
sendo corrigidos: “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se
porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade”
- 2ª Timóteo 2.25. Podemos ler ainda o que foi dito dos crentes
da Ásia: “Querendo ele passar à Acaia, o animaram os irmãos, e
escreveram aos discípulos que o recebessem; o qual, tendo chegado,
aproveitou muito aos que pela graça criam” - Atos 18.27. Pela graça
criam, isto é, só creem aqueles que recebem esse dom.
Resumindo, a salvação é uma obra de exclusiva de Deus, do
começo ao fim, da eleição à glorificação. Toda glória seja dele
para sempre, Amém.
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Artigo 11 – Como Deus realiza a conversão?
Deus realiza o seu beneplácito nos eleitos e opera neles a
verdadeira conversão da seguinte maneira: ele cuida para que
o evangelho lhes seja pregado e ilumina poderosamente a sua
mente pelo Espírito Santo, de modo que possam
compreender e discernir corretamente as coisas do Espírito
de Deus. Pela operação eficaz do mesmo Espírito
regenerador, ele também penetra até os recantos mais íntimos
do homem; abre os corações fechados e abranda os
endurecidos; circunda o que era incircunciso e infunde novas
qualidades na vontade; faz viver a vontade outrora morta: a
que era má, converte em boa; a indisposta, em solícita; a
rebelde, em obediente. Ele muda e fortalece de tal maneira
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essa vontade que, assim como uma árvore boa, seja capaz de
produzir o fruto das boas obras.
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Comentário: A obra do Espírito Santo em nós é tão
misteriosa que nós próprios não podemos compreender
perfeitamente, pois ele opera dentro de nós, numa área que
nem mesmo nós conhecemos, mudando a inclinação do
nosso íntimo, fazendo-nos responder ao seu precioso e
incisivo chamado. Não podemos dizer como e nem quando o
Espírito Santo opera a regeneração em nós; razão porque não
podemos dizer o dia e a hora em que o novo nascimento
ocorreu. Identificamos essa obra em nós pelos frutos que
começamos a observar em nossa vida, mas não podemos
dizer com certeza quando aconteceu o milagre. Nossa
salvação, no seu todo, é monergística, isto é, Deus a realiza
sozinho, do começo ao fim. Tudo que sabemos é que o
homem natural em seus pecados não está disposto para Deus,
seu coração está fechado para a verdade e há trevas em sua
mente. Usando uma linguagem bem fácil para entendermos,
ele está para as coisas espirituais tanto quanto um urubu está
para alfaces ou couves – não lhe apetecem mesmo. Para tanto
precisaria ter sua natureza mudada. E é isto que Deus faz em
seus eleitos - “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é;
as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” - 2ª Coríntios
5.17. É Deus quem providencia para que seus escolhidos
ouçam a pregação do santo Evangelho enviando-lhes
pregadores; é ele também, que abre os ouvidos dos mesmos
de maneira que entendam a mensagem e a acolham em seus
corações - “Porque todo aquele que invocar o nome do SENHOR será
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salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como
crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem
pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” - Romanos 10.13-
15. Há um exemplo de como Deus faz o coração do homem
natural inclinar-se a fazer algo espiritual, na vida de Ciro,
poderoso rei da Pérsia. Ciro não temia a Deus e nem mesmo
o conhecia, mas o Deus do céu tinha uma tarefa para ele:
libertar os judeus da Babilônia para que retornassem a
Jerusalém, a reconstruíssem, bem como ao templo. Assim está
escrito: “No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia ( para que se cumprisse
a palavra do SENHOR, pela boca de Jeremias ), despertou o SENHOR
o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu
reino, como também por escrito, dizendo: Assim diz Ciro, rei da Pérsia:
O SENHOR Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e me
encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá” -
Esdras 1.1-2. Deus despertou o espírito de Ciro para que
atendesse aos seus propósitos, e o rei acabou fazendo algo
que não estava em seus planos e que talvez nem ele mesmo
soubesse porque fez, mas fez, e o fez livremente. Assim Deus
realiza a conversão dos eleitos, soberanamente, contudo sem
violência, mas graciosamente. Só descobrimos que algo
aconteceu, quando ele já agiu e operou maravilhosamente em
nós. Então ficamos muito agradecidos por tão grande
salvação.
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Artigo 12 – A regeneração é obra de Deus somente
Essa conversão é aquela regeneração, nova criação,
ressurreição dos mortos e vivificação, tão exaltada na
Escritura, a qual Deus opera em nós independente de nós.
Essa regeneração, contudo, não se realiza de modo algum
pelo ensino exterior, pela persuasão moral, ou por um
suposto modo de operação que, após Deus ter feito a sua
parte, fica a critério do homem regenerar-se ou não,
converter-se ou não. É, portanto, claramente uma obra
sobrenatural, poderosíssima, e ao mesmo tempo a mais
deleitosa, maravilhosa, misteriosa e indizível. Segundo a
Escritura, inspirada pelo Autor dessa obra, a regeneração não
é inferior em poder à criação ou à ressurreição dos mortos.
Por isso, todos aqueles em cujo coração Deus opera desse
modo maravilhoso são, com certeza, infalível e eficazmente
regenerados e creem de fato. A vontade assim restaurada não
é apenas alvo da ação e da restauração de Deus, mas, sob o
agir de Deus, ela também age. Portanto, diz-se com justiça
que o homem crê e se arrepende mediante a graça que
recebeu.
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Comentário: Da forma que o Espírito Santo de Deus
age todos os eleitos são infalivelmente salvos, todavia não
contra a sua vontade; o Senhor age misteriosa e
soberanamente sem contudo violar a vontade do homem.
Quando o Espírito Santo opera dentro do eleito, ele passa a
querer Deus, acorda para a sua condição, sente sua
necessidade e precisão de Deus, reconhece sua miséria e
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indignidade, vê sua impotência e incapacidade e confia no
Mediador estabelecido por Deus – Cristo Jesus. Então é
despertado para uma nova vida, para coisas muito reais, mas
que para ele não existiam. Um cadáver caído à beira do
caminho nada vê, ouve ou sente do mundo ao seu redor.
Tudo ao seu redor é muito real: as campinas verdejantes e
floridas exalam seu perfume, os pássaros cantam à luz do sol
radiante entre as ramagens exuberantes. Tudo é muito sensível
para alguém que está vivo, mas para o cadáver, nada daquilo
existe. Ele não pode ver a luz ou as cores, nem ouvir os sons
ou os cantos, nem sentir os odor das flores ou a brisa. Então,
para ele, é como se nada daquilo existisse. Assim são as coisas
espirituais para aqueles que estão “mortos em ofensas e pecados” -
Efésios 2.1. Se Deus não o vivificar jamais o homem natural
poderá compreender tais mistérios maravilhosos - “As quais
também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as
que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as
espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito
de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque
elas se discernem espiritualmente - 1ª Coríntios 2.13-14. Como disse
o Senhor Jesus ele “não pode ver o reino de Deus” - João 3.3. Veja
que não é o caso de algo que Deus realiza uma parte e então
deixa o restante com o homem. A salvação do eleito não é
algo que está a sua disposição, algo que ele pode tomar ou
largar, não; mas é uma obra completa - “E aos que predestinou a
estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e
aos que justificou a estes também glorificou” - Romanos 8.30. O
pecador eleito é salvo apesar dele próprio e não com a sua
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ajuda. É uma operação sobrenatural, irresistível, graciosa,
deleitosa; nós fomos atraídos para Cristo e nele incluídos para
sempre. O regenerado diz com toda propriedade: Deus me
amou e me salvou apesar de mim mesmo.
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Artigo 13 – A regeneração é incompreensível
Na vida presente, os crentes não podem compreender
completamente o modo como Deus realiza essa obra.
Contudo, é suficiente para os crentes conhecer e sentir que,
por essa graça de Deus, eles creem de coração e amam o seu
Salvador.
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Comentário: Todas as obras de Deus têm algo
misterioso – a criação, a regeneração, a ressurreição espiritual
e a física, tudo envolve mistério. Mistério, no sentido de que é
incompreensível para as criaturas, pois são coisas muito
gloriosas e profundas. Assim, a Igreja de Cristo é um mistério,
o crente é um mistério. Como criaturas caídas jamais
entenderemos plenamente o agir de Deus, por sinal isso é
uma das coisas que nos difere dele – o Senhor é o Deus
Criador e nós meramente suas criaturas. Como o Espírito de
Deus vem a nós e age em nós é totalmente misterioso - “O
vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem,
nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” -
João 3.8. Sabemos que está escrito: “Se com a tua boca confessares
ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, serás salvo” - Romanos 10.9. Mas se ele não despertar o
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nosso espírito e nos dar o dom da fé, jamais creremos.
Também está escrito: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que
vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” - João 6.37. Mas ele
disse em seguida: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou
o não trouxer” - vs. 44. Não devemos ficar questionando as
obras de Deus, mas apenas adorá-lo. Tudo o que ele faz é
bom, é certo, pois ele é bom, perfeito, justo e misericordioso.
Jamais devemos cometer erro de investigar curiosamente as
ações do Senhor, mas nos prostrar a adorá-lo na beleza da sua
santidade. Quando compreendemos que ele nos amou e nos
salvou a despeito de nós, isto é, do que somos e do que
fazemos, só nos resta colocar nossa boca no pó, humilhados e
adorar esse Deus maravilhoso, cujo amor excede todo
entendimento. Amém.
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Artigo 14 – A fé é um dom de Deus
A fé, portanto, é um dom de Deus, não porque
meramente seja oferecida por Deus ao livre-arbítrio do
homem, mas porque é de fato conferida ao homem, e
implantada e infundida nele. Também não é um dom no
sentido de que Deus confere apenas a capacidade para crer, e
aguarda, do livre-arbítrio do homem, o consentimento para
crer ou o ato de crer. É, antes, um dom no sentido de que é
Deus quem efetua no homem tanto o querer quanto o
realizar, quem verdadeiramente faz tudo em todos, quem
realiza no homem tanto a vontade de crer quanto o ato de
crer.
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Comentário: Deus dá aos eleitos uma fé viva, ativa,
operante e predisposta a crer em Cristo, porque ela nos é dada
juntamente com a revelação de Cristo. Tão logo o eleito
conhece o Cristo do Evangelho, crê nele para sua salvação. A
fé dos eleitos nunca se inclina para o reino dos ídolos, das
superstições, nem repousa sobre boas obras ou justiça
pessoal. Ela é um dom de Deus aos herdeiros da salvação. Tal
fé os projeta diretamente para o Mediador, pois ele mesmo é
o Autor e consumador dessa fé - “Olhando para Jesus, autor e
consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a
cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” -
Hebreus 12.2. Essa fé, que é um dom especial aos eleitos de
Deus, é gerada e operada pelo Espírito Santo. Por isso foi dito
que não é apenas uma capacidade que Deus dá ao pecador
para crer, se ele desejar; é muito mais do que isso. Esse dom,
necessariamente, propulsiona o homem a crer; ele crê
ininterruptamente pela ação do Espírito de Deus. O eleito
jamais perde essa fé, antes nela cresce e se fortalece, e conta
com a promessa de Deus de fazê-lo perseverar até o fim -
“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra
a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” - Filipenses 1.6.
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Artigo 15 – A atitude correta quanto à graça
imerecida de Deus
Deus não deve tal graça a ninguém. O que poderia Deus
dever ao homem? Quem primeiro lhe deu alguma coisa, para
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ser por ele ressarcido? O que poderia Deus dever a quem, em
si mesmo, nada tem senão pecado e falsidade? Portanto,
aquele que recebe essa graça é devedor e deve render
eternamente gratidão somente a Deus. Mas quem não recebe
essa graça não tem o menor interesse por essas coisas
espirituais e está satisfeito com o que possui, ou se vangloria
com a falsa segurança de ter o que não tem. Além disso,
quanto aos que professam externamente a sua fé e corrigem a
sua vida, devemos julgar e falar da forma mais favorável, de
acordo com o exemplo dos apóstolos, pois não conhecemos o
íntimo recôndito do coração; quanto aos que ainda não foram
chamados, devemos orar a Deus em favor deles, pois Deus é
quem chama à existência as coisas que não existem; quanto a
nós, não devemos jamais nos vangloriar, como se nós
fôssemos melhores do que eles.
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Comentário: O devedor é alguém que recebeu algo de
outrem. Em relação a Deus, claro está que os grandes
devedores somos sempre nós, os homens. Devemos tudo a
Deus, e ele não deve nada a nós, nem tem qualquer obrigação
para conosco - “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não
tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o
houveras recebido?” - 1ª Coríntios 4.7. Obviamente também que
Deus não nos propõe qualquer troca. Portanto nada há que
possamos fazer, para, em troca, obter uma bênção de Deus.
As coisas de Deus não têm preço e não estão à venda. A graça
é gratuita, ninguém a compra e ninguém a merece. Deus a dá
a quem quer, a quem escolhe - “Que diremos pois? que há injustiça
da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés:
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Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem
eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do
que corre, mas de Deus, que se compadece” - Romanos 9.14-16. Só
aprecia essa graça especial quem a recebe, mas quem não é
contemplado com ela, ignora-a e não tem por ela qualquer
interesse ou apreço. Diferentemente, aqueles que a receberam
querem que todos dela participem e oram fervorosamente por
aqueles que ainda estão longe desse recôndito, para que Deus
se compadeça deles e os faça chegar a si.
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Artigo 16 – A vontade do homem não é eliminada,
mas vivificada
Apesar de sua queda, o homem não deixou de ser
homem, dotado de inteligência e vontade; e o pecado, que
impregnou toda a raça humana, não privou o homem da sua
natureza humana, mas trouxe sobre ele a depravação e a
morte espiritual. Assim também, a graça divina da
regeneração não atua sobre os homens como se fossem
máquinas ou robôs, e não elimina a vontade e as suas
propriedades nem a coage violentamente, mas torna-a
espiritualmente viva, sara-a, corrige-a e, de modo agradável e
ao mesmo tempo poderoso, a subjuga. O resultado é que
onde antes dominava totalmente a rebelião e a resistência da
carne, agora, pelo Espírito, começa a prevalecer uma pronta e
sincera obediência, que é a verdadeira renovação e libertação
espiritual da nossa vontade. Mas, se o Maravilhoso Autor de
todo o bem não tivesse nos conduzido dessa maneira, o
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homem não teria a menor esperança de erguer-se da sua
queda mediante o seu livre-arbítrio, o qual, quando ele ainda
estava em pé, o lançou na perdição.
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Comentário: Há uma grande e misteriosa diferença
entre a queda dos anjos e a dos homens. A queda dos anjos
foi total e completa, irreversível e definitiva. De criaturas
maravilhosas que eram tornaram-se horríveis demônios. Tais
criaturas se tornaram tão malévolas quanto poderiam se
tornar, ou seja, essencialmente más. Para elas não há resgate,
mas já se encontram na condenação eterna. Os homens
caíram, mas sua queda foi muito diferente. Mesmo caídos,
continuam humanos e vivem num mundo caído, porém,
assistido pela graça geral de Deus. Assim, os homens naturais,
ainda que totalmente depravados, rebeldes, perdidos e em
trevas, não se tornaram tão malignos quanto poderiam se
tornar. Em geral há ainda, digamos, fragmentos da imagem de
Deus neles. O pior bandido e malfeitor ainda pode se
arrepender, sentir empatia, apresentar traços de bondade,
mesmo que muito tênues, mas estão lá. Então quando o
Espírito de Deus vem sobre um eleito e a graça soberana nele
opera, não acontece algo automático, onde a sua vontade não
participa. Ao contrário, a graça de Deus age libertando sua
vontade, dissipando as trevas da sua mente, revelando as
maravilhas de Cristo - “E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está
posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor,
então o véu se tirará” - 2ª Coríntios 3.15-16. De modo que a obra
da conversão, ainda que em alguns casos, seja dramática,
contudo é doce e suave como só o Senhor pode e sabe fazer.
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Contudo, se não fora o novo sopro do Espírito de Deus,
fazendo uma nova criação, jamais aquele homem poderia
desvencilhar-se da escravidão do pecado e se voltar para Deus
por sua própria iniciativa. Graças, porém a Deus que não nos
entregou a nós mesmos, nem nos abandonou em nossos
pecados! “Graças a Deus pelo seu dom inefável!” - 2ª Coríntios 9.15.
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Artigo 17 – O uso dos meios
A onipotente obra de Deus, pela qual ele produz e
sustenta a nossa vida natural, não exclui, mas exige, o uso dos
meios através dos quais ele quis exercer o seu poder, segundo
a sua infinita sabedoria e bondade. Assim também, a
mencionada obra sobrenatural de Deus, mediante a qual ele
nos regenera, não exclui nem cancela, de jeito nenhum, o uso
do evangelho que o sapientíssimo Deus ordenou para ser a
semente da regeneração e o alimento da alma. Por essa razão,
os apóstolos e os mestres que os sucederam ensinaram
reverentemente ao povo sobre a graça de Deus, para a glória
dele e para a vergonha de toda a soberba. Ao mesmo tempo,
não negligenciaram mantê-los por meio das santas
admoestações do evangelho, debaixo da administração da
Palavra, dos sacramentos e da disciplina. Portanto, os que hoje
instruem ou são instruídos na Igreja não devem ousar tentar a
Deus, separando aquilo que ele pelo seu beneplácito quis unir
de forma inseparável. Pois a graça é concedida mediante
admoestações, e quanto mais prontamente cumprirmos com
o nosso dever, tanto mais esse favor de Deus, que é quem
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opera em nós, manifesta-se naturalmente em sua glória,
fazendo a sua obra prosperar da melhor maneira.
A Deus somente seja dada a glória eternamente, tanto
pelos meios quanto pelos frutos e eficácia da sua salvação.
Amém.
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Comentário: A Providência de Deus muito se utiliza
dos meios que o próprio Deus decretou para produzir os fins,
também pelo eterno conselho, decretados. Deus se vale tanto
de meios materiais e naturais quanto de meios espirituais e
sobrenaturais para atingir seus objetivos. É Deus quem nos dá
o pão cotidiano, mas ele não o faz cair do céu como poderia
se o desejasse – antes ele orienta o agricultor a plantar a
semente que será regada com a chuva do céu e frutificará, de
onde virá o grão que será moído para com a farinha fazer-se o
pão. Contudo, é ele quem governa e abençoa todo o processo.
Quanto a nossa vida espiritual também proveu meios para a
sua manutenção. Ele deu à sua Igreja os meios da graça,
através dos quais os crentes são alimentados, fortalecidos e
firmados na vida espiritual, na sã doutrina e na obediência.
Nunca devemos viver ociosos, passivos supondo que uma vez
que Deus tudo decretou, tudo acontecerá independente de
nós; tal pensamento é equivocado. Fato é, que, uma vez
justificados seremos glorificados, porém, entre a justificação e
a glorificação está a santificação, o crescimento na graça e no
conhecimento do Senhor; e tudo isto acontece pelos meios da
graça que ele estabeleceu: comunhão, oração, leitura da
Palavra, a pregação, os sacramentos, a disciplina, e outros.
Portanto, devemos ser ativos no Reino de Deus, diligentes no
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seu serviço, disciplinados, submissos e preparados para toda a
boa obra. Homens, mulheres, jovens e crianças devem, diária
e sistematicamente, colher do maná com o qual Deus
alimenta as nossas almas famintas.
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A perseverança dos santos
Capítulos 5
Artigo 1 – Os regenerados não estão livres do
pecado interior
Aqueles que, de acordo com o seu propósito, Deus
chama à comunhão do seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e
regenera pelo Espírito Santo, ele certamente os livra do
domínio e da escravidão do pecado. Mas, nesta vida, ele não
os livra totalmente da carne e do corpo o pecado.
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Comentário: A regeneração livrou o nosso espírito do
pecado, ficando este apenas em nosso corpo. Nosso corpo,
sim, ainda é, como que, viciado ou habituado a pecar, por isso
é preciso vigilância e disciplina constantes - “Antes subjugo o
meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu
mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” - 1ª Coríntios
9.27. Mesmo depois da regeneração Deus ainda nos deixa
vivendo no velho tabernáculo terreno, isto é, no antigo corpo.
“Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se
desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos,
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eterna, nos céus” - 2ª Coríntios 5.1, mas por enquanto, devemos
ficar nesse corpo até que ele volte ao pó de onde foi tirado.
Um dos propósitos de Deus em nos redimir por partes é nos
provar para ver se realmente o amamos e o obedeceremos.
Exatamente como ele fez com Israel – deixou ficar alguns
inimigos entre eles para que fossem provados - “Tampouco
desapossarei mais de diante deles a nenhuma das nações, que Josué
deixou, quando morreu; Para por elas provar a Israel, se há de guardar,
ou não, o caminho do SENHOR, como seus pais o guardaram, para
nele andar. Assim o SENHOR deixou ficar aquelas nações, e não as
desterrou logo, nem as entregou na mão de Josué” - Juízes 2.21-23.
Quando um crente em Cristo Jesus morre e seu espírito sai do
seu corpo, então estará livre do pecado para sempre. Passará a
aguardar a segunda parte da redenção que é o novo corpo - “E
não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito,
também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a
redenção do nosso corpo” - Romanos 8.23. Já uma pessoa que
morre no pecado, isto é, sem ser redimida e regenerada,
quando sair desse corpo, o pecado, que está em seu espírito
continuará para sempre amalgamado a ele. Na ressurreição do
último dia, seu corpo sairá da sepultura, será unido de novo à
sua alma e ambos serão condenados ao inferno eterno. O
ímpio será punido no inferno justamente porque o seu
pecado continua nele e com ele, inseparavelmente,
eternamente. O crente porém, na ressurreição do último dia,
ganhará um novo corpo, sobre o qual o pecado não mais terá
poder, pois será um corpo glorioso que não mais conhecerá o
pecado e a corrupção - “Que transformará o nosso corpo abatido,
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para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de
sujeitar também a si todas as coisas” - Filipenses 3.21. Nessa nova
realidade não haverá mais a opção para pecarmos. O pecado e
a queda serão uma lembrança da condição que estávamos e
fomos libertos pelo sangue do Cordeiro, para que ele receba a
glória eternamente. Amém.
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Artigo 2 – Os pecados diários por causa da fraqueza
humana
Por causa da fraqueza humana, os santos pecam
diariamente a até mesmo suas melhores obras são imperfeitas.
Para eles, essas coisas são motivos permanentes para se
humilharem diante de Deus, para se refugiarem no Cristo
crucificado, para mortificarem cada vez mais a carne mediante
o Espírito de oração e através de santos exercícios de piedade,
e para ansiarem e se esforçarem pelo alvo da perfeição, até
que, finalmente, livres deste corpo de morte, reinem com o
Cordeiro de Deus no céu.
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Comentário: Conforme já vimos, o fato do sábio Deus
nos deixar habitando no mesmo corpo caído até que a
redenção se complete no último dia, também deixando um
resquício do veneno do pecado em nós é porque isso é bom e
necessário para nós. Isso nos humilha, faz-nos dependentes,
leva-nos a orar constantemente; impede-nos de buscar a
autonomia no pecado, o que nos levaria à destruição. Ainda
deixa claro que jamais um pecador pode ser justificado pelas
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obras, simplesmente porque ele não tem boas obras, mas
apenas obras contaminadas. Quando somos picados por uma
abelha ela injeta seu veneno e deixa junto o seu ferrão.
Mesmo que rapidamente retiremos o ferrão, o veneno
continua agindo em nosso sistema. Assim também Cristo
quebrou o aguilhão do pecado em nossas vidas, mas o veneno
que já circulava em nossas veias continua agindo. Por isso
temos que combater os efeitos desse veneno durante toda a
nossa vida. Essa luta do crente contra o pecado faz com que
ele aborreça a sua vida presente e não se apegue a nada deste
mundo caído, antes deseje a glória do céu - “Quem ama a sua
vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guarda-la-á
para a vida eterna” - João 12.25. O autêntico crente vive
diariamente mortificando sua carne, não cedendo terreno aos
inimigos da sua alma - “Mortificai, pois, os vossos membros, que
estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a
vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; Pelas quais coisas vem a
ira de Deus sobre os filhos da desobediência; Nas quais, também, em
outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. Mas agora, despojai-vos
também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das
palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já
vos despistes do velho homem com os seus feitos, E vos vestistes do novo,
que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o
criou” - Colossenses 3.5-10. Por isso também o crente não teme a
morte, antes a vê como uma libertação do corpo do pecado,
como o apóstolo Paulo bem disse: “Porque para mim o viver é
Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da
minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados
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estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é
ainda muito melhor” - Filipenses 1.21-23.
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Artigo 3 – Deus preserva os que são seus
Por causa desses resquícios do pecado que ainda restam
no íntimo, e também por causa das tentações do mundo e de
Satanás, os convertidos não conseguiriam perseverar nessa
graça, caso fossem entregues às suas próprias forças. Mas que,
Deus é fiel e os confirma misericordiosamente na graça que,
de uma vez por todas, lhes foi outorgada, e os preserva
poderosamente nela até o fim.
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Comentário: O crente em Jesus Cristo não é mais servo
do pecado e sim servo de Deus; contudo, apesar de haver sido
liberto do poder e escravidão do pecado e ser totalmente livre
em seu espírito, permanece no corpo de carne, que está
habituado ao estilo de vida caído e pecaminoso, e por isso é
muito difícil de ser subjugado. Só pela graça de Deus para
vivermos desembaraçados do pecado neste mundo caído,
com um corpo que se ajusta tão bem a ele. Mas essa tem sido
a experiência de todos os servos de Deus de todos os tempos.
Até o santo apóstolo Paulo disse: “Porque eu sei que em mim, isto
é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em
mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que
quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não
quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim” - Romanos
7.18-20. Nossa confiança é que Aquele que nos chamou e
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justificou agora está nos santificando pelo seu Espírito Santo
que em nós habita, e fará isto até a nossa glorificação. Cremos
e descansamos em sua fiel promessa: “E aos que predestinou a
estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e
aos que justificou a estes também glorificou” - Romanos 8.30. O
Senhor Jesus é o nosso Sumo Pastor e nenhuma só das suas
ovelhas poderá se perder - “As minhas ovelhas ouvem a minha voz,
e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca
hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos. Meu Pai,
que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las das
mãos de meu Pai. Eu e o Pai somos um” - João 10.27-30.
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Artigo 4 – Os santos estão sujeitos a cair em
pecados graves
Embora o poder de Deus, pelo qual ele confirma e
preserva os verdadeiros crentes na graça, seja tão grande que
não pode ser vencido pela carne, os convertidos, contudo,
nem sempre são guiados e dirigidos por Deus, de sorte que
não possam, em certas circunstâncias particulares e pela
própria culpa deles, se desviar da direção da graça e serem
seduzidos pala carne e se rendam à sua concupiscência. Por
isso, eles devem orar e vigiar constantemente para que não
caiam em tentação. Quando não vigiam nem oram, eles não
somente podem ser levados – pela carne, pelo mundo e por
Satanás – a cometer sérios e atrozes pecados, mas, algumas
vezes, podem ser levados a isso pela justa permissão de Deus.
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É o que demonstram as lamentáveis quedas de Davi, de Pedro
e de outros santos, descritas na Escritura.
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Comentário: A mesma graça soberana que nos
convence, inclina os nossos corações, nos convertendo a
Deus, também nos faz perseverar e permanecer firmes e fiéis
até ao fim. Contudo, na nossa jornada cristã, estamos sujeitos
a pecar e fatalmente pecaremos muitas vezes, e alguns até
poderão mesmo cair em graves pecados; por isso que somos
exortados a orar e vigiar sem cessar. Deus, porém, tem um
bom propósito em todas as coisas, até mesmo em permitir
que sejamos vencidos pelo pecado algumas vezes. Nada
humilha tanto o soldado fiel quanto cair diante de um
inimigo, mas às vezes isso se faz necessário para que ele
reconheça suas limitações e não subestime o inimigo. Somos
advertidos, muitas vezes, que nossa luta é ferrenha e contra
inimigos poderosíssimos, e que só estamos em pé pela graça
do nosso bom Senhor e Comandante. Por isso o crente deve
prestar muita atenção às advertências: “Vigiai e orai, para que não
entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é
fraca” - Mateus 26.41; “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não
caia” - 1ª Coríntios 10.12; “Porque não temos que lutar contra a carne e
o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra
os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da
maldade, nos lugares celestiais” - Efésios 6.12. Entretanto o nosso
alvo deve ser uma vida completamente vitoriosa sobre o
pecado e devemos que orar, vigiar e nos esforçar para tanto.
Essa é a nossa obrigação e essa também é a vontade de Deus
para nós. Contudo, se eventualmente cairmos, não devemos
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ficar prostrados, mas confessar nossos pecados e fraquezas e
prosseguirmos confiantes de que a batalha, em última
instância não é nossa, mas do Senhor e, portanto, já está
ganha. Todos os inimigos contra os quais lutamos já foram
derrotados pelo nosso General. Uma das suas últimas
palavras foram: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo - João
16.33.
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Artigo 5 – As consequências desses graves pecados
Os crentes, no entanto, por causa desses graves pecados,
ofendem profundamente a Deus, tornam-se culpados de
morte, entristecem o Espírito Santo, suspendem o exercício
da fé, ferem gravemente a própria consciência e, algumas
vezes, perdem o senso do favor de Deus, até que voltem ao
reto caminho por meio do arrependimento sincero, e o rosto
paternal de Deus resplandeça novamente sobre eles.
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Comentário: É por demais encorajador, ver nas
Escrituras que mesmo na sua justa e santa ira, Deus trata os
seus filhos com misericórdia, pois esses são objeto de seu
amor eterno – são seus filhos. Ainda que Deus se ire conosco
por causa dos nossos pecados, ele irá nos corrigir como Pai
amoroso que é, para o nosso bem. Sim, somos corrigidos para
nossa boa saúde espiritual. Deus se vinga dos inimigos, mas
nunca dos filhos. Veja o exemplo de Davi, quando, após seu
pecado, Deus o tratou duramente, mas a punição tinha o
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objetivo de restaurá-lo - “Quando eu guardei silêncio, envelheceram
os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite
a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de
estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia
eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a
maldade do meu pecado” - Salmo 32.3-5. Está escrito: “Porque o
Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se
suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a
quem o pai não corrija?” - Hebreus 12.6. Tudo o que Deus nos faz
é visando o nosso bem maior, que é nos transformar e
conformar a Jesus Cristo. Tudo que os ímpios sofrem neste
mundo, de nada lhes aproveita, mas o que os santos sofrem
traz-lhes grande proveito; fá-los participantes da santidade de
Deus - “Porque aqueles [nossos pais], na verdade, por um pouco de
tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este [Deus], para
nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade” - Hebreus
12.10. Da mesma forma que os ímpios são vasos de ira e
objeto da ira eterna, outro tanto os pios são vasos de
misericórdia e objeto do amor eterno. Portanto, mesmo nos
momentos em que os homens piedosos caem em pecado,
ofendem a Deus e provocam a sua ira, recebem apenas uma
punição temporária para a sua correção - “Porque a sua ira dura
só um momento; no seu favor está a vida; o choro pode durar uma
noite, mas a alegria vem pela manhã” – Salmo 30.5.
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Artigo 6 – Deus não permitirá que os seus eleitos se
percam
Deus, que é rico em misericórdia, segundo o seu
propósito imutável da eleição, não retira completamente o seu
Espírito Santo dos que lhes pertencem, mesmo diante de suas
deploráveis quedas. Tampouco permite que se afundem tanto
a ponto de caírem da graça da adoção e do estado de
justificação, ou que cometam o pecado para a morte – isto é,
o pecado contra o Espírito Santo – e que, totalmente
abandonados por ele, se lancem na ruína eterna.
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Comentário: O regenerado, pode, eventualmente, cair
em algum pecado, mas jamais cometerá o pecado que leva à
morte espiritual ou eterna. Todo eleito já foi curado
eternamente pela expiação do Senhor Jesus Cristo. Ele está
totalmente seguro nas mãos do Pai e no seu amor. É assistido
pela graça soberana de Deus que o impede de voltar ao seu
antigo estado de degradação e morte espiritual. Assim, ainda
que caia em algum tipo de pecado, por grave que seja, todavia
jamais cai no mesmo lugar que costumava cair antigamente;
assim, ainda que venha a cair drasticamente, todavia não ficará
caído - “Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o SENHOR o
sustém com a sua mão” - Salmo 37.24. Um dos medos do crente
autêntico é ofender a Cristo, pecar contra o Espírito Santo, e
esse medo até certo ponto pode ser saudável, mas é
maravilhoso saber que jamais um autêntico filho de Deus
pode cometer a blasfêmia contra o Espírito Santo, uma vez
que esse pecado é imperdoável - “Portanto, eu vos digo: Todo o
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pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o
Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma
palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém
falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século
nem no futuro” - Mateus 12.31-32. Todo crente genuíno está tão
seguro nas mãos do Senhor quanto Noé e seus filhos estavam
dentro da arca. Durante todo o Dilúvio os olhos de Deus
estiveram vigiando a arca onde estavam Noé e sua família para
que nada de mal lhes acontecesse. Sobreviveram à maior
catástrofe natural da humanidade, intactos. Abalos sísmicos,
placas tectônicas se abrindo, fontes do grande abismo se
rompendo, continentes e ilhas se movendo. Não sobrou nada
com vida sobre a terra. Quanto a Noé e sua família?
Pousaram no monte Ararate, sem um arranhão. Deus protege
e ampara os seus graciosamente. Amém.
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Artigo 7 – Deus renova os seus eleitos para o
arrependimento
Durante a queda dos eleitos, Deus, primeiramente,
preserva neles a semente imperecível de regeneração par que
ela não morra e seja lançada fora. Além disso, através da sua
Palavra e do seu Espírito, ele certa e eficazmente os renova
para o arrependimento. Como resultado disso, eles sentem o
coração contristado com verdadeira tristeza espiritual pelos
pecados que cometeram; e, com o coração contrito, buscam e
obtêm pela fé o perdão no sangue do Mediador,
experimentam novamente o favor de um Deus reconciliado, e
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adoram as suas misericórdias e fidelidade; daí em diante,
passam a desenvolver mais diligentemente a própria salvação
com temor e tremor.
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Comentário: O crente autêntico tem um conservante
natural, ou melhor, sobrenatural, que é a vida de Deus nele
implantada; essa vida vinda do Espírito Santo o preserva em
meio à corrupção e depravação do mundo caído - “Qualquer
que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente
permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus... Sabemos
que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é
gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” - 1ª João 3.9;
5.18. O bom e sábio propósito de Deus, converterá, até
mesmo os nossos erros e fracassos em bem espiritual, ainda
que tenhamos que sofrer certas consequências físicas,
materiais e temporais. O santo pode vir a pecar mas, o
Espírito Santo não o deixa no pecado e nem se retira dele,
antes o leva ao arrependimento, pois o regenerado não tem
mais prazer no pecado. A diferença entre o pio e o ímpio, é
que o pio está com Deus e contra o pecado, já o ímpio está
com o pecado e contra Deus. Ainda que o santo de Deus
peque, ele se detesta e se abomina quando o faz.
Imediatamente busca o perdão de Deus e a purificação no
sangue de Cristo, e depois disto fica ainda mais vigilante em
relação ao pecado e mais sensível em relação a Deus.
Diferentemente, o ímpio não se importa quando peca, nem
sente culpa por ofender a Deus, nem mesmo percebe quando
o faz. São João escreveu aos crentes: “Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de
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toda injustiça…. Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus
Cristo, o Justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente
pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” - 1a
João 1.9 e 2.1-2.
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Artigo 8 – A graça do Trino Deus preserva
Não é pelos seus próprios méritos ou força, mas pela
imerecida misericórdia de Deus, que os eleitos não se desviam
totalmente da fé e da graça nem permanecem caídos a ponto
de finalmente se perderem. Quanto a eles, isso facilmente
poderia acontecer, e aconteceria sem dúvida. Mas quanto a
Deus, não há a menor possibilidade de que isso aconteça, pois
o seu conselho não pode ser mudado; a sua promessa não
pode falhar; o chamado segundo o seu propósito não pode
ser revogado; o mérito, a intercessão e a proteção de Cristo
não podem ser anulados; e o selo do Espírito Santo não pode
ser frustrado nem destruído.
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Comentário: Se a salvação dependesse em algum
aspecto, em alguma instância ou em alguma medida de nós,
certamente seríamos todos condenados ao inferno, porque
não temos nada que possa ajudar, favorecer ou contribuir
nesse sentido, antes, tudo que fosse deixado a nós, seria
frustrado. Mas Deus não deixou nada para nós fazermos, ele
fez tudo sozinho. Por isso o apóstolo falou tão firmemente:
“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
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entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e
aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes
também glorificou” - Romanos 8.29-30. Quando cremos em
Cristo, ele nos dá seu Espírito Santo como penhor ou garantia
de que a obra será completada - “Em quem também vós estais,
depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo
da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da
possessão adquirida, para louvor da sua glória” - Efésios 1.13-14. De
fato o selo do Espírito Santo em nossas vidas significa: 1)
propriedade – temos um Dono e Senhor que cuida de nós e
ninguém nos tirará de Sua mão; 2) autenticidade – quem tem
o selo do Espírito é um autêntico filho de Deus; 3) segurança
– selo também indica segurança ou inviolabilidade. Estamos
lacrados e hermeticamente fechados por Deus; 4) garantia –
um selo significa garantia de que algo chegará ao seu destino
final. Os dons de Deus são irrevogáveis e, portanto,
imperdíveis. É absolutamente impossível um eleito de Deus
perder-se definitivamente estando a caminho do céu. Tal
pensamento seria um insulto ao Senhor - “O conselho do
SENHOR permanece para sempre; os intentos do seu coração de
geração em geração” - Salmo 33.11. Então, ainda que o crente caia
e perca toda esperança de retornar à sua antiga condição,
Deus agirá nele e o fará voltar ainda mais forte e encorajado.
Obviamente que isso não significa que ele tem um tipo de
foro privilegiado para que possa ficar despreocupado em
relação ao pecado. Muito pelo contrário, o pecado deve ser
odiado, temido, evitado e combatido com toda a nossa alma.
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Artigo 9 – A certeza dessa preservação
Os próprios crentes podem ter a plena certeza da
preservação do eleito para a salvação e da perseverança dos
verdadeiros crentes na fé. E, de fato, cada um deles está
convencido disso, segundo a medida da sua fé, pela qual
creem firmemente que são e que permanecerão membros
verdadeiros e vivos da igreja, e que possuem o perdão dos
pecados e a vida eterna.
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Comentário: Como já falamos anteriormente, o eleito é
chamado, justificado, santificado, conservado, preservado e
glorificado. Nada pode quebrar a linda cadeia dourada, isso já
foi dito e repetido muitas vezes, porque foi o próprio Senhor
Jesus quem deu aos seus cordeiros essa segurança. Em sua
oração intercessória disse mais: “Pai, aqueles que me deste quero
que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a
minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do
mundo” - João 17.24. Se nem todos os crentes têm plena
convicção da sua salvação, talvez seja por imaturidade ou falta
de conhecimento da Palavra de Deus. Contudo, o fato
inquestionável é, que todas as ovelhas do Senhor serão
arrebanhadas e trazidas ao aprisco pelo Sumo Pastor e por ele
mantidas até o fim desta era e para sempre. Não poderia ser
de outra forma, pois nada temos que não tenhamos recebido -
“E que tens tu que não tenhas recebido?” - 1ª Coríntios 4.7. Seja para
nossa vida material ou para nossa vida espiritual, toda a
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manutenção vem do céu - “O homem não pode receber coisa
alguma, se não lhe for dada do céu” - João 3.27. Jesus fez
promessas tão específicas que não há como não compreender
o que estava dizendo. Ele disse que tornaria a salvação de suas
ovelhinhas tão seguras quanto ele pode fazê-lo - “E dou-lhes a
vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha
mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode
arrebatá-las da mão de meu Pai” - João 10.28-29. Cabe a nós
confiar nessas promessas e nelas descansar porque ele é fiel e
poderoso para cumpri-las, e bom para conosco. Então, não
devemos temer mal algum, antes confessar o que o apóstolo
confessou: “Eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é
poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” - 2ª Timóteo
1.12. Amém.
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Artigo 10 – A fonte dessa certeza
Tal certeza não é produzida por alguma revelação
particular, além ou fora da Palavra, mas pela fé nas promessas
de Deus, que ele revelou abundantemente em sua Palavra para
o nosso consolo; pelo testemunho do Espírito Santo, que
testifica com o nosso espírito que somos filhos e herdeiros de
Deus; e, finalmente, pela busca zelosa e santa de uma
consciência limpa e de boas obras. Se, neste mundo, os eleitos
de Deus não tivessem o inabalável consolo da obtenção da
vitória e da garantia infalível da glória eterna, eles seriam os
mais miseráveis de todos os homens.
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Comentário: A certeza da perseverança na salvação, é
uma bênção que os peregrinos desfrutam, enquanto
atravessam o deserto deste mundo, lutando contra os seus
inimigos, sob o sol causticante, expostos a todos os perigos e
totalmente vulneráveis. É nesse contexto que a certeza de que
o Senhor está conosco e que chegaremos do outro lado, faz
toda a diferença. Essa certeza vem junto com uma confiança
viva nas promessas da Aliança, um testemunho e convicção
interior do Espírito Santo e um desejo de agradar ao Senhor,
tanto por boas obras quanto mantendo uma consciência
limpa e tranquila diante de Deus e dos homens. E, Deus
mesmo cria e usa todas essas coisas para mostrar a nós que
podemos descansar em sua Providência; porque ele não
apenas começou algo para deixar conosco o dar continuidade,
mas mantém tudo que criou pelo seu poder e levará toda a
criação ao destino final -, por ele decretado -, para a sua
própria glória e louvor. Saber que não estamos sozinhos em
nossa jornada também é muito consolador, bem como ter
conhecimento de que muitos outros cruzaram esse deserto
antes de nós, e o fizeram vitoriosamente - “Pela fé Moisés, sendo
já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, Escolhendo
antes ser maltratado com o povo de Deus, do que por um pouco de
tempo ter o gozo do pecado; Tendo por maiores riquezas o vitupério de
Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.
Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme,
como vendo o invisível... As mulheres receberam pela ressurreição os
seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para
alcançarem uma melhor ressurreição; E outros experimentaram
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escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados,
tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas
e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados ( Dos quais o mundo
não era digno ), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e
cavernas da terra” - Hebreus 11.24-27, 35-38. Todos esses santos já
chegaram do outro lado e hoje gozam da recompensa de sua
fidelidade e confiança em seu Guia e Protetor.
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Artigo 11 – Essa certeza nem sempre é sentida
A Escritura, no entanto, testifica que nesta vida os
crentes têm de lutar contra várias dúvidas da carne e, por
estarem sujeitos a fortes tentações, nem sempre sentem essa
plena segurança da fé nem a certeza da perseverança. Mas
Deus, que é o Pai de toda consolação, não permitirá que
sejam tentados além das suas forças, mas com a tentação
proverá também o meio de escape e, pelo Espírito Santo, fará
ressurgir a certeza da perseverança.
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Comentário: Tudo o que Deus em sua maravilhosa
providência faz, é perfeito e tem sábios, justos e santos
propósitos. Logo, se ele não removeu totalmente a toxina do
pecado nas vidas dos regenerados, é porque tem nisso um
propósito bom. Isso os fará compreender a dependência dele
e os levará a buscar sua face continuamente. Enquanto
estivermos nesse mundo caído e nesse corpo de carne,
estaremos sujeitos a muitas tentações, muitas fraquezas e
pecados. Dúvidas nos assaltam, tentações nos sobrevêm,
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questionamentos nos perturbam, instabilidades nos
desencorajam, depressões nos abatem; mas temos a promessa:
“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não
vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará
também o escape, para que a possais suportar” - 1ª Coríntios 10.13.
Essa luta contínua, é para que não nos esqueçamos que ainda
não chegamos ao porto seguro, do outro lado. Agora, é
preciso lembrar que o grande Comandante, não apenas nos
enviou para a batalha, mas está conosco a par e passo, dia a
dia, minuto a minuto; ele disse: “Não te deixarei, nem te
desampararei” - Hebreus 13.5. Ele mesmo nos protegerá dos
inimigos internos e externos, não permitindo que sejamos
desencorajados e nem destruídos - “Porque ele te livrará do laço
do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as suas penas,
e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e
broquel. Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,
Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola
ao meio-dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não
chegará a ti” - Salmo 91.3-7. Confiando em suas promessas e
descansando em seu amor teremos a firme certeza de que as
negras nuvens passarão e novamente veremos o brilho da sua
glória; assim, prosseguiremos nossa marcha até cruzar o limite
do tempo e adentrarmos a eternidade.
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Artigo 12 – Essa certeza é um estímulo à piedade
Essa certeza de perseverança, longe de tornar os
verdadeiros crentes, orgulhosos e acomodados, é antes a
verdadeira raiz da humildade, da reverência filial, da genuína
piedade, da resistência em todo combate, das orações
fervorosas, da perseverança no sofrimento e na confissão da
verdade, e da duradoura alegria em Deus. Além disso, a
reflexão sobre esses benefícios é para eles um incentivo à séria
e constante prática da gratidão e das boas obras, como
evidencia o testemunho da Escritura e os exemplos dos
santos.
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Comentário: De fato, ao contrário do que supõem
alguns, todas as doutrinas da Graça nos humilham
grandemente, nos fazem sentir muita gratidão, temer a Deus e
desejar servi-lo ardentemente. Elas nos estimulam a um viver
piedoso e, a amar a Deus de todo o coração, pois revelam o
grande amor de Deus por nós, tendo piedade de nós, mesmo
quando estávamos em inimizade contra ele e vivendo nos
esquivando dele; ele veio ao nosso encontro, estendeu-nos a
destra da misericórdia, perdoou-nos e acolheu-nos em sua
família. Como cantou o salmista: “Os teus votos estão sobre mim, ó
Deus; eu te renderei ações de graças; Pois tu livraste a minha alma da
morte” - Salmo 56.12-13. Quando temos consciência de onde
Deus nos tirou e do que livrou-nos – corpo e alma –,
desejamos louvá-lo mais e mais e nos separar para ele e para o
seu inteiro agrado - “E qualquer que nele tem esta esperança
purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” - 1ª João 3.3.
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Poderíamos citar muitos valiosos exemplos nas escrituras e
também fora delas, de homens piedosos, que tiveram muita
clareza quanto a sua salvação graciosa e que jamais viveram de
maneira desleixada, antes viveram numa fervorosa relação
com Deus durante toda sua vida aqui na terra. Um grande
exemplo desse fato é o apóstolo Paulo. Poucas pessoas
tiveram uma firmeza tão grande na fé e segurança da sua
salvação. Isso, longe de tornar Paulo inexpressivo ou vaidoso
em seu testemunho, ao contrário, ele foi vibrante,
entusiasmado e serviu ao Senhor fervorosamente. Como ele
temos uma multidão de outros santos que, de igual modo, a
certeza do perdão de Deus e de sua salvação os fez dedicar-se
totalmente a ele com grande gratidão e fervor.
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Artigo 13 – Essa certeza não leva à negligência
A confiança renovada também não produz a falta de
zelo ou negligência da piedade naqueles que foram
restaurados, após caírem; antes, produz neles um cuidado
ainda maior em observar os caminhos do Senhor, que ele
preparou de antemão. Eles guardam esses caminhos para que,
ao andar neles, mantenham a certeza da sua própria
perseverança. Então, o rosto do seu Deus gracioso não se
afastará deles novamente por abusarem da us bondade
paternal, para não caírem em maior angústia espiritual. De
fato, para os que temem a Deus, a contemplação do seu rosto
é mais doce do que a vida, e o privar-se dela é mais amargo do
que a morte.
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Comentário: O verdadeiro crente é filho e sente muito
quando causa motivo de tristeza ao seu Pai celestial. Se
comete algum pecado, nele não permanece, mas clama pelo
perdão e purificação. Depois de perdoado e restaurado à
plena comunhão, esforçar-se-á grandemente para não mais
cair em desobediência. A coisa que mais o homem piedoso
teme é pecar e entristecer o Espírito Santo. Para ele há pelo
menos uma coisa pior do que a morte física – o pecado.
“Antes morrer que pecar”, esse foi o lema dos mártires,
porque a morte pode ser ganho, mas para o pecado
estabelecido e não coberto pelo sangue de Cristo, não há
recurso - “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” -
Filipenses 1.21. Só de pensar na possibilidade de ficar sem a
plena e doce comunhão com o Pai celestial, por causa de
pecado, nos faz aborrecer-nos a nós mesmos e odiar a nossa
vida neste mundo e, sonhar com o dia eterno, em que isso
não será mais uma possibilidade.
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Artigo 14 – O uso dos meios de graça na
perseverança
Assim como agradou a Deus começar essa obra de graça
em nós pela pregação do evangelho, assim ele a mantém,
continua e aperfeiçoa em nós pelo ouvir e pala leitura da sua
Palavra, pela meditação nela, pelas suas exortações, ameaças e
promessas, e pelo uso dos sacramentos.
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Comentário: As bênçãos espirituais nos são dispensadas
através das práticas e atos espirituais. Tudo o que o Senhor
ordenou a nós, é porque nos traz benefícios espirituais. Ler a
Bíblia, orar, cantar salmos, meditar na Palavra, congregar,
ouvir a pregação, participar do partir do pão e do cálice,
exortar-nos mutuamente, praticar obras de caridade, e todo
nosso trabalho no reino de Deus nos trazem bênçãos. Quanto
mais estivermos envolvidos com o reino de Deus, quanto
mais contemplarmos o reino, respirarmos seu ambiente e
quanto mais essa for nossa motivação, tanto mais abençoado
seremos, mais teremos firmeza na fé e confiança em nossa
jornada.
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Artigo 15 – Essa doutrina é odiada por Satanás,
mas é amada pela Igreja
Essa doutrina da perseverança dos verdadeiros crentes e
santos, assim como a convicção que eles têm dela, Deus
revelou abundantemente em sua Palavra para a glória do seu
nome e consolo dos piedosos. Ele é quem imprime no
coração dos crentes. É algo que a carne não compreende, que
Satanás odeia, que o mundo zomba, que os ignorantes e os
hipócritas ultrajam, e que os heréticos atacam. A Noiva de
Cristo, por outro lado, sempre a defendeu firmemente como a
um tesouro de valor inestimável; e Deus, contra quem
nenhum plano pode prosperar ou força alguma prevalecer,
cuidará para que a Igreja continue a fazer assim. Somente a
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este Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – seja a honra e a
glória para sempre. Amém!
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Comentário: A perseverança do verdadeiro crente é
certa, porque Aquele que começou a obra da redenção, é fiel e
poderoso para completá-la, e ele o fará. A salvação é uma
bênção completa e não pela metade; totalmente segura e não
mais ou menos - “E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos
chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele
mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá” - 1ª Pedro
5.10. Para os crentes essa doutrina é muitíssimo preciosa,
porque nos leva ao descanso nas promessas do Pai; mas, o
inimigo a odeia, justamente porque a glória de Deus está
envolvida aqui de maneira especial. Isto é, Deus nos salva
para a sua glória. Ele nos elegeu para a Sua glória, nos
chamou, justificou e nos preserva em santidade até a
glorificação, também para a sua glória - “E nos predestinou para
filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo... Para louvor e glória
da sua graça... Nele, digo, em quem também fomos feitos herança...
Com o fim de sermos para louvor da sua glória” - Efésios 1.5-6, 11, 12.
A oposição do inimigo, só nos faz lembrar que o próprio
Senhor Jesus Cristo assegura, que nenhuma das suas ovelhas
se perderá, nenhuma será desprezada - “Todo o que o Pai me dá
virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” -
João 6.37. O Senhor pode nos guardar como ninguém. As
ovelhas de Cristo são assunto entre ele e o Pai: “Tenho guardado
aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu” - João 17.12.
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Agradeçamos ao nosso Pai celestial por tão grande e segura
salvação. Amém.
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Pr. Nelson Nincao
Londrina – Abril – 2023
Endereço:
Rua Sena Martins, 400 – Higienópolis – Londrina – (Próximo ao Zerão)
Cultos:
Domingos as 9:30 e as 18:00 horas.
Reunião de Oração:
Quartas-feiras as 19:00 horas.
O que esperar
Central para o nosso culto de adoração são a pregação da Bíblia Sagrada, canto congregacional e oração. A intenção é louvar a Deus; Ele é o foco do serviço.
Quando você se junta a nós para o culto, os recepcionistas estão localizados na entrada do auditório e poderão ajudá-lo a se sentar e responder a quaisquer perguntas que você possa ter.
Email:
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