Catecismo de Heidelberg
Comentado
A Grande Reforma legou à Igreja de Cristo um
verdadeiro tesouro que são os catecismos e as confissões de
fé. Prestando atenção a esses documentos e examinando-os
ao lado da Bíblia teremos grande proveito para a nossa vida
espiritual.
Eles esboçam e colocam a doutrina da criação, da queda
e da redenção de forma sistemática facilitando-nos a
compreensão de todo o Conselho de Deus. Começaremos
aqui pelo Catecismo de Heidelberg.
O Catecismo de Heidelberg – Sua História
O grande movimento religioso do século XVI,
conhecido como a Grande Reforma Protestante, que marcou
e mudou a história da Igreja, deu origem a muitos escritos,
com o objetivo de trazer a Igreja de volta às Escrituras, entre
eles estão as declarações doutrinárias – as confissões de fé e os
catecismos. E um dos mais extraordinários desses
documentos escritos naquele período foi o famoso Catecismo
de Heidelberg – o mais importante documento confessional
da Igreja Reformada Alemã, que veio a tornar-se também, a
mais amplamente aceita das confissões de fé protestantes. Ele
surgiu na cidade de Heidelberg, Alemanha, a pedido do
Eleitor Frederico III, governador entre 1559 e 1576, da mais
influente província alemã, chamada Palatinado. Frederico
queria um catecismo que fosse conciliador e combinasse o
melhor da sabedoria luterana e reformada, que servisse para
instruir as pessoas comuns nos elementos básicos da fé cristã.
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Confiou a importante tarefa a dois homens notáveis: Zacarias
Ursinus e Gaspar Olevianus, talentosos teólogos de
orientação suíça, ambos muito jovens, mas muito experientes.
Ursinus foi nomeado professor de teologia – ele havia iniciado
os seus estudos teológicos com Philipp Melanchton (principal
colaborador de Martinho Lutero) e também estudou
pessoalmente com João Calvino. Olevianus era um
protestante reformado francês que também havia estudado
com Calvino e apreciava os escritos de Melanchton. Este
tornou-se o pastor da principal igreja de Heidelberg. Seus
nomes ficariam permanentemente associados ao produto
mais influente do movimento reformado alemão – o
Catecismo de Heidelberg, publicado no dia 19 de janeiro de
1563. Zacarias Ursinus (1534-1583) nasceu na cidade de
Breslau (hoje na Polônia), passou sete anos em Wittenberg
(1550-1557) sob a orientação de Melanchton, ao qual se
apegara fortemente. Ali ele estudou lógica, dialética e teologia.
Gaspar Olevianus (1536-1587) nasceu em Treves, na fronteira
de Luxemburgo. Ursinus e Olevianus trabalharam no Colégio
da Sabedoria, a escola de teologia criada por Frederico III.
Olevianus atuou principalmente como pregador e Ursinus
como professor. Nasceu o Heidelberg, uma das peças mais
preciosas da herança reformada, e foi publicado sob o título
Catecismo ou Instrução Cristã como tem sido transmitida nas
Igrejas e Escolas do Palatinado Eleitoral. Uma edição latina
publicada em 1563 foi usada como base para várias traduções
para o inglês. O Catecismo Palatino, como veio a ser
chamado, teve também ampla aceitação na Escócia e depois
de sua aprovação e reconhecimento pelo Sínodo de Dort
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(1618-1619) aumentou grandemente a sua autoridade. A
importância do Catecismo de Heidelberg como um guia para
a vida cristã é evidenciada pelas suas muitas edições e
traduções. Somente nas últimas décadas do século XVI foram
feitas quarenta e três edições e traduções. No século XVII, no
Brasil, foi traduzido para o Tupi, a língua mais falada aqui
naquela época, antes do Português ser oficializado. Hoje,
seguramente, mais de 200 versões são conhecidas. O
Catecismo é uma belíssima exposição da fé calvinista e
reformada. São 129 perguntas e respostas, que fazem uma
perfeita exposição sistemática da doutrina bíblica, dividida em
52 seções, para ser aplicada uma a cada Domingo. Ele enfatiza
três coisas: 1) cada homem necessita saber de sua miserável
condição diante de Deus; que está condenado a perdição
eterna sob a ira de Deus; 2) ele pode ser salvo dessa condição;
como? crendo e confiando unicamente em Jesus Cristo, o
Mediador; 3) como ele deve viver como salvo: em total
gratidão a Deus, durante toda a sua vida, sempre crescendo
mais e mais através dos meios da graça de Deus.
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Parte 1 – Nossa Miséria
Dia do Senhor 1
P. 1: Qual é o seu único consolo, na vida e na morte?
R.: Que não pertenço a mim mesmo, mas pertenço, de
corpo e alma, tanto na vida quanto na morte, ao meu fiel
Salvador Jesus Cristo.
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Ele pagou completamente todos os meus pecados com o
seu sangue precioso e me libertou de todo o domínio do
diabo.
Ele também me guarda de tal maneira que, sem a
vontade de meu Pai celeste, nem um fio de cabelo pode cair
da minha cabeça; na verdade, todas as coisas cooperam para a
minha salvação.
Por isso, pelo seu Espírito Santo, ele também me
assegura a vida eterna e me faz disposto e pronto de coração
para, de agora em diante, viver para ele.
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Comentário: Devemos ter consciência de que somos do
Senhor, primeiro por direito de criação, segundo por direito
de redenção e terceiro por direito de preservação e
conservação. Deus é quem dá a vida, tanto a natural quanto a
espiritual. A nossa vida espiritual é uma vida de fé e é o
próprio Deus que nos faz perseverar na fé. De modo que é
Ele que nos mantém tanto física quanto espiritualmente. Se
devemos tudo a Ele, então somos dele – “Do Senhor é a terra e a
sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” – Salmos 24.1.
Quão tolo é o homem que supõe ser dono de si próprio.
Frágil como somos, nada é mais consolador do que saber que
temos um Dono e que Ele é o Grande Senhor Jesus Cristo.
Não reconhecer a Deus e não servi-lo é o maior pecado da
humanidade. A grande maioria sempre viveu como se Deus
não existisse. Assim, todos os homens são igualmente
pecadores e culpados diante de Deus. Porém, aqueles que são
chamados à fé em Cristo e, conscientemente passam a servi-lo
em amor, esses são resgatados da escravidão do pecado, têm
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sua culpa perdoada e passam a ser habitados pelo Espírito
Santo de Deus e preservados do mal deste mundo. Esses são
os eleitos de Deus que habitarão com Ele para sempre. Esse é
o nosso maior consolo.
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P. 2: O que você precisa saber para viver e morrer nesse
consolo?
R.: Primeiro, como são grandes meus pecados e
minha miséria;
Segundo, de que modo sou liberto de todos os meus
pecados e miséria.
Terceiro, de que modo devo ser grato a Deus por tal
libertação.
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Comentário: O pecador tem uma doença eterna,
incurável que o levará fatalmente à morte eterna, a menos que
ele receba a Cristo como seu Salvador. Jesus Cristo é grande
Médico e somente Ele pode nos curar. O pecado causa a
morte física de todo homem, mas além dessa morte ele causa
também a morte espiritual, a qual de fato, veio primeiro. A
redenção que Deus proveu através de Cristo Jesus, redime o
espírito do crente, mas seu corpo irá morrer; contudo, depois
que for abatido pela morte, um dia Deus o ressuscitará e unirá
corpo à alma novamente, dessa vez para sempre. Essa é a cura
eterna, o corpo glorificado nunca mais pecará e nem
adoecerá. Por essa tão grande cura que é a nossa salvação
devemos ser muito gratos a Deus e servi-lo com grande
alegria. É isso que o Catecismo ensina: sermos conscientes da
multidão dos nossos pecados e nossa total depravação – “Toda
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a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até
a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres
não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo” – Isaías 1.5-6.
Também estarmos conscientes que apenas e tão somente em
Jesus Cristo temos esperança – “E em nenhum outro há salvação,
porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os
homens, pelo qual devamos ser salvos” – Atos 4.12. E finalmente
sermos eternamente gratos a Ele por sua grande misericórdia
por nós – “Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem
feito?” – Salmos 116.12. Sermos povo do Senhor é o nosso
maior privilégio, quem não é cristão e não adora a Deus
através de Jesus Cristo, não está reconciliado com Deus, mas
está em rebelião contra Ele e será tratado como seu inimigo –
“E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse
sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim” – Lucas 19.27.
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Dia do Senhor 2
P. 3: Como você sabe dos seus pecados e miséria?
R.: Pela lei de Deus.
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Comentário: Os padrões absolutos de Deus nos
expõem, revelando toda nossa maldade, corrupção e
fraquezas. Como um espelho, a Lei revela a nossa feiura,
assimetria e sujeira; como um esquadro e um prumo expõe as
nossas deformidades; como um gabarito expõe a nossa
incapacidade. Seus padrões são tão elevados que homem
algum jamais os poderia alcançar – “Por isso nenhuma carne será
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justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o
conhecimento do pecado” – Romanos 3.20.
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P. 4: O que a lei de Deus exige de nós?
R.: Aquilo que Cristo nos ensina resumidamente em
Mateus 22:37-40 – “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o
grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos
dependem toda a Lei e os Profetas”.
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Comentário: Todo o ensino das Escrituras Sagradas se
resume nisso: Amar a Deus acima e antes de tudo, e em
seguida o amar ao próximo como a si próprio. Amar a Deus
significa obedecê-lo, temê-lo, o adorá-lo e agradá-lo sempre –
“Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de
todo o homem” – Eclesiastes 12.13. Amar o próximo significa
respeitá-lo, servi-lo, buscar viver em paz com ele e empenharse para que em tudo ele vá bem – “Portanto, tudo o que vós
quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a
lei e os profetas” – Mateus 7.12.
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P. 5: Você consegue guardar tudo isso perfeitamente?
R.: Não. Por natureza, sou inclinado a odiar a Deus e a
meu próximo.
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Comentário: Homem algum, jamais cumpriu toda a Lei
de Deus, pois a Lei é espiritual e nós somos carnais – “Porque
bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o
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pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço,
mas o que aborreço isso faço” – Romanos 7.14-15. E o homem
natural ama apenas a si mesmo. A Deus e ao próximo, ele ama
na medida em que estes o sirvam e satisfaçam seus interesses
pessoais. Esse é seu amor: interesseiro e carnal. Então ele, de
fato, não ama nem a Deus e nem ao seu próximo, antes os
odeia. Por isso diz a Escritura: “Porque também nós éramos noutro
tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias
concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiandonos uns aos outros” – Tito 3.3. Por isso contamos com a Graça de
Deus para nos capacitar à obediência. Rogamos a Deus que
torne a obediência de Cristo nossa obediência e confiamos
que Ele nos aperfeiçoará a cada dia.
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Dia do Senhor 3
P. 6: Então, Deus criou o homem assim tão mau e
perverso?
R.: Não, pelo contrário, Deus criou o homem bom e à
Sua imagem, isto é, em verdadeira justiça e santidade, de
modo que ele pudesse conhecer corretamente a Deus, o seu
Criador, amá-lo de coração, e viver em eterna felicidade para o
louvar e glorificar.
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Comentário: Depois que Deus terminou a criação,
incluindo o homem, avaliou sua obra, aprovou-a e deu nota
máxima. “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom”
– Gênesis 1.31. Ninguém, além do próprio Deus poderia avaliar
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sua criação. E Ele declarou que tudo o que havia criado era
perfeito. Não havia nenhum erro, nem defeito ou
deformidade, fosse física ou moral. Tudo era muito bom.
Quanto ao homem, a única criatura feita à imagem e
semelhança do Criador, tinha tudo o que precisava para
conhecer a Deus, comungar com Ele e desfrutar da sua
amizade para sempre. Adão, contudo, perdeu tudo isso com a
queda. Situação que foi revertida com a morte de Cristo na
cruz. Na cruz a queda foi revertida e a maldição removida.
Um dia veremos a manifestação plena desta vitória e os
santos resplandecerão à imagem de Deus – “Então os justos
resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” – Mateus 13.43, e por
toda a eternidade Ele habitará entre nós – “Eis aqui o
tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão
o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” –
Apocalipse 21.3.
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P. 7: De onde veio, então, a natureza corrompida do
homem?
R.: Da queda e desobediência dos nossos primeiros pais,
Adão e Eva, no Paraíso. Pois ali, a nossa natureza tornou-se
de tal modo corrupta, que somos todos concebidos e
nascidos em pecado.
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Comentário: Adão sendo nosso representante máximo,
o cabeça da humanidade, quando desobedeceu a Deus e caiu
em pecado, consequentemente colocou toda a sua
descendência sob a mesma condição: caída e condenada. O
apóstolo Paulo explica assim: “Portanto, como por um homem
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entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a
morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” – Romanos
5.12. Assim, cada bebê que nasce neste mundo, traz dentro
dele a semente do pecado. O homem nada traz à este mundo
exceto o seu pecado. Essa é a única propriedade a que tem
direito – o pecado e suas mazelas. Todas as demais coisas que
ele obtêm neste mundo, de fato não lhe pertencem, pois
quando deixar esta vida, todas as coisas ficarão aqui, exceto o
seu pecado, este continuará com ele para sempre. A única
maneira de se ver livre dessa propriedade indesejada é ser
redimido por Cristo. O redimido deixará tudo inclusive o
pecado e partirá, livre da presença do pecado para sempre.
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P. 8: Mas somos tão corruptos que não somos capazes
fazer bem algum e somos inclinados a todo mal?
R.: Sim, a menos que sejamos gerados novamente pelo
Espírito de Deus.
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Comentário: O pecado é essencialmente maligno.
Mesmo o menor pecado tem tanta malignidade que seria
suficiente para alimentar o inferno eternamente. Então ele
corrompe e contamina completamente – pensamentos,
vontade, motivações, emoções, impedindo o homem de fazer
qualquer coisa pura aos olhos de Deus. Mesmo as nossas
melhores obras são contaminadas e trazem a coloração turva,
o odor fétido, o sabor salobre do pecado. Ainda as obras dos
regenerados não são perfeitas e nem totalmente agradáveis,
mas, por causa de Cristo, o Pai as considera, pois elas não
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objetivam alcançar o favor de Deus, mas são feitas por fé e
amor, em gratidão a Deus.
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Dia do Senhor 4
P. 9: Mas Deus não age injustamente com o homem ao
exigir em sua lei aquilo que o homem não consegue cumprir?
R.: Não, pois Deus criou o homem de tal forma que este
era capaz de cumprir essa lei. Mas o homem, sob a instigação
do diabo, em desobediência deliberada, privou-se a si mesmo
e a todos os seus descendentes desses dons.
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Comentário: Ocorre que antes da queda o homem
tinha condições de obedecer a Deus, mas cedendo à tentação
e à cobiça, aspirou por novidades. Mais do que Deus lhe havia
dado e ainda lhe daria Adão jamais teria por outros meios,
mas seduzido pela mulher, por sua vez seduzida pela
Serpente, Adão desobedeceu a lei de Deus. A sedução era:
“sereis como Deus” – Gênesis 3.5. O fato é que nem Adão e nem
Eva sabiam bem o que a Serpente estava sugerindo. Mas a
curiosidade e a cobiça, somado o desejo de novidade e de ter
mais do que tinham levou-os a desprezar a lei de Deus. Como
Deus lhes havia alertado, o desastre foi inevitável e o
resultado imediato: morte espiritual, separação da vida e da
comunhão com Deus. Tiveram seus olhos abertos, para que?
Para ver suas vergonhas. Conheceram o bem, mas não tinham
o poder para realizá-lo; conheceram o mal e não podiam
evitá-lo. Depois da queda Deus continua exigindo obediência.
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Isso não só é justo, como é bom para o homem, pois a lei lhe
estabelece limites seguros e restrições saudáveis. O bom Deus
também promete o seu Espírito Santo, que nos capacita para
a obediência. No mais, que nenhuma criatura se atreva a julgar
Deus ou avaliá-lo. Tudo o que Deus faz é bom, justo, e tem
santos propósitos e motivações.
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P. 10: Deus permitiria que tal desobediência e apostasia
ficassem sem castigo?
R.: Certamente que não, pois tanto o nosso pecado
original quanto os nossos pecados presentes o deixam
terrivelmente irado.
Por isso, ele os castigará com justo juízo, agora e
eternamente, conforme declarou: “Maldito todo aquele que
não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei,
para praticá-las” (Gálatas 3.10).
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Comentário: Deus não apenas exige obediência aos
seus mandamentos, como se ira contra a quebra deles pelos
homens – “Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas
coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” – Efésios 5.6.
Para quem os despreza há uma punição temporal, nesta vida,
e ainda a punição eterna para os que se perdem – “Então dirá
também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” –
Mateus 25.41. E “Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição,
ante a face do Senhor e a glória do seu poder” – 2ª Tessalonicenses 1.9.
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P. 11: Mas Deus não é também misericordioso?
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R.: Deus é, verdadeiramente misericordioso, mas
também é justo.
A sua justiça requer que o pecado cometido contra a sua
suprema majestade seja castigado também com a pena
máxima, quer dizer, com o eterno castigo do corpo e da alma.
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Comentário: A ira de Deus não é uma paixão como a
ira humana. Ele não é um ser temperamental, inconstante,
mutável. Sua ira é um atributo, que, como todos os demais
atributos, é eterna. Assim como o amor e a misericórdia de
Deus são eternos, assim também a sua ira é eterna. E esse
atributo seu não pode contemplar o pecado, a injustiça, a
iniquidade. Por isso a Escritura diz que Ele tanto age com
misericórdia longânima, quanto se ira com ira eterna –
“Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que
guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e
guardam os seus mandamentos” – Deuteronômio 7.9. E “O Senhor é
Deus zeloso e vingador; o Senhor é vingador e cheio de furor; o Senhor
toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus
inimigos” – Naum 1.2. E ainda “Porque do céu se manifesta a ira de
Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a
verdade em injustiça” – Romanos 1.18. Assim, seus atributos
podem manifestar-se ao mesmo tempo. Como o Senhor Jesus
Cristo fez: “E, olhando para eles em redor com indignação,
condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a tua
mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra”
– Marcos 3.5. Ele irou-se e afligiu-se ao mesmo tempo, tendo
misericórdia daqueles homens pecadores perdidos.
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Parte 2 – Nossa Salvação
Dia do Senhor 5
P. 12: Se pelo justo julgamento de Deus merecemos
tanto o castigo temporal quanto o eterno, como, então,
poderemos escapar dessa punição para sermos novamente
recebidos em graça?
R.: Deus requer que sua justiça seja satisfeita. Por isso,
nós mesmos devemos satisfazer completamente essa justiça,
ou outro deve fazê-lo por nós.
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Comentário: A santa justiça de Deus requer que o
pecado cometido contra a sua suprema majestade não
permaneça sem a devida punição. Todo pecado é punido com
o máximo rigor, com o máximo poder, com a máxima
exatidão. Deus avisou a Adão que se ele o desobedecesse
seguramente seria punido com a morte – “Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em
que dela comeres, certamente morrerás” – Gênesis 2.17. E assim
aconteceu, ele pecou e a morte entrou no nosso mundo –
“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por
isso que todos pecaram” – Romanos 5.12. Todos pecaram e
ninguém escapará do juízo de Deus. Todo pecado será
castigado com a morte – “Eis que todas as almas são minhas; como
o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que
pecar, essa morrerá” – Ezequiel 18.4. Porém, quando um pecador
crê em Jesus Cristo e arrepende-se de seus pecados, recebe o
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perdão de Cristo, porque Ele morreu para resgatar seu povo
dos pecados deles. Assim, os cristãos verdadeiros não serão
mais punidos, porque Jesus já o foi no lugar deles. Contudo,
quanto aos demais, os que não creem em Cristo, serão
infalivelmente justiçados e condenados ao castigo eterno.
Todo pecado que não foi punido na cruz será punido no
inferno. Os pecados dos crentes foram atribuídos a Cristo e
punidos nele na cruz do Calvário. Os descrentes terão que
acertar sozinhos sua dívida com a justiça divina.
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P. 13: Podemos, nós mesmos, satisfazer essa justiça?
R.: Certamente que não. Pelo contrário, todos os dias
aumentamos a nossa dívida para com Deus.
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Comentário: Homem algum, jamais, poderia satisfazer a
justiça de Deus e assim dar conta de seus próprios pecados. A
melhor justiça do mais santo dos homens não daria conta de
nem mesmo um único pecado. E nós temos multidões deles e
só fazemos aumentá-los. A única justiça que satisfez a Deus
foi a Sua própria, por isso a justiça de seu Filho o satisfez,
pois Jesus é Deus e tem a justiça eterna – “Setenta semanas estão
determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para
extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e
trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos
santos” – Daniel 9.24.
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P. 14: Qualquer mera criatura pode satisfazê-la por nós?
R.: Não.
Primeiro, porque Deus não castigará outra criatura pelo
pecado que o homem cometeu.
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Segundo, porque nenhuma mera criatura pode suportar
o peso da ira eterna de Deus contra o pecado, nem liberar
outros dela.
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Comentário: Homem por homem, essa é a justiça da lei.
Se alguém iria tomar o nosso lugar deveria ser outro homem,
isto é, outro da família humana. Deveria ser da nossa raça,
mas sem o nosso pecado. Não poderia, portanto, ser um
homem terreno, teria que vir do céu. Para suportar a ira
eterna pelos pecados da humanidade não poderia ser um
simples mortal. Por isso o Filho eterno se encarnou, veio ao
mundo fazer o que ninguém mais poderia: expiar os nossos
pecados e nos salvar, o que era completamente impossível a
nós. Jesus Cristo é o único homem divino da história do
tempo e da eternidade; nele, Deus se fez carne – “E o Verbo se
fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do
Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” – João 1.14; “Porque um
menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os
seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus
Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” – Isaías 9.6. Aquele
menino que nasceu, era também o Deus Forte, Pai da
Eternidade…, por isso ele pôde vencer não apenas o pecado,
mas também Satanás, o mundo e a morte; pôde suportar a ira
divina contra os nossos pecados e nos atribuir a justiça eterna.
Amém.
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P. 15: Que tipo de mediador e libertador temos que
buscar?
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R.: Alguém que seja verdadeiro homem e justo, e mais
poderoso que todas as criaturas, isto é, alguém que seja ao
mesmo tempo verdadeiro Deus.
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Comentário: Só há um Mediador entre o Deus Santo e
o homem caído – “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre
Deus e os homens, Jesus Cristo homem” – 1ª Timóteo 2.5. Deus
mesmo o estabeleceu, portanto, ele é único perfeitamente
justo e absolutamente suficiente para realizar a redenção.
Antes de Cristo, Deus perdoava todo aquele que se
aproximava dele confiando no Cordeiro que viria – “E disse
Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto” – Gênesis
22.8; “Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um
cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus
tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca” – Isaías 53.7. Depois
que Cristo veio, Deus perdoa todo aquele que se aproxima
dele confiando no Cordeiro que já veio – “No dia seguinte João
viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo” – João 1.29.
————————————————————————–
Dia do Senhor 6
P. 16: Por que o mediador tem que ser um verdadeiro
homem e homem justo?
R.: Tem que ser verdadeiro homem, porque a justiça de
Deus exige que a mesma natureza humana que pecou pague
pelo pecado. Tem que ser homem justo, porque alguém que,
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O Catecismo de Heidelberg
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por natureza já é pecador, não pode pagar pelos pecados dos
outros.
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Comentário: Como o pecado entrou no mundo por um
homem, a expiação e redenção deveriam também ser feitas
por um homem. Porém esse homem não poderia ser um
pecador como os demais. Os cordeiros dos sacrifícios, que
eram tipos do Cordeiro de Deus que viria, deviam ser sem
quaisquer defeitos – “O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula” –
Êxodo 12.5. “E, quando alguém oferecer sacrifício pacífico ao Senhor,
separando dos bois ou das ovelhas um voto, ou oferta voluntária, sem
defeito será, para que seja aceito; nenhum defeito haverá nele” – Levítico
22.21; da mesma forma também o nosso representante, tinha
que ser necessariamente imaculado – “Àquele que não conheceu
pecado, o fez pecado por nós” – 2ª Coríntios 5.21. Jesus é sacerdote
santo, que nunca pecou – “… porém, um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado” – Hebreus 4.15; “Mas com o precioso sangue
de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” – 1ª Pedro
1.19.
————————————————————————–
P. 17: Por que ele deve ser, ao mesmo tempo, verdadeiro
Deus?
R.: Ele tem que ser verdadeiro Deus para que, pelo
poder da sua natureza divina, possa suportar em sua natureza
humana o peso da ira de Deus, e conquistar e restituir para
nós a justiça e a vida.
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Comentário: Nenhuma criatura moral, fosse homem ou
anjo, jamais poderia suportar o que Jesus Cristo suportou, isto
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O Catecismo de Heidelberg
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é, todo o furor da ira eterna de Deus pelos nossos pecados.
Na cruz o Senhor suportou as “angústias do inferno”- Salmo 116.3,
quando experimentou a total ausência da graça e da
assistência de Deus. Ele disse: “A minha alma está profundamente
triste até a morte” – Marcos 14.34. Para enfrentar Satanás e seus
demônios e derrotá-los, o nosso resgatador deveria ser além
de homem como nós, também Deus. A missão de reverter os
estragos da queda só poderia ser cumprida pelo Filho Eterno.
O maior brado de vitória que este mundo ouviu foi o do
Senhor Jesus na cruz, quando consumou a nossa redenção:
“Está consumado!” – João 19.30.
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P. 18: Mas que Mediador é esse que é, ao mesmo tempo,
verdadeiro Deus e verdadeiro homem e homem justo?
R.: O nosso Senhor Jesus Cristo, “o qual se nos tornou, da
parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1a
Coríntios 1.30).
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Comentário: Jesus Cristo é o nosso Campeão – o nosso
Davi que enfrentou Golias para salvar o Israel de Deus. Assim
como a vitória de Davi foi a vitória de Israel, também a vitória
de Cristo é a nossa vitória, sua justiça é a nossa justiça, sua
obediência à Lei é a nossa obediência. Todas as conquistas de
Jesus, nosso Irmão mais velho nos são atribuídas pelo nosso
Pai.
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P. 19: Como você sabe disso?
R.: Pelo santo Evangelho, que o próprio Deus revelou
pela primeira vez no Paraíso.
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O Catecismo de Heidelberg
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Depois, ele o proclamou pelos santos patriarcas e
profetas, e o prefigurou pelos sacrifícios e demais cerimoniais
da lei.
E, finalmente, o cumpriu por meio do seu único Filho.
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Comentário: A Bíblia Sagrada, do começo ao fim, narra
duas histórias: a da criação e a da redenção; a redenção é uma
nova criação. Ela começa falando da história da criação num
plano, mas noutro plano se desenrola o maravilhoso plano da
redenção. Essas duas histórias caminham juntas de Gênesis ao
Apocalipse. Com a morte de Jesus Cristo na cruz do Calvário,
a maldição é removida, a queda é revertida e um novo tempo
começa. Hoje vemos o plano da redenção com muito mais
clareza do que os crentes do Antigo Testamento. Um dia
haverá a completude da redenção e a plena manifestação do
reino de Deus. Será a consumação de todas as coisas e
estaremos na esfera da nova criação.
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Dia do Senhor 7
P. 20: Então, todos os homens são salvos por Cristo
exatamente como pereceram por meio de Adão?
R.: Não. Só são salvos os que, pela verdadeira fé, são
enxertados em Cristo e aceitam todos os seus benefícios.
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Comentário: A redenção não é automática, mas o
Espírito Santo a revela e a aplica aos que creem. Todos
quantos são chamados do mundo, devem publicamente
professar a sua fé e confiar totalmente em Cristo para a sua
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O Catecismo de Heidelberg
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salvação. Apenas esses receberão os benefícios da sua morte e
ressurreição – “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome… Quem crê nele
não é condenado; mas quem não crê já está condenado” – João 1.12 e
3.18.
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P. 21: O que é a verdadeira fé?
R.: A verdadeira fé é a convicção com que aceito como
verdade tudo aquilo que Deus nos revelou em sua Palavra.
É também a firme certeza de que Deus garantiu – não
só a outros, mas também a mim – perdão de pecados, justiça
eterna, e salvação, por pura graça e somente pelos méritos de
Cristo.
O Espírito Santo opera essa fé em meu coração, por
meio do Evangelho.
————————————————————————–
Comentário: Fé é conhecer a Deus e confiar
plenamente nele. Conhecer, reconhecer, crer e confiar
plenamente em Seu Filho como o único mediador entre Deus
e os homens. É confiar que o Filho de Deus morreu por mim,
assim como por cada um dos que creem e vêm a Ele quando
são chamados. Fé não é visualização, superstição, nem sonho,
mas é confiança perseverante até o fim, até a morte. Não
podemos sentir nem mensurar a fé, mas podemos saber se ela
está no lugar certo. Ela não deve estar em nós mesmos, isto é,
nossa experiência, justiça, nem na nossa própria fé, nem ainda
em anjos, nem nos santos, mas apenas em Jesus Cristo. A
verdadeira fé, a fé que salva, é um dom de Deus e ela
direciona o crente para Jesus Cristo e a Ele unicamente. A fé
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O Catecismo de Heidelberg
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salvífica jamais foca outro mediador fora daquele que o Pai
estabeleceu. Portanto para alguém ser salvo não basta que
tenha fé, nem mesmo que tenha muita fé, mas sua fé precisa
estar em Cristo – “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que
crê em mim tem a vida eterna” – João 6.47; “Estas coisas vos escrevi a
vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que
tendes a vida eterna” – 1ª João 5.13. Então, não é crer em alguma
coisa, em qualquer coisa ou em qualquer um, mas crer no
Filho de Deus – Jesus Cristo. Essa é a fé bíblica.
————————————————————————–
P. 22: Então, em que o cristão deve crer?
R.: Em tudo que nos está prometido no Evangelho e
que nos é ensinado resumidamente pelos artigos da nossa
católica e indubitável fé cristã.
————————————————————————–
Comentário: Todo cristão deve crer na doutrina dos
apóstolos de Cristo – “E perseveravam na doutrina dos apóstolos” –
Atos 2.42, pois isso é todo o Conselho de Deus para a Igreja
– “Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” – Atos
20.27. De fato, o Credo dos Apóstolos, o Symbolum
Apostolicum, nos dá um perfeito resumo da doutrina de
Cristo por meio dos seus profetas e apóstolos.
————————————————————————–
P. 23: Que artigos são esses?
R. 1. Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do
céu e da terra;
2. e em Jesus Cristo, seu Filho Unigênito, nosso Senhor;
3. que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da
virgem Maria;
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O Catecismo de Heidelberg
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4. padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi
crucificado, morto e sepultado, desceu ao inferno;
5. no terceiro dia ressurgiu dos mortos;
6. subiu ao céu e está sentado à direita de Deus Pai
Todo-Poderoso;
7. donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
8. Creio no Espírito Santo;
9. na santa Igreja católica, na comunhão dos santos;
10. na remissão dos pecados;
11. na ressurreição do corpo;
12. e na vida eterna. Amém.
————————————————————————–
Comentário: Crer em Deus Pai é crer, honrar e adorar o
único Deus vivo e verdadeiro. Crer em Jesus Cristo é confiar
inteiramente no mediador que o Pai estabeleceu para nossa
salvação. Crer na concepção virginal é crer nas duas naturezas
de Cristo – sua humanidade e sua divindade. Quando o Credo
diz que Ele nasceu da virgem Maria e padeceu sob o governo
de Pôncio Pilatos, está situando estes acontecimentos na
História, para mostrar que nossa fé tem lastro na história
secular a qual comprova esses fatos. Professar que cremos em
sua morte, crucificação e ressurreição, significa crer em todos
os seus atos redentivos, em sua vitória sobre todos os
inimigos e poderes do inferno. Crer no Juízo Final é aguardar
a promessa que o Senhor nos fez que voltaria para os seus.
Esse dia do juízo será, ao mesmo tempo, horrível para os
ímpios e glorioso para os fiéis. Crer no Espírito Santo é crer
na perfeita e Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Professa a santidade e catolicidade da Igreja é crer que ela é
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santa e uma só; daí também a comunhão dos santos, pois há
muitos membros, mas uma única Cabeça, formando um só
Corpo. Crer na remissão de pecados é crer na salvação pela
graça que foi conquistada por Cristo – Jesus nos redimiu. Crer
na ressurreição é esperar o novo corpo glorificado que o
Senhor nos dará no último dia, corpo no qual viveremos
eternamente com o Senhor. Amém.
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Dia do Senhor 8
P. 24: Como se dividem esses artigos?
R.: Em três partes:
– A primeira parte nos ensina sobre Deus, o Pai, e a
nossa criação;
– A segunda parte nos ensina sobre Deus, o Filho, e a
nossa redenção;
– A terceira parte nos ensina sobre Deus, o Espírito
Santo, e a nossa santificação.
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Comentário: Apesar de o Credo separar cada parte dessa
forma, para melhor compreensão do leitor, de fato, o Pai, o
Filho e o Espírito Santo, são eternamente juntos; eles estão
juntos na criação, bem como na redenção, assim também na
nossa santificação. Eles são inseparáveis, trabalham e operam
eternamente juntos. O Senhor Jesus disse: “… Meu Pai trabalha
até agora, e eu trabalho também” – João 5.17, como quem diz:
“Meu Pai trabalha e eu trabalho com ele; trabalhamos juntos”.
O Credo confessa essa unidade da Trindade.
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P. 25: Visto que só existe um único Deus, por que é que
você fala em três Pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo?
R.: Porque o próprio Deus se revelou de tal maneira em
sua Palavra, que essas três Pessoas distintas são o único,
verdadeiro e eterno Deus.
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Comentário: O Credo dos Apóstolos, conhecido como
o Símbolo, se apresenta em três partes principais onde cada
uma enfatiza uma das Pessoas da Trindade. Isto mostra que a
fé histórica da Igreja de Cristo sempre expressou essa
doutrina, que embora não tenha nome nas Escrituras, pode
ser largamente percebida tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento. Elohim é uma palavra plural que se refere a um
só Deus e compreende ao mesmo tempo três Pessoas
Benditas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não podemos
compreender esta doutrina com a nossa mente natural, mas
devemos crê-la pois é assim que o verdadeiro Deus se revela
no Sagrado Livro. Um milagre não é verdadeiro só se eu
puder explicá-lo, mas se Deus o fez. Da mesma forma uma
doutrina não é verdadeira só se eu puder compreendê-la, mas
se Deus a disse, se está no seu Livro. Seria grande estupidez
de nossa parte, criaturas caídas que somos, desejar
compreender tudo quanto Deus é e o que Ele faz. Há três
atributos principais que são inerentes a Deus e
incomunicáveis: Onipotência, Onisciência e Onipresença. Só
Deus tem esses atributos. Uma vez que são incomunicáveis,
nenhuma criatura os recebeu. Mas o Deus Pai, o Deus Filho e
o Deus Espírito Santo são todos tanto onipotentes, quanto
oniscientes, quanto onipresentes. A Bíblia apresenta cada um
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deles tendo todos esses atributos intransmissíveis. E como
Deus é um só, estes três constituem o único e verdadeiro
Deus, Aquele que é Santo, Santo e Santo. Ele é o Deus da
Igreja e o Senhor Jesus disse que cada membro efetivo do seu
povo deve ser selado “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo” – Mateus 28.19. O apóstolo invocou a bênção sobre a
Igreja dizendo: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e
a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém” – 2ª
Coríntios 13.13. O Credo Apostólico colocou a Igreja junto com
Espírito Santo. É o Espírito que chama os eleitos de Deus,
lhes revela o Evangelho de Cristo e o Cristo do Evangelho;
Ele os regenera, dá-lhes fé e arrependimento e os congrega
num corpo, a Igreja.
————————————————————————–
Deus Pai e a nossa criação
Dia do Senhor 9
P. 26: Em que você crê quando diz: “Creio em Deus Pai,
Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra”?
R.: Creio que o eterno Pai do nosso Senhor Jesus Cristo,
que criou do nada, o céu e a terra e tudo o que neles há, e
também os sustenta e governa por seu conselho e providência
eternos é o meu Deus e o meu Pai, por causa do seu Filho
Jesus Cristo.
Creio nele tão completamente, que não tenho nenhuma
dúvida de que ele me suprirá de tudo o que é necessário ao
corpo e à alma, e que também converterá em bem para mim
toda a adversidade que me enviar nessa vida conturbada.
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Ele assim pode fazer porque é Deus Todo-Poderoso e o
quer fazer porque é Pai Fiel.
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Comentário: Os cristãos são criacionistas, pois é o que a
Bíblia diz; ela diz que Deus é o Criador de tudo quanto existe.
O livro de Gênesis começa dizendo: “No princípio criou Deus os
céus e a terra” – Gênesis 1.1. E o Evangelho de João começa assim:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas
por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” – João 1.1-3. Ele
pensou, planejou, decretou e ordenou a existência, a
manutenção, o propósito de todas as coisas criadas. Ele
decretou a vida de cada ser e todas as circunstâncias que os
envolvem em toda a sua vida do começo ao fim. Uma vez
tudo criado, Ele sustenta, mantêm, governa e dirige tudo e
todos para o fim que decretou – “Mas o nosso Deus está nos céus;
fez tudo o que lhe agradou” – Salmo 115.3. Toda a criação depende
de Deus para continuar existindo e sem Ele toda criação
entraria em colapso. Portanto nosso Deus não é apenas o
Criador, mas também o sustentador, mantenedor, gestor de
toda a sua criação. Sendo nosso Pai, confiamos que Ele
sempre nos sustentará, nos dando tanto provisão material
quanto espiritual; guardando-nos do maligno e fazendo com
que o mal que nos sobrevêm nesta vida, sempre promova o
nosso bem maior – “E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito” – Romanos 8.28. Saber que esse
Deus maravilhosíssimo é o nosso Pai através de Jesus Cristo, é
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O Catecismo de Heidelberg
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algo que nos dá toda segurança, tranquilidade e consolação. O
Senhor Jesus ensinou: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas
coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará
bens aos que lhe pedirem?” – Mateus 7.11. Então, quando
confessamos que cremos em Deus Pai Todo-poderoso,
estamos dizendo que sabemos que Ele nos adotou em Jesus
Cristo e tem uma providência especial para nós; e que
estamos absolutamente descansados nele tanto para manter
nossa vida e integridade física quanto espiritual. Confiamos
que com a sua graça cruzaremos o deserto deste mundo e
chegaremos à terra da promissão, porque Aquele que fez a
promessa é fiel – “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança;
porque fiel é o que prometeu” – Hebreus 10.23.
————————————————————————–
Dia do Senhor 10
P. 27: O que você entende por “Providência de Deus”?
R.: A Providência de Deus é o seu onipotente e
onisciente poder, por meio do qual, com sua mão, ele sustenta
continuamente o céu e a terra e todas as criaturas,
governando-os de tal modo que ervas e plantas, chuva e seca,
abundância e escassez, comida e bebida, saúde e doença,
riqueza e pobreza, na verdade, todas as coisas, não nos vêm
por acaso, mas procedem da sua mão paternal.
————————————————————————–
Comentário: Muitos simplificam a definição de
providência, apenas como sendo Deus dando provisão
material aos seus filhos. É isso também, mas não apenas isso.
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O Catecismo de Heidelberg
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Providência é Deus sustentando, mantendo, governando,
dirigindo toda a criação para um fim que Ele mesmo decretou
em Seu conselho eterno. Tudo o que acontece na criação vem
da providência e é governado por ela. Deus mantém controle
absoluto sobre todas as criaturas e seus atos, tanto no céu
como na terra, as visíveis e as invisíveis; Ele governa e
administra o tempo e a eternidade. Nenhuma criatura é
independente ou autônoma. Deus é quem determina e ordena
os tempos, os dias e todas as circunstâncias que envolve cada
uma delas. Não existe um só pensamento em todo o universo
criado que seja desconhecido de Deus. Ele conhece nossas
palavras, ações, reações, também nossos pensamentos e
motivações que as geraram. Por isso o salmista disse: “Senhor,
tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu
levantar; de longe entendes o meu pensamento… Não havendo ainda
palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces”
– Salmo 139.1-4. Deus tem absoluta ciência de tudo quanto
acontece em todo o universo criado, sustentado e governado
por Ele. Ele sabe, vê e ouve tudo, seja do tempo passado,
presente ou futuro, em tempo real. Ele cuidará de nós pois
sua promessa é fiel e Ele nos ama. Disso já nos deu prova –
“Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou
por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” –
Romanos 8.32.
————————————————————————–
P. 28: Que benefício há em sabermos que Deus criou
todas as coisas e que continuamente as sustenta pela sua
Providência?
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O Catecismo de Heidelberg
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R.: Podemos ser pacientes na adversidade, agradecidos
na prosperidade e, quanto ao futuro, podemos confiar
firmemente em nosso Deus e Pai Fiel, porque criatura alguma
poderá nos separar do seu amor; pois todas elas estão de tal
modo em sua mão que, sem a sua vontade, elas não podem
nem mesmo se mover.
————————————————————————–
Comentário: Sabendo que tudo quanto existe e
acontece está sob a gerência precisa de Deus, o nosso Pai,
temos consolo nas adversidades. Estamos num mundo caído
e momentos difíceis fazem parte desta vida, mas o Senhor
converte toda dor, perda, sofrimento em benefícios
espirituais. Todo sofrimento que passamos nesta vida está
repleto do amor de Deus por nós. Quanto mais
conhecimento da Providência tanto mais temos paciência e
esperamos em Deus. Temos a bendita promessa de que nem
homens, nem anjos, nem privações, nem escassez de coisas
materiais, nem perseguições, nem ameaças, nada nos tirará
dos braços de amor do nosso Deus e Pai. Até a mais
poderosa, maldosa, maligna e cruel das criaturas caídas, está
nas mãos do Senhor Jesus Cristo e só faz o que lhe é
concedido e ordenado – “E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo
quanto ele tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua
mão. E Satanás saiu da presença do Senhor” – Jó 1.12. Temos muito
que agradecer ao nosso bondoso Pai. A ingratidão é um
grande pecado, que invariavelmente é potencializada com as
murmurações. Devemos aprender a contabilizar as bênçãos
que temos e não as que não temos. Então veremos que temos
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O Catecismo de Heidelberg
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muito mais do que merecemos. Nosso maior privilégio é
sermos filhos de Deus em Cristo.
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Deus Filho e nossa salvação
Dia do Senhor 11
P. 29: Por que razão o Filho de Deus é chamado de
“Jesus”, que quer dizer “Salvador”?
R.: Porque Ele nos salva de todos os nossos pecados, e
porque em nenhum outro devemos buscar ou podemos
encontrar salvação.
————————————————————————–
Comentário: O Filho Eterno santificou e imortalizou o
nome “Jesus” que significa “Javé salva” ou simplesmente
“Salvador”. “Jesus”, assim como “Josué”, era um nome até
comum naqueles dias, mas o Filho de Deus era a realidade
desse nome, Ele era o que o nome dizia. Por isso recebeu esse
nome: “E dará à luz um filho e chamarás o seu nome Jesus ; porque
ele salvará o seu povo dos seus pecados” – Mateus 1.21. Jesus Cristo
não é um salvador, mas é o único Salvador. Todos quantos
tiverem de ser salvos, o serão através dele, conforme está
escrito: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do
céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos
ser salvos” – Atos 4.12. Só existe um povo salvo na terra. Esse
povo é composto por homens e mulheres, judeus e gentios de
todas as nações, povos e raças, de todos os tempos, e todos
têm um Salvador comum: Jesus Cristo – “Depois destas coisas
olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas
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O Catecismo de Heidelberg
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as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e
perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas
mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus,
que está assentado no trono, e ao Cordeiro” – Apocalipse 7.9-10. O
Cordeiro é Jesus Cristo, que tomou o nosso lugar sob a ira
divina e a maldição da Santa Lei, a fim de nos tornar
aceitáveis diante de Deus e nos reconciliar com Ele.
————————————————————————–
P. 30: Aqueles que buscam com fervor a sua salvação ou
bem-estar nos antos, em si mesmos, ou em outra coisa
qualquer, também creem no único Salvador Jesus?
R.: Não. Embora se gloriem nele com palavras, eles na
verdade negam a Jesus como o único Salvador.
Pois, das duas coisas, só uma é verdadeira: ou Jesus é um
Salvador incompleto, ou aqueles que, pela verdadeira fé
aceitam esse Salvador, têm que achar nele tudo o que é
necessário para a sua salvação.
————————————————————————–
Comentário: A Bíblia Sagrada fala da “fé que uma vez foi
dada aos santos” – Judas 1.3; e de outra fé que até os demônios
têm – “Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o
creem, e estremecem” – Tiago 2.19. A primeira salva enquanto que a
segunda para nada aproveita. A fé que os crentes autênticos
têm, os direciona exclusivamente para Jesus Cristo. Já a fé dos
reprovados não, por isso professam crer em Deus e Seu Filho,
Jesus Cristo, mas também confiam nos santos e em outros
ídolos; confiam também em si próprios, ou seja, em sua
justiça pessoal, suas obras e méritos; confiam em superstições,
tais como orações fortes, propósitos, visualizações, objetos ou
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O Catecismo de Heidelberg
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elementos sagrados, relíquias, lugares sagrados; ou confiam
ainda em suas experiências espirituais. Eles têm uma fé
pulverizada e essa não é a fé bíblica. Assim, não confiam
plenamente e somente em Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo, ainda que professem crer nele. Uma fé desse tipo
desonra e insulta a Deus, por isso é uma fé reprovada. Os
crentes autênticos têm sua fé e confiança única e
exclusivamente em Cristo Jesus. Jamais confiam em boas
obras, justiça e méritos pessoais, experiências sobrenaturais,
ou em outros mediadores, sejam mortos ou vivos. Também
não confiam em coisas, objetos, nem em palavras
supersticiosas. Mas apenas e tão somente em nosso Senhor e
Salvador, Jesus Cristo.
————————————————————————–
Dia do Senhor 12
P. 31: Por que razão ele é chamado de “Cristo”, que quer
dizer “Ungido”?
R.: Porque Ele foi ordenado por Deus, o Pai, e ungido
com o Espírito Santo, para ser: nosso supremo Profeta e
Mestre, que nos revelou completamente o propósito secreto e
a vontade de Deus quanto à nossa redenção; nosso único
Sumo Sacerdote, o qual por um único sacrifício do seu corpo
nos remiu e intercede continuamente por nós diante do Pai; e
nosso Rei eterno, que nos governa pela sua Palavra e por seu
Espírito, e que nos defende e preserva na redenção que ele
conquistou para nós.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: “Cristo” vem do Grego e quer dizer
Ungido, “Messias” vem do Hebraico, que também significa
Ungido. Os reis, sacerdotes e profetas de Israel eram ungidos
de Deus. O Senhor Jesus é a expressão máxima de todas
aquelas funções e ministérios, reunindo e expressando em si
mesmo todas elas. Ele é o Grande Sumo-sacerdote; dele está
escrito: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote
eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” – Salmo 110.4. Também
é o Grande Profeta [e Mestre]: “O Senhor teu Deus te levantará um
profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis” –
Deuteronômio 18.1, e ainda é o Grande Rei: “Eu, porém, ungi o meu
Rei sobre o meu santo monte de Sião. Proclamarei o decreto: o Senhor
me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” – Salmo 2.6-7. Depois de
Cristo não há mais rei, sacerdote nem profeta na sua
Congregação, conforme no Antigo Testamento. Agora todos
os crentes são, em Cristo e com Ele, reis, profetas e
sacerdotes. A igreja é um reino sacerdotal, profético que reina
com Cristo -”E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele
glória e poder para todo o sempre. Amém” – Apocalipse 1.6.
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P. 32: Por que você é chamado de cristão?
R.: Porque, pela fé, sou membro de Cristo e, por isso,
partilho da sua unção par poder: como profeta, confessar o
seu nome; como sacerdote, apresentar a mim mesmo como
sacrifício vivo de gratidão a ele; e, como rei, de livre e boa
consciência, combater o pecado e o diabo nessa vida, e no
porvir reinar eternamente com ele sobre tidas as criaturas.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: O cristão é aquele que ouviu de Cristo, crê
nele, segue-o e o obedece de coração. Ele está em Cristo e o
imita, e o Espírito Santo o conforma a Cristo dia a dia.
Estando em Cristo, participa com Ele de todas as suas vitórias
e seus benefícios redentivos. Ele reina com Cristo sobre o
pecado e o mal: “Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por
esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da
justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo” – Romanos 5.17.
Como um profeta ele anuncia a Palavra de Cristo ao mundo:
“E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo… E a unção que vós
recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos
ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é
verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele
permanecereis” – 1ª João 2.20, 27. Como sacerdote ele oferece,
através de Cristo, sacrifícios espirituais a Deus. Tudo isso o
crente é em Cristo e juntamente com Ele: “E nos fez reis e
sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre.
Amém” – Apocalipse 1.6.
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Dia do Senhor 13
P. 33: Por que ele é chamado “Filho Unigênito” de
Deus, se nós também somos filhos de Deus?
R.: Porque somente Cristo é, por natureza, o eterno
Filho de Deus.
Nós, porém, somos filhos de Deus por adoção, pela
graça, por causa de Cristo.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: Jesus Cristo é chamado de único Filho de
Deus porque Ele é o Filho Eterno, gerado eternamente do Pai
– “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade…
Deus nunca foi visto por alguém. O Filho Unigênito, que está no seio do
Pai, esse o revelou” – João 1.14, 18. Ele é Deus como o Pai. Os
crentes são chamados de filhos de Deus num outro sentido –
são adotivos, criados no tempo e abençoados com o privilégio
dessa herança – “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder
de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” – João 1.12;
“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes
em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual
clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito
que somos filhos de Deus” – Romanos 8.15-16. Jesus sempre será
Deus Criador junto com o Pai, enquanto que nós sempre
seremos criaturas. Todos os homens são filhos de Deus em
Adão, porém nem todos são filhos de Deus em Cristo Jesus.
Em Adão todos estão sob a ira de Deus e um dia serão
chamados à prestação de contas e receberão a condenação
eterna por causa de seus pecados. Já os homens que foram
reconciliados com Deus e adotados na família de Deus, são os
verdadeiros filhos de Deus em Cristo Jesus; esses são amados
com o amor eterno, objeto do amor especial de Deus. Esses
são destinados à eternidade no novo céu e nova terra.
Quando Jesus veio a este mundo era apenas o Unigênito, mas
quando retornou à glória eterna, foi como o Primogênito –
“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o Primogênito
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O Catecismo de Heidelberg
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entre muitos irmãos” – Romanos 8.29. Assim no que diz respeito
à sua divindade, ele é o Unigênito do Pai, e em relação à sua
humanidade ele é o Primogênito. Na sua posição gloriosa de
Unigênito do Pai, sempre será único e será sempre o nosso
Deus.
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P. 34: Por que você o chama de “nosso Senhor”?
R.: Porque ele nos comprou e nos resgatou, corpo e
alma, de todos os nossos pecados, não com ouro nem prata,
mas com o seu precioso sangue, e nos libertou de todo o
domínio do diabo, para nos tornar sua possessão.
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Comentário: Jesus tem direito sobre nós por criação,
por redenção e por preservação – “Mas agora, assim diz o
Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque
eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas
águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão;
quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em
ti” – Isaías 43.1-2. Ele nos criou, redimiu e mantém nossa vida
física e espiritual. Então é o nosso Senhor, nosso Dono,
nosso Amo, nosso Deus. Ele próprio ensinou seus discípulos
que era o Senhor – “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem,
porque eu o sou” – João 13.13. Também Sua divindade foi
reconhecida pelos seus discípulos – “E Tomé respondeu, e disselhe: Senhor meu, e Deus meu!” – João 20.28. O crente crê,
confessa e confia em Jesus Cristo como seu Senhor, Salvador
e Deus, pois disso depende a nossa salvação – “Por isso vos disse
que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou,
morrereis em vossos pecados” – João 8.24. Se num certo sentido
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O Catecismo de Heidelberg
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Jesus é o nosso irmão Primogênito, por outro é o nosso
Senhor e Deus.
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Dia do Senhor 14
P. 35: O que você confessa quando diz que Cristo “foi
concebido por obra do Espírito Santo; e nasceu da virgem
Maria”?
R.: O eterno Filho de Deus, que é e permanece
verdadeiro e eterno Deus, tomou sobre si a verdadeira
natureza humana da carne e do sangue da virgem Maria, pela
operação do Espírito Santo.
Por isso, ele é também a verdadeira semente de Davi,
semelhante a seus irmãos em tudo, porém sem pecado.
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Comentário: Aquele que é eterno e habita a eternidade
entrou no tempo; o Criador vestiu-se de criatura; o Deus
infinito e ilimitado, limitou-se a um corpo humano. O todopoderoso assume a forma de fraqueza; o Santo é feito pecado
por nós; o rico e majestoso fez-se servo humilde e pobre.
Este é o grande, maravilhoso e incompreensível mistério da
encarnação, que propiciou a nossa redenção. Conquanto o
Senhor Jesus fez-se verdadeiro homem, nunca deixou de ser
Deus. Jesus Cristo não é metade homem e metade Deus, mas
tem duas naturezas distintas: em sua deidade é verdadeiro
Deus e em sua humanidade é verdadeiro homem. Antes da
encarnação o Verbo era Deus, depois da encarnação Ele
passou a ter duas naturezas: a divina e a humana. A profecia
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O Catecismo de Heidelberg
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dizia: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem
conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel…
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está
sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso,
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” – Isaías
7.14 e 9.6. Uma virgem teria um filho que se chamaria
Emanuel [Deus conosco]; Deus Forte; Pai da Eternidade…
Isto é, esse “Homem” que nasceria seria também Deus. Ele
era em tudo como nós, exceto em relação com o pecado – “Por
isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser
misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar
os pecados do povo… Porque não temos um sumo sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em
tudo foi tentado, mas sem pecado” – Hebreus 2.17 e 4.15.
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P. 36: Que benefício você recebe por Cristo ter sido
concebido e nascido sem pecado?
R.: Ele é nosso Mediador, e com sua inocência e perfeita
santidade, cobre aos olhos de Deus, o meu pecado, no qual
fui concebido e nascido.
————————————————————————–
Comentário: Jamais alguém pôde acusar o Senhor Jesus
de pecado, nem mesmo numa ínfima particularidade. Ele
jamais errou, nunca cometeu qualquer injustiça, nem se achou
nele desobediência ou rebeldia. Jesus nunca precisou voltar
atrás e pedir perdão ou desculpas por algo que tivesse feito ou
falado que não fosse perfeitamente justo, bom, puro, honesto
e verdadeiro – “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo,
inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que
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O Catecismo de Heidelberg
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os céus” – Hebreus 7.26. Todos os cordeiros oferecidos no Antigo
Testamento que eram uma sombra de Jesus Cristo, deveriam
ser sem defeito, quanto mais o Cordeiro de Deus que é a
realidade daqueles tipos – “O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula,
um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras” –
Êxodo 12.5. Aquele que nasceu sem pecado, cobre com seu
manto de santidade, todos que nascem em pecado mas creem
e confiam nele.
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Dia do Senhor 15
P. 37: O que você confessa quando que ele “padeceu”?
R.: Durante todo o tempo em que viveu sobre a terra, e
especialmente no final, Cristo suportou, no corpo e na alma, a
ira de Deus contra o pecado de toda a raça humana.
Assim, por seu sofrimento, como o único sacrifício de
expiação, ele redimiu o nosso corpo e a nossa alma da
condenação eterna e conquistou para nós a graça de Deus, a
justiça e a vida eterna.
————————————————————————–
Comentário: Ninguém sofreu tanto neste mundo
quanto o Senhor Jesus Cristo. Tudo começou quando Ele
abriu mão da glória celestial para vir habitar neste mundo
caído na pessoa de um pobre galileu, sob o governo de Roma;
um ato de renúncia e abdicação que por si só lhe trouxe
sofrimento e humilhação indizíveis. Depois devemos
considerar que Ele é total, absoluta e essencialmente santo,
sendo o pecado para Ele algo que ocasiona e infringe um
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O Catecismo de Heidelberg
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desconforto, uma angústia, uma dor, tão desesperadores, que
nós como homens caídos e pecadores que somos, não temos
condições de avaliar. O profeta anunciou: “Verdadeiramente ele
tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e
nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi
ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados” – Isaías 53.4-5. Ele foi ferido e moído
não apenas no último dia, mas durante toda a sua vida aqui na
terra. Contudo o ápice do sofrimento realmente foi na cruz,
pois ali Ele recebeu sobre si o impacto da ira eterna de Deus
contra os nossos pecados. Foi na cruz que Jesus experimentou
as angústias do inferno e foi terrivelmente massacrado pelo
peso do juízo de Deus sobre os pecados da humanidade.
Sofreu as agruras do inferno para que pudéssemos gozar da
paz com Deus sendo reconciliados com Ele.
————————————————————————–
P. 38: Por que ele “padeceu sob” o julgamento de
“Pôncio Pilatos”?
R.: Embora inocente, Cristo foi condenado por um juiz
terreno, e assim ele nos livrou do severo juízo de Deus que
haveria de cair sobre nós.
————————————————————————–
Comentário: A frase “Sob Pôncio Pilatos” situa a morte
de Jesus na história secular, que é testemunha da estada do
Filho de Deus entre nós. Também o Senhor Jesus Cristo foi
considerado inocente por Pilatos, mas ainda assim ele o
entregou para ser crucificado. Então Jesus foi condenado a
morte pelo próprio tribunal que o considerou inocente. Por
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O Catecismo de Heidelberg
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duas vezes o Juiz disse: “Não acho nele crime algum” – João 18.38 e
19.4. Sua inocência foi testemunhada pelo próprio tribunal
que o condenou. O Senhor Jesus não morreu pelos seus
pecados mas pelos nossos.
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P. 39: Há algum sentido especial em Cristo ter sido
crucificado e não ter morrido de outro modo?
R.: Sim. Por causa disso, tenho a certeza de que ele
levou sobre si a maldição que estava sobre mim, pois quem
era crucificado era maldito de Deus.
————————————————————————–
Comentário: A lei declarava malditos todos quantos
fossem pendurados num madeiro. Para que Jesus tomasse
sobre si mesmo a maldição da queda deveria ser posto num
madeiro. Assim Ele foi feito maldição por nossa causa. Ali na
cruz Ele reverteu a queda, removendo toda maldição que
estava no mundo. Um dia veremos isso claramente, porque
muito do que Jesus conquistou na cruz e em sua ressurreição
ainda não se manifestou plenamente. Sua morte, pregado num
madeiro também cumpriu antigas profecias e do próprio
Senhor Jesus – “Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores
me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés” – Salmo 22.16; … “e
olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele,
como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por
ele, como se chora amargamente pelo primogênito” – Zacarias 12.10; “E
o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e
crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará” – Mateus 20.19. De modo
que Ele não poderia ter sido morto de outra maneira, o que o
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inimigo tentou mas sem sucesso [Atirá-lo ao precipício Lucas
4.29-30; Apedrejando-o João 8.59 e 10.31].
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Dia do Senhor 16
P. 40: Por que foi necessário que Cristo se humilhasse
até a morte?
R.: Por causa da justiça e da verdade de Deus, a
satisfação pelos nossos pecados não poderia ocorrer de outra
forma senão pela morte do Filho de Deus.
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Comentário: A santa e reta justiça de Deus exige que o
pecado seja expiado com a morte – “A alma que pecar, essa
morrerá…”, “Porque o salário do pecado é a morte” – Ezequiel 18.4, 20;
Romanos 6.23. Porque o homem desobedeceu a Deus deveria
morrer. Se não ele, alguém deveria sofrer tal penalidade em
seu lugar. Deus escolheu o Seu Cordeiro e O sacrificou no
lugar do homem pecador. Só por isso Deus pode perdoar os
pecados dos filhos da queda; Ele o faz àqueles que
humildemente se chegam a Ele reconhecendo sua culpa.
Esses recebem a justiça conquistada pela morte de Jesus
Cristo; assim não precisam mais morrer eternamente. Aqueles
que supõem que para Deus é muito fácil perdoar pecados
estão enganados, porque não há nada mais difícil para Ele
fazer do que isso. Se fosse fácil para Ele perdoar, não teria
visto seu Filho sendo esmagado e moído na cruz em nosso
lugar. Esse foi o preço para que pudesse perdoar aqueles que
vêm a Ele rogando seu perdão. Também para Jesus não foi
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O Catecismo de Heidelberg
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nada fácil. A conta não ficou mais suave para Ele do que seria
para nós. Não, Ele pagou total e exatamente o que
deveríamos pagar.
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P. 41: Por que ele foi “sepultado”?
R.: O seu sepultamento testifica que ele realmente
morreu.
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Comentário: Todos os atos da redenção foram
testemunhados por muitas pessoas. Nada aconteceu em algum
lugar escondido que não pudesse ser largamente comprovado.
O nascimento de Jesus, sua vida, seus milagres, sua morte, sua
ressurreição e ascensão, tudo foi visto, conferido e
comprovado por muitas testemunhas oculares, por crentes e
até por não crentes. E quando Jesus enviou os discípulos a
pregar, disse-lhes que começassem ali mesmo em Jerusalém,
no mesmo cenário em que tudo havia acontecido. Foi o que
fizeram. Começaram a pregar que Jesus Cristo havia
ressuscitado a partir de Jerusalém. Os inimigos não poderem
negar ou desmentir a mensagem dos discípulos é prova
contundente da veracidade dos fatos.
————————————————————————–
P. 42: Se Cristo morreu por nós, por que nós ainda
temos que morrer?
R.: A nossa morte não é o pagamento pelos nossos
pecados, mas ela põe um fim aos nossos pecados e é a entrada
para a vida eterna.
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Comentário: Nossa morte é apenas física. Aprouve a
Deus realizar em nós a redenção em duas etapas: uma no
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O Catecismo de Heidelberg
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nosso espírito, que se dá quando cremos em Cristo e o
recebemos pela fé; outra se dará quando recebermos o nosso
corpo glorificado, no último dia ou dia do Juízo Final. O
crente aqui na terra é uma alma redimida que habita um corpo
caído. Um dia esse corpo morrerá e sua alma irá para o
Senhor, onde aguardará o novo corpo, no qual viverá
eternamente com o Senhor e todos os santos. Nossa alma já
está livre do pecado para sempre, mas nosso corpo ainda
sofre as consequências da queda. Um dia nosso corpo
envelhece, adoece e morre. Então nossa alma estará livre da
presença do pecado para sempre. Um dia os dois, alma e
corpo unir-se-ão novamente e para sempre. A realidade do
não crente é diferente. Ele é uma alma não redimida vivendo
num corpo caído. Até aqui a diferença entre o não crente e o
crente é só na área espiritual, por fora nada se vê. Mas quando
o não crente vai para a sepultura, começa a grande diferença.
Sua alma não redimida será amalgamada ao pecado para
sempre e irá para o inferno. Um dia ele também terá seu
corpo de volta, mas apenas para receber a condenação e a
punição eternas que será no lago de fogo.
————————————————————————–
P. 43: Que outros benefícios recebemos do sacrifício e
morte de Cristo na cruz?
R.: Pela morte de Cristo, a nossa velha natureza é
crucificada, morta e sepultada com ele, para que os desejos
malignos da carne não reinem mais sobre nós, e possamos
nos oferecer a ele como sacrifício de gratidão.
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Comentário: A escritura afirma que fomos substituídos
e incluídos na morte de Cristo na cruz. Quando Ele morreu,
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O Catecismo de Heidelberg
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não apenas tomou o nosso lugar como substituto, senão que
também nos fez morrer juntamente com Ele. Por isso diz:
“Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para
que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao
pecado” – Romanos 6.6. Fomos unidos a Cristo de forma que
tudo o que aconteceu com Ele também se deu a nós que
cremos.
————————————————————————–
P. 44: Por que razão se acrescenta: “desceu ao inferno”?
R.: A angústia, a dor, o terror e a agonia indizíveis que
Cristo suportou em todos os seus sofrimentos, especialmente
na cruz, dão-me a certeza e consolo de que, por maiores que
sejam as minhas tristezas e tentações, ele me livrou da
angústia e do tormento do inferno.
————————————————————————–
Comentário: As agruras que o Senhor Jesus sofreu não
podemos mensurá-las, pois foram infinitamente mais do que
qualquer mortal poderia suportar. Ele disse aos discípulos: “A
minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo”
– Mateus 26.38. Os Salmos proféticos messiânicos se
cumpriram: “Tristezas do inferno me cingiram, laços de morte me
surpreenderam…”, “Os cordéis da morte me cercaram, e angústias do
inferno se apoderaram de mim; encontrei aperto e tristeza” – Salmo 18.5;
116.3. O maior sofrimento do inferno é a total e completa
ausência da graça de Deus. O Senhor Jesus experimentou essa
realidade na cruz. Nunca precisaremos experimentar o que
isto significa. Neste mundo caído, por mais que alguém sofra,
ainda há a presença da graça comum de Deus que permeia
toda a criação. Mas no inferno não há qualquer medida de
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O Catecismo de Heidelberg
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graça ou de misericórdia, ali haverá tão somente juízo, ira e
punição. Contudo, os que nele confiam não precisam mais
temer o inferno; Ele já sofreu em nosso lugar e a Justiça
Eterna jamais punirá o mesmo pecado duas vezes.
————————————————————————–
Dia do Senhor 17
P. 45: Como fomos favorecidos com a ressurreição de
Cristo?
R.: Primeiro, pela ressurreição, Cristo venceu a morte
para nos tornar participantes da justiça que ele conquistou
para nós pela sua morte.
Segundo, pelo seu poder, nós também somos
ressuscitados para uma nova vida.
Terceiro, a ressurreição de Cristo é, para nós, a garantia
da nossa ressurreição gloriosa.
————————————————————————–
Comentário: Tudo quanto os inimigos mais queriam era
poder provar que Jesus não havia ressuscitado, justamente
pela grande importância desse ato redentivo. Se pudessem
prová-lo, abortariam o cristianismo e o matariam antes de
nascer. Aquele que havia dito ressuscitaria depois de três dias
não ressuscitara; os inimigos teriam mostrado o túmulo selado
e inviolado – “E indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando
a pedra” – Mateus 27.66; ou pior, enquanto os discípulos
anunciavam Jesus ressurreto, os adversários teriam
apresentado o Seu corpo morto. Seria o fim. Mas a história
não é essa e os fatos que ela registrou são outros. O plano do
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O Catecismo de Heidelberg
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aborto foi abortado. Qualquer um poderia correr até a
sepultura onde Ele fora posto e verificar os fatos ocorridos. A
enorme pedra que fechava a saída estava do lado com o lacre
romano violado. E ninguém foi punido por esse crime, pois
quem rompeu o lacre romano foi um anjo – “E eis que houvera
um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu,
chegou, removendo a pedra da porta, e sentou-se sobre ela” – Mateus
28.2. A sepultura estava limpa, nela não havia nem cheiro de
morte. Jesus ressuscitou! Ele não veio aqui para perder, Ele
mesmo disse: Eu venci o mundo. Quem presenciou a
ressurreição foram soldados romanos, que foram subornados
para dar uma versão pífia e infame dos acontecimentos.
Deveriam dizer que os discípulos de Jesus vieram a noite
sorrateiramente, passaram por toda a guarda romana, sem
serem vistos, pois todos os soldados dormiram ao mesmo
tempo. Então quebraram o lacre romano e rolaram a enorme
pedra da boca do sepulcro, roubaram o corpo de Jesus e
desapareceram. Tudo isto sem que alguém ouvisse qualquer
barulho. Ninguém acreditou nessa versão. Todo o esforço que
os inimigos já fizeram para tentar desmentir a ressurreição de
Jesus só faz revelar a sua importância e a proclama ainda mais
alto. Pela sua ressurreição Jesus venceu a morte, assegurando
também a nossa vitória. Quem crê e recebe Jesus Cristo
ressurreto tem em si mesmo a vida ressurreta, jamais morrerá
eternamente, a sepultura não lhe significa mais nenhuma
ameaça. Jesus fez uma promessa maravilhosa a todos os
crentes – “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda
que esteja morto, viverá” – João 11.25. Todos os que creem em
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Cristo ressuscitam duas vezes: a primeira ressurreição é em
seu espírito, quando este é vivificado pelo Espírito Santo; a
segunda ressurreição será no último dia quando seu corpo
sairá do pó e será glorificado na semelhança do corpo de
Jesus Cristo – “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também
esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso
corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu
eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” – Filipenses 3.20-
21.
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Dia do Senhor 18
P. 46: O que você confessa quando diz que Cristo “subiu
ao céu”?
R.: Que Cristo, à vista dos seus discípulos, foi levado da
terra ao céu, e que lá permanece para o nosso benefício, até
que venha novamente para julgar os vivos e os mortos.
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Comentário: Jesus veio do céu como Deus e para lá
retornou como Homem-Deus. A encarnação mudou a
história do tempo e da eternidade. Céu e terra nunca mais
foram os mesmos depois da encarnação, morte, ressurreição e
ascensão de Cristo Jesus. Hoje um Homem está assentado no
trono juntamente com Deus e reina com Ele sobre todo a
Criação – “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu
trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono” –
Apocalipse 3.21. A ascensão de Jesus Cristo foi vista por
centenas de testemunhas, para que ficasse bem documentado
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O Catecismo de Heidelberg
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e comprovado mais um ato da redenção – “E, quando dizia isto,
vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o
a seus olhos” – Atos 1.9. Assim como Ele foi, também voltará
para julgar o mundo no último dia – “Esse Jesus, que dentre vós foi
recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” –
Atos 1.11; “Mas Deus… tem determinado um dia em que com justiça
há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu
certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” – Atos 17.30-31.
————————————————————————–
P. 47: Quer dizer, então, Cristo, não está conosco até a
consumação dos séculos, conforme ele nos prometeu?
R.: Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus.
Segundo sua natureza humana, ele não está mais na terra, mas
segundo sua natureza divina, majestade, graça e Espírito,
jamais se ausentou de nós.
————————————————————————–
Comentário: Um dos atributos de Cristo, que é peculiar
a Deus é a onipresença. Ele pode estar em todos os lugares ao
mesmo tempo. Podemos dizer também que todos os lugares
estão em sua presença em tempo real, isso é onisciência. Ou
ainda que seu domínio se estende sobre todos os lugares da
Criação, isso é onipotência. Ainda quando Jesus estava em
aqui na terra Ele dizia também estar no céu – “Ora, ninguém
subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no
céu” – João 3.13. Isto é só era possível porque Ele sempre foi
Deus, e, portanto, onipresente, onisciente e onipotente. Assim
Ele sempre pôde estar tanto na terra quanto no céu.
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O Catecismo de Heidelberg
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P. 48: Mas se a natureza humana não estiver presente
onde quer que a natureza divina esteja, não estariam as duas
naturezas de Cristo separadas uma da outra?
R.: De maneira nenhuma, pois a sua divindade é
ilimitada e está presente em toda parte. Por isso, conclui-se
que, apesar de sua natureza divina ultrapassar a natureza
humana que ele assumiu, ela está dentro dessa natureza
humana e a ela permanece unida como pessoa.
————————————————————————–
Comentário: As duas naturezas de Jesus Cristo são
inseparáveis, mas Ele pode manifestar-se tanto de uma quanto
de outra forma. Não podemos compreender a maneira
sobrenatural de Jesus falar e agir. Na oração sacerdotal Ele
disse não estar aqui, enquanto aqui estava – “E eu já não estou
mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti … Estando
eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Mas agora vou para
ti, e digo isto no mundo…” – João 17.11-13.
————————————————————————–
P. 49: De que modo somos abençoados com a ascensão
de Cristo ao céu?
R.: Primeiro, ele é o nosso Advogado no céu diante do
Pai.
Segundo, temos a nossa carne no céu como a garantia
segura de que ele, o nosso Cabeça, também nos levará para si,
como membros seus.
Terceiro, ele nos enviou o seu Espírito como penhor,
pelo poder do qual buscamos as coisas do alto, onde Cristo
está assentado à direita de Deus, e não as que são da terra.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: Temos um representante da família
humana assentado no trono de Deus (co)reinando com Ele.
Esse mesmo é o que esteve aqui na terra e deu a sua vida em
resgate pelos nossos pecados. Sua presença ali é lembrança
contínua de nossa redenção. É como se já estivéssemos lá, e é
o que o apóstolo afirma – “E nos ressuscitou juntamente com ele e
nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” – Efésios 2.6. A
garantia de que um dia estaremos todos com Ele na glória
eterna é que nos deu como penhor o seu próprio Espírito – “…
tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da
promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da
possessão adquirida, para louvor da sua glória” – Efésios 1.13-14.
“Temos pois confiança, em que somos filhos de Deus, tendo
este penhor, que o Filho natural de Deus assumiu corpo do
nosso corpo, carne da nossa carne, ossos dos nossos ossos,
para estar unido a nós; o que nos é próprio, Ele recebeu em
sua pessoa, a fim de que, o que Ele tem de propriamente
seu, nos pertença; assim Ele fosse em comunhão conosco,
Filho de Deus e Filho do Homem. Por essa razão,
esperamos que herança a celestial será nossa, visto que o
Filho de Deus, que tem todos os direitos sobre ela, adotounos como seus irmãos” – João Calvino.
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O Catecismo de Heidelberg
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Dia do Senhor 19
P. 50: Por que se acrescenta “está sentado à mão direita
de Deus”?
R.: Porque Cristo ascendeu ao céu para manifestar-se lá
como o Cabeça da sua igreja, e é por meio dele que o Pai
governa todas as coisas.
————————————————————————–
Comentário: É do seu trono celestial que Jesus Cristo
governa este mundo e todo o universo da sua criação. Ele
disse que o Pai lhe deu toda a autoridade – “É-me dado todo o
poder no céu e na terra” – Mateus 28.18. Deus o exaltou como o
único Cabeça da Igreja, a qual governa pela Sua Palavra e Seu
Espírito Santo – “Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os
mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e
poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só
neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus
pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o
seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” – Efésios 1.20-
23.
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P. 51: De que maneira a glória de Cristo, nosso Cabeça,
nos beneficia?
R.: Primeiro, pelo seu Espírito Santo, ele derrama sobre
nós, seus membros, os dons celestiais.
Segundo, pelo seu poder, ele nos defende e preserva de
todos os inimigos.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: Todo dom, toda bênção, toda boa dádiva
estão em Cristo. Fora dele não há bênçãos, não há dons, não
há vida, por isso, Cristo é tudo o que precisamos, pois tudo
quanto precisamos está nele. Bem como nele está a nossa
segurança e proteção. Fora de Cristo tudo é trevas, tudo é
instável, escorregadio e movediço; longe dele não há
segurança e proteção, assim os únicos que estão seguros são
aqueles que estão em suas mãos – “E dou-lhes a vida eterna, e
nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu
Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las
da mão de meu Pai” – João 10.28-29.
————————————————————————–
P. 52: Que consolo lhe dá o fato de que Cristo “há de vir
para julgar os vivos e os mortos”?
R.: Que em todas as minhas aflições e nas perseguições,
eu, de cabeça erguida e cheio de ânimo, espero vir do céu,
como Juiz, aquele mesmo que antes se submeteu ao juízo de
Deus por minha causa, e removeu de sobre mim toda a
maldição.
Ele lançará todos os seus e meus inimigos na
condenação eterna, mas levará para si mesmo, para a alegria e
glória celestiais, a mim e a todos os seus escolhidos.
————————————————————————–
Comentário: Nosso consolo é que Aquele que se
assentará no Grande Trono Branco para julgar a humanidade
é o mesmo que esteve pendurado naquela cruz no Monte
Calvário. Quem nele crê é redimido e reconciliado com Deus.
Nossa segurança é que não nos condenará visto que Ele
mesmo já nos justificou. Um dia estaremos num lugar onde
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O Catecismo de Heidelberg
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não haverá mais pecado, nem dor, nem injustiças, mas só
alegria e paz para sempre. Para os ímpios, o Juízo Final será o
começo da desgraça total e morte eterna, mas para os salvos
será o começo de uma bem-aventurança eterna. Estar em
Cristo, servi-lo em obediência e amor – eis a verdadeira
sabedoria, eis o sentido da vida.
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Deus Espírito Santo e nossa Santificação
Dia do Senhor 20
P. 53: O que você crê sobre o Espírito Santo?
R.: Primeiro, creio que ele é verdadeiro e eterno Deus,
juntamente com o Pai e o Filho.
Segundo, creio que ele foi dado também a mim para,
pela verdadeira fé, me tornar participante de Cristo e de todos
os seus benefícios, para me consolar, e para permanecer
comigo para sempre.
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Comentário: Deus Pai nos falou pelo seu Filho Jesus
Cristo, revelando-se em sua Pessoa – “Ninguém conhece o Pai,
senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” – Mateus
11.27. Quando Jesus foi para o céu, o Espírito Santo veio para
a terra a fim de revelar a Pessoa de Cristo – “… aprouve a Deus,
que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua
graça, revelar seu Filho em mim…” – Gálatas 1.15-16. Só pode
conhecer a Cristo aquele a quem o Espírito Santo O revelar, e
só conhece o Pai aquele a quem Cristo O revelar. Tudo
começa com o Espírito Santo. Quando ouvimos a Palavra de
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O Catecismo de Heidelberg
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Deus, o Espírito abre o nosso entendimento espiritual e
ilumina nossa mente. Primeiro entendemos a nossa
pecaminosidade, depravação, miséria espiritual. Descobrimos
que o pecado está em nós e precisamos de socorro imediato.
Este é um sinal de que o Espírito Santo está agindo no
coração do homem. Em seguida Ele revela a Cristo e a obra
da redenção, mostrando que há esperança, que há um
caminho de volta, que há um mediador estabelecido por
Deus. Quando vimos a Cristo chegamos ao Pai, porque
adoramos o Pai na face de Cristo – “Quem me vê a mim vê o Pai; e
como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e
que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de
mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Credeme que estou no Pai, e o Pai em mim” – João 14.9-11. O Espírito
Santo não se revela a Si mesmo, mas a Cristo. Ele não fala de
Si mesmo, mas fala de tudo quanto recebeu do Pai e de Cristo.
Ele não se manifesta para glorificar-se a Si mesmo, mas a
Cristo. Contudo Ele recebe adoração, honra e glória
juntamente com o Pai e o Filho, pois onde o Pai é adorado na
face de Cristo, a Trindade Santa é adorada e servida. Deus Pai
e Deus Filho habitam o crente na Pessoa do Espírito Santo –
“Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha
palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”
– João 14.23. Essa é a maior benção e privilégio que temos –
sermos moradia de Deus – “Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei
o seu Deus e eles serão o meu povo” – 2ª Coríntios 6.16. É a presença
do Espírito Santo de Deus em nós que nos assegura a
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O Catecismo de Heidelberg
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salvação eterna. Ele é o penhor que temos da parte de Deus
de que a obra será completada – “Mas o que nos confirma convosco
em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, o qual também nos selou e deu o
penhor do Espírito em nossos corações” – 2ª Coríntios 1.21-22.
————————————————————————–
Dia do Senhor 21
P. 54: O que você crê sobre “a santa Igreja católica”?
R.: Creio que, desde o começo até o fim do mundo, o
Filho de Deus reúne para si mesmo, dentre todo o gênero
humano, uma igreja eleita para a vida eterna, a qual protege e
preserva na unidade da verdadeira fé, pelo seu Espírito e pela
sua Palavra.
E creio que eu sou e serei para sempre um membro vivo
dela.
————————————————————————–
Comentário: Deus tem um povo na terra – sua Igreja.
Embora as igrejas sejam locais no que diz respeito ao seu
governo e administração, todavia todas as igrejas locais
seguem a mesma doutrina, formando a grande Igreja católica.
Onde quer que a Palavra de Deus seja pregada, o Espírito
Santo chama e congrega aqueles que quer para que formem
ali uma congregação. Deus mesmo irá prover o governo para
aquela igreja local que é através de um conselho formado por
anciãos [presbíteros e diáconos]. A nova igreja local deve estar
unida às demais igrejas locais para que a unidade e comunhão
sejam mantidas e fortalecidas. Enquanto o mundo existir o
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O Catecismo de Heidelberg
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Senhor continuará chamando seus eleitos. Aliás, essa é a
principal razão pela qual o mundo existe.
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P. 55. O que você crê sobre “a comunhão dos santos”?
R.: Primeiro, creio que todos os crentes, juntos e cada
um em particular, como membros, como membros de Cristo,
têm comunhão com ele e participam de todos os seus
tesouros e dons.
Segundo, creio cada um tem o dever de usar os seus
dons com disposição e alegria para o benefício e o bem-estar
dos outros membros.
————————————————————————–
Comentário: A comunhão mantém a unidade da Igreja.
Cada crente individualmente é membro do corpo de Cristo e
precisa interagir com os demais membros, dando e recebendo.
O Senhor nos abençoa tanto diretamente como indiretamente
através dos nossos irmãos. Cada membro tem uma função e
todas as funções são importantes para a boa saúde do corpo.
Todos temos dons que recebemos de Deus e devemos usá-los
para edificar os demais. É uma mutualidade, onde
abençoamos uns aos outros. No corpo de Cristo ninguém é
maior ou menor, somos todos iguais. Contudo, os mais velhos
devem ensinar os mais novos, os mais experientes aconselhar
os que estão chegando, e assim por diante. Todos ocupados
com a expansão do reino de Deus na terra.
————————————————————————–
P. 56: O que você crê sobre “a remissão dos pecados”?
R.: Creio que Deus, por causa da satisfação que Cristo
realizou, não se lembrará mais dos meus pecados nem da
minha natureza pecaminosa, contra a qual devo lutar durante
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O Catecismo de Heidelberg
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toda a minha vida, mas que concederá graciosamente a justiça
de Cristo, para que eu jamais entre em condenação.
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Comentário: Deus, em Cristo, nos reconciliou consigo
mesmo – “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo,
não lhes imputando os seus pecados” – 2ª Coríntios 5.19. A
encarnação, o sofrimento, a morte e ressurreição do Senhor
tiveram como fim expiar os nossos pecados e nos reconciliar
com Deus. Assim, Deus nos abençoou com seu perdão,
livrando-nos da culpa do pecado, da sua escravidão e sedução,
só restando nos livrar da presença do pecado para sempre, o
que também já está assegurado, porque nos selou com o
Espírito Santo e no-lo deu como penhor. Enquanto estamos
neste mundo estamos sujeitos a pecar mas podemos recorrer
ao trono da graça que achamos misericórdia, porque a
promessa é que jamais seremos condenados – “Portanto, agora
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” – Romanos
8.1. E nem seremos derrotados, antes “em todas estas coisas somos
mais do que vencedores, por aquele que nos amou” – Romanos 8.37.
————————————————————————–
Dia do Senhor 22
P. 57: Que consolo lhe traz “a ressurreição do corpo”?
R.: Que depois desta vida, não apenas a minha alma,
será levada imediatamente para Cristo, meu Cabeça, mas que
também esta minha carne, ressuscitada pelo poder de Cristo,
será reunida à minha alma e feita a semelhança do corpo
glorioso de Cristo.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: Imediatamente após nossos pulmões
cessarem de respirar e o nosso coração parar, nossa alma
subirá para estar com o Senhor, onde aguardaremos a
ressurreição do último dia. Naquele grande dia nosso corpo
sairá do domínio da morte, o último inimigo será vencido e
cumprir-se-á a vitória – “Ora, o último inimigo que há de ser
aniquilado é a morte… E, quando isto que é corruptível se revestir da
incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então
cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória”
– 1ª Coríntios 15.26, 54. No último dia da humanidade dar-se-á
a maximização ou plenificação da redenção. Veremos a
manifestação plena do novo céu e da nova terra e os crentes
glorificados. Será revelado tudo quanto Jesus conquistou em
Sua vinda aqui – “O qual convém que o céu contenha até aos tempos
da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus
santos profetas, desde o princípio…” ; “De tornar a congregar em Cristo
todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que
estão nos céus como as que estão na terra” – Atos 3.21; Efésios 1.10.
————————————————————————–
P. 58: Que consolo lhe traz o artigo sobre a “vida
eterna”?
R.: Já agora sinto em meu coração o princípio da alegria
eterna, pois, depois desta vida, obterei a perfeita bemaventurança que nenhum olho jamais viu, nenhum ouvido
ouviu, nem o coração humano pode conceber. Uma bemaventurança para se louvar a Deus eternamente.
————————————————————————–
Comentário: Quando falamos de vida eterna nos
referimos a certo tipo de vida e não apenas a sua duração.
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O Catecismo de Heidelberg
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Quando recebemos a Cristo como nosso Senhor e Salvador,
Ele nos dá dessa vida eterna. Ele disse que vida eterna é
conhecê-lo e ao Pai – “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti
só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” – João
17.3. Quem crê em Cristo tem a vida eterna – “Aquele que crê no
Filho tem a vida eterna…” ; “Deus nos deu a vida eterna; e esta vida
está em seu Filho” – João 3.36; 1ª João 5.11. Mas também vida
eterna, é claro, se refere a eternidade que passaremos com
Deus. Em sua intercessão por nós Jesus pediu ao Pai – “E não
rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra
hão de crer em mim…” ; “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu
estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória
que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo” – João
17.20, 24. Alguém que vive neste mundo caído, rodeado de
todas as injustiças, guerra, ódio, inveja, corrupção, perversões,
fraquezas, e os demais estragos causados pelo pecado,
simplesmente não é capaz de imaginar o que será o céu. Mas
lá é o nosso destino, assegurado por Cristo.
————————————————————————–
A Justificação
Dia do Senhor 23
P. 59: Que proveito há para você que agora crê em tudo
isso?
R.: O proveito é que, em Cristo, sou justo diante de
Deus e herdeiro da vida eterna.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: Tendo crido em Cristo, Deus nos
justificou, isto é, imputou-nos a justiça de Seu Filho, a única
justiça que O satisfaz. Uma vez recebido essa justiça tornamonos aptos para o céu. Nenhum homem jamais chegará ao céu
exibindo com justiça própria. A condição para lá entrarmos é
primeiro, termos sido convidados e segundo, trajarmos as
vestes nupciais do Rei – “E os servos, saindo pelos caminhos,
ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa
nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os
convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de
núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste
nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de
pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e
ranger de dentes” – Mateus 22.10-13. Essas vestes nupciais são a
justiça do Senhor Jesus Cristo.
————————————————————————–
P. 60: Como é que você é justo diante de Deus?
R.: Somente pela verdadeira fé em Jesus Cristo. Embora
a minha consciência me acuse de haver pecado gravemente
contra os mandamentos de Deus, sem nunca ter obedecido
nem sequer um deles e de ainda ser inclinado a todo mal,
Deus, no entanto, sem que houvesse em mim qualquer mérito
próprio, somente pela sua graça, imputa-me a perfeita
satisfação, justiça e santidade de Cristo.
Deus me concede isso como se eu nunca tivesse tido
cometido pecado algum, e como se eu mesmo tivesse
cumprido toda a obediência que Cristo cumpriu por mim, se
tão somente eu aceitar esse dom crendo fielmente com o
coração.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: A justiça de Deus manifestou-se em
Cristo; ela é traduzida por justiça de Cristo. Só Ele tem a
justiça aceita para a nossa salvação; de fato Ele é a nossa
justiça, a qual recebemos pela fé. A justificação é um dom, a
fé é outro; assim somos justificados graciosamente. De que
outra forma alguém poderia ser justificado? Somos todos
quais mendigos necessitados diante de Deus; só obtemos algo
dele se Ele nos der. Mas aqueles a quem o Senhor contempla
com Seu precioso dom, é declarado justo, como se jamais
houvesse pecado, antes houvesse cumprido e obedecido toda
a lei. Isto é a verdadeira felicidade – ser perdoado por Deus e
recebido em Sua Família Real.
————————————————————————–
P. 61: Por que você diz que é justo somente pela fé?
R.: Eu digo isso não porque sou agradável a Deus graças
ao valor da minha fé, pois somente a satisfação, a justiça e a
santidade de Cristo é a minha justiça diante de Deus.
É somente pela fé posso receber e fazer dessa justiça a
minha própria justiça.
————————————————————————–
Comentário: É pela fé que recebemos tudo quanto
Deus nos prometeu, contudo a fé é apenas o meio pelo qual
entramos na terra da promissão. Tudo quanto Cristo fez,
cumprindo a justiça de Deus e obedecendo perfeitamente sua
santa Lei, foi creditado em nossa conta; só por isso é que
fomos aceitos. Logo, o valor não está em nossa fé, e sim na
obra de Cristo. Como posso não descansar na suficiência do
sacrifício de Cristo, uma vez que a justiça de Deus foi
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O Catecismo de Heidelberg
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satisfeita por Ele? Por em dúvida tudo quanto Deus falou e
realizou em nosso favor, seria ofensivo e blasfemo.
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Dia do Senhor 24
P. 62: Mas por que as nossas boas obras não nos podem
ser a nossa justiça diante de Deus ou ao menos parte dessa
justiça?
R.: Porque a justiça que pode subsistir diante o juízo de
Deus deve ser absolutamente perfeita e totalmente de acordo
com a sua a lei; entretanto, até mesmo as nossas obras nesta
vida são todas imperfeitas e contaminadas com o pecado.
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Comentário: A única justiça que satisfaz o padrão de
Deus é a Sua própria. Nenhuma criatura tem justiça suficiente
e eficiente para subsistir perante o Seu trono. Sendo assim, as
nossas melhores obras são imperfeitas e contaminadas – “Mas
todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo
da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas
iniquidades como um vento nos arrebatam” – Isaías 64.6. Isso não
significa que Deus não se agrade de boas obras, ao contrário,
todos devemos praticá-las. Contudo, que ninguém tenha a
intenção de negociar com Deus a questão dos seus próprios
pecados. Desse assunto apenas o Senhor Jesus Cristo pode
tratar e Ele o fez quando morreu na cruz do Calvário em
nosso lugar.
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P. 63: Se as nossas boas obras não merecem nada, por
que Deus promete recompensá-las, nesta vida e na futura?
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O Catecismo de Heidelberg
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R.: Essa recompensa não é por mérito, mas é um dom
da graça.
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Comentário: Naturalmente, como já dissemos, a boas
obras agradam a Deus. Todos deveriam praticar apenas boas
obras e nunca más obras. Quem vive praticando o que é bom
é como um agricultor que sempre planta boas sementes –
deverá colher coisas boas. Quem semeia o mal colhe coisas
más. Contudo Deus já deu o veredito para aqueles que não
creem em Cristo: já estão condenados – “Quem crê nele não é
condenado; mas quem não crê já está condenado; porquanto não crê no
nome do Unigênito Filho de Deus – João 3.18.
Isto quer dizer que nenhuma justiça será aceita diante do Seu
tribunal a não ser a justiça de Cristo, e nenhuma boa obra será
considerada naquele dia a não ser a obra de Cristo. Mesmo os
galardões dos santos serão apenas dons graciosos de Deus.
Galardão é Deus coroando Suas próprias obras nas vidas dos
Seus filhos. Isto porque, quando fazemos coisas boas é
porque o Espírito Santo está agindo em nós, brecando-nos
em direção ao mal e nos motivando ao bem. Do contrário
jamais faríamos qualquer bem. E mesmo sendo regenerados
pelo Espírito Santo, ainda conseguimos contaminar as boas
obras que Ele opera em nós e por nosso meio.
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P. 64: Esse ensinamento não torna as pessoas
descuidadas e ímpias?
R.: Não, pois é impossível que os que são enxertados em
Cristo pela verdadeira fé não produzam frutos de gratidão.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: Os anistiados por Jesus Cristo têm o
coração cheio de gratidão e desejam servi-lo como resposta
ao Seu imenso amor. É impossível aqueles que foram amados
não amar Aquele que os amou sendo nós ainda pecadores –
“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por
nós, sendo nós ainda pecadores” – Romanos 5.8. Não há como
mudar a natureza da árvore. Ela sempre dará fruto ou não de
acordo com sua natureza. Quem tem a nova vida de Cristo
implantada em si, produzirá os frutos espirituais oriundos
dessa vida. O ímpio o é por natureza, assim também o
piedoso. Cada qual comprova sua natureza pelos seus frutos.
————————————————————————–
A Palavra e os Sacramentos
Dia do Senhor 25
P. 65: Visto que somente a fé é o que nos torna
participantes de Cristo e de todos os seus benefícios, de onde
vem esta fé?
R.: Vem do Espírito Santo, que a opera em nosso
coração pela pregação do evangelho, e a fortalece pelo uso
dos sacramentos.
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Comentário: A fé é um dom precioso de Deus que nos
dá acesso à graça onde temos a plena redenção: justificação,
regeneração, reconciliação, santificação, adoção e perseverança
até a morte. A fé é um sentido espiritual que abre a porta da
alma para compreendermos e recebermos os benefícios da
obra de Cristo. Para o homem natural o evangelho não passa
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O Catecismo de Heidelberg
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de uma linda história, mas para o homem de fé o mesmo
evangelho é o poder de Deus para sua salvação, porque ele vê
o que o homem natural não pode ver. Um homem natural lê a
Bíblia e não enxerga o plano da redenção. Para ele a Bíblia é
uma grande parábola; é como se fosse um enigma código de
barras ou num QRCode. Mas o homem espiritual possui a fé
que funciona como o leitor e decodificador; ele vê Cristo em
cada parte da Bíblia. Isto é o que o que o Espírito Santo faz
através da fé: abre uma janela interior no nosso coração e a
luz entra na nossa alma dissipando as trevas. Essa fé salvífica
é produzida em nós por obra do Espírito Santo quando
ouvimos o evangelho. Sempre que comemos e bebemos da
mesa do Senhor, na comunhão da igreja, nossa fé é
fortalecida. De um modo geral todas as bênçãos da graça
fortalecem nossa confiança e afirmam nossa segurança no
Senhor.
————————————————————————–
P. 66: O que são sacramentos?
R.: Os sacramentos são sinais e selos santos e visíveis.
Foram instituídos por Deus para que, pelo uso deles, ele
pudesse, o mais claramente possível, nos declarar e selar a
promessa do evangelho.
E esta é a promessa: que Deus nos concede
graciosamente perdão de pecados e vida eterna por causa do
único sacrifício de Cristo ofertado na cruz.
————————————————————————–
Comentário: Chamamos sacramentos, as ordenanças
que o Senhor instituiu e deixou para a Igreja cumprir
enquanto estiver na terra, até a Sua volta. Eles são os sinais
visíveis da redenção que Cristo nos propiciou, morrendo na
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O Catecismo de Heidelberg
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cruz. Esses sinais exteriores apontam para a realidade interior
que o Espírito Santo operou em nós. Não são os selos
externos que asseguram a salvação e sim a sua
correspondência interior, que é a obra do Espírito Santo. Mas,
como diz o Catecismo, os selos garantem que estamos na
esfera das promessas. Quem crer firmemente e receber o selo
exterior terá sua correspondência em si.
————————————————————————–
P. 67: Então, tanto a Palavra quanto os sacramentos têm
por objetivo direcionar a nossa fé para o sacrifício de Jesus
Cristo na cruz como a única base para a nossa salvação?
R.: Sim, pois o Espírito Santo nos ensina no evangelho e
nos garante pelos sacramentos que toda a nossa salvação
baseia-se no sacrifício único de Cristo por nós na cruz.
————————————————————————–
Comentário: Nosso recebimento dos sacramentos
fortalece nossa fé porque traz à nossa memória tudo quanto
Cristo realizou por nós. Cada vez que vemos um batizado ou
que participamos da mesa do Senhor, lembramos que somos
filhos da Aliança e que somos selados com o Espírito Santo
para a redenção eterna. A presença do Senhor está nos
sacramentos; não nos elementos físicos mas em Espírito
conosco.
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P. 68: Quantos sacramentos Cristo instituiu na nova
aliança?
R.: Dois: o santo batismo e a santa ceia.
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Comentário: O batismo foi instituído em lugar da
antiga circuncisão e a Santa Ceia no lugar da antiga Páscoa.
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O Catecismo de Heidelberg
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Para o batismo usamos apenas a água. Para a Ceia usamos o
pão e o vinho. Nenhum outro elemento físico deve ser usado
para simbolizar alguma coisa espiritual, apenas esses três
elementos.
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O Santo Batismo
Dia do Senhor 26
P. 69: De que modo o santo batismo lhe faz saber e lhe
assegura que o único sacrifício de Cristo na cruz lhe
beneficia?
R.: Do seguinte modo: Cristo instituiu esse lavar exterior
e, com ele, deu a promessa de que, tão certo como a água
remove a sujeira do corpo, assim também o seu sangue e
Espírito removem a impureza da minha alma, isto é, todos os
meus pecados.
————————————————————————–
Comentário: O batismo é o sinal exterior, no nosso
corpo, de uma realidade interior, no nosso espírito. O efeito
da água por fora aponta para a ação do Espírito Santo por
dentro – lavar, limpar, purificar – “E da parte de Jesus Cristo… que
nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados…” –
Apocalipse 1.5. Apenas o selo exterior não salva, mas ele
assegura que aquela pessoa está na esfera das promessas da
Aliança de Deus. O tal tem um privilégio que não é oferecido
a todos, mas aos que Deus escolhe.
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P. 70: Que significa ser lavado com o sangue e o Espírito
de Cristo?
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O Catecismo de Heidelberg
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R.: Ser lavado com o sangue de Cristo significa receber
de Deus o perdão de pecados, por meio da graça, por causa
do sangue de Cristo derramado por nós em seu sacrifício na
cruz.
Ser lavado com seu Espírito significa renovado pelo
Espírito Santo e santificado para sermos membros de Cristo,
para que morramos mais e mais para o pecado e vivamos uma
vida santa e irrepreensível.
————————————————————————–
Comentário: Há muitas maneiras de expressar a mesma
realidade, isto é, o fato de que em Cristo fomos perdoados,
justificados, santificados, aceitos, como está escrito: “… mas
haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido
justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” – 1ª
Coríntios 6.11. Através de seu sacrifício na cruz, Jesus Cristo
nos tornou propícios a Deus. A obra de Cristo na cruz foi
única, completa, perfeita e eterna; contudo em nós ela é
aplicada a cada dia pelo seu Espírito que em nós habita e nos
traz à memória os atos da redenção. Pelo fato de habitarmos
num corpo caído [ainda não redimido] que se adéqua muito
bem ao sistema deste mundo caído, precisamos do Espírito
Santo para mortificar todos os desejos, cobiças,
concupiscências, impulsos, inclinações e motivações carnais
que ainda tentam nos influenciar. O verdadeiro crente leva
muito a sério essa luta e o Senhor o faz mais que vencedor em
todas essas coisas.
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O Catecismo de Heidelberg
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P. 71: Onde Cristo prometeu que nos lavaria com o seu
sangue e Espírito tão certo como somos lavados com a água
do batismo?
R.: Na instituição do batismo, onde ele afirma: “Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28:19).
“Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será
condenado” (Marcos 16:16).
Essa promessa se repete onde a Escritura chama o
batismo de lavar regenerador (Tito 3:5) e de purificação dos
pecados (Atos 22:16).
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Comentário: Os sacramentos são instituições e
ordenanças do Senhor, portanto sua autoridade é implícita.
Na Antiga Aliança Ele havia instituído a circuncisão e a
páscoa, ambos com derramamento de sangue. Na Nova
Aliança Ele instituiu o batismo e a ceia, agora sem sangue
derramado, pois o Cordeiro de Deus havia chegado para se
oferecer a si mesmo num único e eterno sacrifício. Nosso
Senhor tanto ordenou que os discípulos fossem batizados
com água quanto prometeu que eles seriam batizados com o
Espírito Santo. O efeito purificador da água no corpo aponta
para a lavagem do Espírito Santo na alma. Por isso Ananias
disse a Paulo: “E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e
lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor” – Atos 22.16.
Claro está que ele não estava atribuindo qualquer poder
inerente a água do batismo, mas estava associando esse selo
exterior com a sua correspondência interior. A água não
purifica o espírito, o batismo não regenera e nem mesmo
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O Catecismo de Heidelberg
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assegura por si só a salvação. Contudo, é o sinal que Deus
coloca sobre os filhos da Aliança. O fato de Deus enviar o
evangelho à uma casa já é uma grande bênção, pois ali os céus
se abriram e Deus está chamando à reconciliação. Quem
souber apreciar essa bênção e privilégio alcançará
misericórdia.
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Dia do Senhor 27
P. 72: Então, esse lavar exterior com água por si mesmo
remove os pecados?
R.: Não, pois somente o sangue de Jesus Cristo e o
Espírito Santo nos purificam de todo pecado.
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Comentário: Nunca elementos materiais tiveram
qualquer poder espiritual, mas apenas apontam para a obra do
Espírito Santo e a representam. Assim era com elementos
usados na Antiga Aliança [sangue, água, óleo, incenso, fogo]
assim é na Nova Aliança. Não há qualquer poder na água do
batismo, como não há nenhum poder no pão e no vinho da
eucaristia. A água nos remete à lavagem que o Espírito Santo
operou em nossas vidas, purificando as nossas almas de toda
contaminação do pecado. O crente autêntico teve sua alma
lavada, apenas seu corpo continua sob os efeitos da queda,
mas sua alma foi redimida, liberta – “Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres” – João 8.36. Então, não há elementos
físicos que sejam purificadores; a água que lava e regenera é o
Espírito Santo.
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P. 73: Então, por que o Espírito Santo chama o batismo
de “lavar regenerador” e de “purificação dos pecados”?
R.: Deus fala assim por razões muito importantes. Ele
nos quer ensinar que o sangue e Espírito de Cristo removem
os nossos pecados, assim como a água remove a sujeira do
corpo. Porém, ainda mais importante, ele nos quer assegurar
por meio dessa garantia e sinal divinos que somos tão
verdadeira e espiritualmente purificados dos nossos pecados,
assim como somos fisicamente lavados com a água.
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Comentário: O selo exterior está intimamente ligado
com a correspondência interior. Quem recebe o selo físico é
porque tem a promessa de Deus e Ele nunca falha. Se aquele
que foi selado confiar e confessar sua fé no Senhor, estará
salvo – “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel
é o que prometeu” – Hebreus 10.23. Todos quantos foram selados
exteriormente devem confiar inteiramente no Senhor Jesus
Cristo para sua salvação. Esses estão mais perto do que os que
nunca receberam o selo.
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P. 74: As crianças pequenas também devem ser
batizadas?
R.: Sim. Assim como os adultos, as crianças pertencem à
aliança e à Igreja de Deus.
Através do sangue de Cristo, a redenção do pecado e o
Espírito Santo, que opera a fé, são prometidos a elas, da
mesma forma que aos adultos.
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O Catecismo de Heidelberg
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Portanto, por meio do batismo, como sinal da aliança,
elas devem ser enxertadas na Igreja de Cristo e distinguidas
dos filhos dos incrédulos.
Na antiga aliança, isso era feito pela circuncisão, que, na
nova aliança, foi substituída pela instituição do batismo.
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Comentário: Se entendermos que a antiga circuncisão foi
substituída pelo batismo, como de fato foi, então
naturalmente que as crianças devem receber agora o batismo.
A circuncisão era realizada no oitavo dia de vida e indicava
que aquele indivíduo era um filho da Aliança e tinha sobre si
as promessas e as obrigações do Pacto. A marca divina
autentica e diferencia os filhos da Aliança dos demais, revela
seu status e mostra sua relação com o verdadeiro Deus. A
Igreja do Novo Testamento não é algo totalmente novo no
sentido que nada tem a ver com a antiga Igreja. Ao contrário,
o apóstolo diz que o tronco é o mesmo, e que nós fomos
enxertados onde eles estavam – “E se alguns dos ramos foram
quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito
participante da raiz e da seiva da oliveira, Não te glories contra os
ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a
raiz a ti. Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse
enxertado… Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra
a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são
naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!” – Romanos 11.17-
19, 24. Deste modo há uma continuidade da comunidade de
Israel, que agora inclui também os gentios. Somos os filhos de
Jafé habitando nas tendas de Sem – “Portanto, lembrai-vos de que
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O Catecismo de Heidelberg
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vós noutro tempo éreis gentios na carne… Que naquele tempo estáveis
sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças
da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora
em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo
chegastes perto… Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros,
mas concidadãos dos santos, e da família de Deus” – Efésios 2.11-13,
19. Nós fomos chamados a participar de um povo que já
existia, portanto tinha suas leis e tradições. A circuncisão era
uma prática desde os primórdios daquele povo. Apenas o selo
foi mudado, agora ele não tem derramamento de sangue, mas
no mais tudo continua como no passado, tendo sido ainda
ampliada, agora também as mulheres recebem o selo, o que
não acontecia na Igreja antiga. O quinto mandamento é
direcionado primeiramente à todos os filhos; por isso diz:
“Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na
terra que o SENHOR, teu Deus, te dá” – Êxodo 20.12. Deus se
dirige às crianças como membros da Aliança da mesma forma
que se dirige aos seus pais – “Vós, filhos, sede obedientes a vossos
pais no Senhor, porque isto é justo… E vós, pais, não provoqueis à ira a
vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” –
Efésios 6.1, 4. “Vós, filhos” e “Vós, pais” significa que todos
são membros da Igreja e todos estão na esfera das promessas
– “Porque a promessa vos diz respeito a vós, [e] a vossos filhos…” – Atos
2.39. Se as crianças não fossem consideradas membros da
Congregação não poderiam ser circuncidadas nem batizadas.
Por isso hoje usar a expressão “batismo infantil” tem o
mesmo sentido de um israelita no passado usar “circuncisão
infantil”. É quase redundante, porque a circuncisão só era
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O Catecismo de Heidelberg
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feita em adulto se fosse um prosélito e o batismo só deve ser
feito em adulto só se nunca pertenceu ao Israel de Deus.
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A Santa Ceia
Dia do Senhor 28
P. 75: De que modo a santa ceia lhe faz saber e lhe
assegura que você tem parte no único sacrifício de Cristo na
cruz e em todos os seus dons?
R.: Do seguinte modo: Cristo ordenou-me, e a todos os
crentes, comer do pão partido e beber do cálice, em sua
memória.
Juntamente com esse mandamento ele deu as seguintes
promessas:
Primeira, tão certo como vejo com os meus olhos o pão
do Senhor partido por mim e o seu cálice dado a mim, assim
também foi o seu corpo ofertado por mim e o seu sangue
derramado por mim na cruz.
Segunda, tão certamente quanto recebo das mãos do
ministro e provo com a minha boca o pão e o cálice do
Senhor como sinais seguros do corpo e do sangue de Cristo,
assim também ele mesmo, com o seu corpo crucificado e o
seu sangue derramado, alimenta e nutre a minha alma para a
vida eterna.
————————————————————————–
Comentário: Há uma força muito grande nas palavras do
Senhor Jesus: “Tomai, comei, isto é o meu corpo… E, tomando o cálice,
e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu
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O Catecismo de Heidelberg
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sangue” – Mateus 26.26-28. “Meu corpo”, “meu sangue”.
Todos sabemos que naquela hora o pão não foi transformado
na carne de Cristo e nem o vinho em seu sangue, senão isto
teria sido registrado pelos escritores sagrados. O pão
continuou sendo essencialmente pão e o mesmo se deu com o
vinho. A substância dos elementos não foi alterada. Contudo
cada participante experimentou uma íntima comunhão com o
corpo de Cristo e seu sangue. Não foi uma refeição comum, e
sim havia algo de espiritual presente ali, não nos elementos
físicos obviamente, mas no momento da comunhão. Assim
quando participamos da ceia do Senhor, tomamos o pão e o
cálice e, pela fé, com os olhos da alma, vemos o corpo e o
sangue de Cristo ali representados. O apóstolo adverte a
qualquer que se chega à mesa do Senhor, que o faça com fé,
com discernimento e temor; sem isso estará comendo e
bebendo para sua própria condenação – “Portanto, qualquer que
comer este pão, ou beber o cálice do SENHOR indignamente, será
culpado do corpo e do sangue do SENHOR. Examine-se pois o homem
a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que
come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação,
não discernindo o corpo do SENHOR. Por causa disto há entre vós
muitos fracos e doentes, e muitos que dormem” – 1a
Coríntios 11.27-30.
————————————————————————–
P. 76: O que significa comer o corpo crucificado de
Cristo e beber seu sangue derramado?
R.: Primeiro, aceitar de todo coração todo o sofrimento
e morte de Cristo, e assim receber o perdão dos pecados e a
vida eterna.
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O Catecismo de Heidelberg
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Segundo, ser unido cada vez mais ao santo corpo de
Cristo pelo Espírito Santo, que vive tanto nele quanto em nós.
Portanto, embora Cristo esteja no céu e nós estejamos na
terra, somos carne da sua carne e osso dos seus ossos, e
vivemos eternamente e somos governados por um único
Espírito, assim como os membros do nosso corpo o são por
uma única alma.
————————————————————————–
Comentário: Comemos do corpo e bebemos do sangue
de Cristo não apenas diante da mesa do Senhor, mas devemos
fazê-lo todos os dias, porque comer e beber é receber da seiva
da videira. Precisamos alimentar a nossa alma diariamente e
não apenas uma vez por semana ou mês. Contudo, participar
da mesa do Senhor com a irmandade é algo insubstituível. Ao
redor da mesa do Senhor expressamos nossa comunhão e
unidade indivisível para a glória de Deus. Cristo é o nosso
alimento contínuo.
————————————————————————–
P. 77: Onde foi que Cristo prometeu que ele quer
alimentar e refrigerar os crentes com seu corpo e seu sangue
tão certamente quanto eles comem do pão partido e bebem
do cálice?
R.: Na instituição da ceia do Senhor: “O Senhor Jesus, na
noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e
disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de
mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o
cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto,
todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as
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vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do
Senhor, até que ele venha” (1ª Coríntios 11:23-26).
O apóstolo Paulo já havia se referido a essa promessa,
quando disse: “Porventura o cálice da bênção que abençoamos, não é
a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é a
comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos
unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único
pão” (1ª Coríntios 10:16,17).
————————————————————————–
Comentário: O alimento que o corpo e o sangue de
Cristo significam para nós são muito mais reais e mais
importantes do que o pão material. Ele mesmo disse: “Este é o
pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o
pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para
sempre: e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do
mundo. Disputavam pois os judeus entre si, dizendo: Como nos pode
dar este a sua carne a comer? Jesus pois lhes disse: Na verdade, na
verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e
não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come
a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é
comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha
carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o
Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se
alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu: não
é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram: quem comer
este pão viverá para sempre” – João 6.50-58. O pão material só
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serve para nos manter vivos neste mundo – “Os alimentos são
para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém,
aniquilará tanto um como os outros” – 1ª Coríntios 6.13. Mas Cristo
nos dá aos seus filhos o alimento espiritual para suas almas,
que os nutrirá para a eternidade – quem comer este pão viverá
para sempre.
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Dia do Senhor 29
P. 78: Então, o pão e o vinho são transformados no
corpo e sangue de Cristo?
R.: Não.
Do mesmo modo que a água do batismo não se
transforma no sangue de Cristo, nem é a própria purificação
dos pecados, mas é simplesmente um sinal e uma garantia
disso da parte de Deus, assim também o pão na ceia do
Senhor não se transforma no próprio corpo de Cristo,
embora seja chamado de corpo de Cristo, conforme a
natureza e o uso dos sacramentos.
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Comentário: O Senhor Jesus deu aos seus discípulos o
pão e o cálice e disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando
o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é
o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por
muitos, para remissão dos pecados” – Mateus 26.26-28, mas em
seguida afirmou: “E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto
da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu
Pai” – v. 29. Ele havia acabado de dizer do vinho: “isto é o
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meu sangue”, para logo em seguida dizer: “este fruto da
vide”. Por que? Obviamente porque o vinho nunca sofreu
qualquer mudança em sua essência, continuava sendo o fruto
da videira, e assim também o pão. Assim a transubstanciação
é uma fraude e falso ensino.
————————————————————————–
P. 79: Por que, então, Cristo chama o pão “seu corpo” e
o cálice de “seu sangue” ou de “a nova aliança no seu
sangue”, e por que Paulo fala da “comunhão do corpo e do
sangue de Cristo”?
R.: Cristo fala dessa maneira por um motivo importante:
Ele quer nos ensinar pela sua ceia que, do mesmo modo
como o pão e o vinho nos sustentam a vida temporal, assim
também o seu corpo crucificado e o seu sangue derramado
são o verdadeiro alimento e a verdadeira bebida de nossa alma
para a vida eterna.
E, ainda mais, por esse sinal e garantia visíveis ele nos
quer assegurar: primeiro, que pela operação do Espírito Santo
nós participamos do seu verdadeiro corpo e sangue, tão certo
como recebemos com a nossa boca esses santos sinais em
memória dele; segundo, que todo o seu sofrimento e
obediência são nossos, tão certo como se nós mesmos
tivéssemos sofrido e pago por nossos pecados.
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Comentário: O pão é um alimento material e alimenta
nossos corpos, bem como o vinho. Eles representam o corpo
e o sangue de Cristo, os quais alimentam nossas almas.
“Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do
sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do
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corpo de Cristo?” – 1ª Coríntios 10.16. O Senhor Jesus não poderia
dar a todos os crentes de todos os tempos Sua própria carne a
comer. Já no Antigo Testamento proveu um tipo: os
sacrifícios dos cordeiros; no Novo Testamento, após Ele
mesmo haver sido sacrificado, deu-nos o pão e vinho como
símbolos. Mas tanto os crentes da Antiga Aliança
comungavam, quanto os da Nova aliança comungam
verdadeiramente com o corpo e o sangue do Cordeiro de
Deus.
————————————————————————–
Dia do Senhor 30
P. 80: Qual a diferença entre a ceia do Senhor e a missa
do papa?
R.: A ceia do Senhor nos testifica, primeiramente, que
temos o perdão completo de todos os nossos pecados pelo
único sacrifício de Jesus Cristo, que ele mesmo, uma vez por
todas, realizou na cruz; em segundo lugar, que pelo Espírito
Santo somos enxertados em Cristo, o qual está agora em seu
corpo verdadeiro, à mão direita do Pai, e é onde ele quer ser
adorado.
No entanto, a missa ensina, primeiro, que nem os vivos
nem os mortos têm o perdão de pecados por meio do
sofrimento de Cristo, se ele não ainda sacrificado diariamente
em favor deles pelos sacerdotes; e, segundo, que Cristo está
presente corporalmente na forma do pão e do vinho, e neles
deve ser adorado.
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O Catecismo de Heidelberg
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A missa, portanto, não é outra coisa senão a negação do
único sacrifício e sofrimento de Jesus Cristo, e é uma idolatria
maldita.
————————————————————————–
Comentário: A missa é uma invenção humana,
absolutamente inútil, perniciosa, que não tem qualquer
respaldo na Palavra de Deus, nem na tradição apostólica. Em
lugar algum das Escrituras encontramos que a eucaristia seja
uma repetição nem uma continuidade do sacrifício de Cristo,
nem que haja uma incorporação de Cristo nos elementos
consagrados. Os sacrifícios repetidos eram feitos na era das
figuras [Antigo Testamento], que passou. E mesmo aqueles
sacrifícios eram apenas tipos do verdadeiro. Hoje, na era
cristã, rememoramos o verdadeiro sacrifício feito por Cristo
uma única vez. Seu sacrifício foi único, eficaz, suficiente,
poderoso, de valor eterno. Jamais será repetido. Se pão e
vinho, usados na eucaristia, fossem transformados em sua
substância, haveria no mínimo, um ensino apostólico sobre
isso. Não existe esse ensino, porque isso é completo absurdo.
Nem mesmo quando o Senhor instituiu a Ceia isso aconteceu,
senão tal sinal teria sido descrito pelos escritores sagrados e
inspirados. Transubstanciação, consubstanciação são
pensamentos humanos. Não é tão difícil entender que quando
o Senhor Jesus disse que nos daria sua carne e seu sangue, não
estava dizendo que cada discípulo seu deveria literalmente
comer sua carne e beber o seu sangue. É muito óbvio que o
Senhor estava falando de uma maneira figurada e espiritual.
Isso posto, agora, não podemos fazer como alguns que se
ancoram em outro extremo, dizendo que na Ceia do Senhor
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O Catecismo de Heidelberg
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não há nada além de pão e vinho. Também não é assim. Há
muito mais que isso. Conquanto não haja qualquer virtude
inerente aos elementos em si, no momento da ceia o Senhor
mesmo está conosco e nos abençoa com as bênçãos da sua
graça. Naquela hora o Espírito Santo reaviva em nossa
memória todos os privilégios que desfrutamos como filhos da
Aliança: perdão, reconciliação, justificação, santificação,
adoção e glorificação. E nós adoramos, não os elementos da
ceia, claro, mas o glorioso Rei que está no céu e em cuja
presença estamos.
————————————————————————–
P. 81: Quem deve vir à mesa do Senhor?
R.: Aqueles que, verdadeiramente, estão descontentes
consigo mesmos por causa dos seus pecados e que, mesmo
assim, confiam que eles lhes foram perdoados, e que o mal
que ainda resta neles está coberto pelo sofrimento e morte de
Cristo, e que também desejam, cada vez mais, fortalecer a sua
fé e corrigir a sua vida.
Mas os hipócritas e os que não se arrependem comem e
bebem juízo para si mesmos. se aborrecem de si mesmos por
causa dos seus pecados, mas confiam que estes lhes foram
perdoados por amor de Cristo e que, também, as demais
fraquezas são cobertas por seu sofrimento e sua morte; e que
desejam, cada vez mais, fortalecer a fé e corrigir-se na vida.
Mas os hipócritas e os que não se arrependem, comem e
bebem juízo para si mesmos.
————————————————————————–
Comentário: Naturalmente que a Ceia do Senhor é para
os arrependidos, humilhados e quebrantados de coração. Só
aqueles que reconheceram sua total depravação, sua
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O Catecismo de Heidelberg
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pecaminosidade e indignidade é que entenderam o sentido da
comunhão. Mas eles não param aí, antes confiam plenamente
no sacrifício de Cristo para purificá-los e têm profundo desejo
de ser cada vez mais santos. Aqueles que têm outras
motivações ou outros pensamentos ao se aproximar da mesa
do Senhor, são severamente advertidos pelo apóstolo: fazemno para sua própria condenação – “Porque o que come e bebe
indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não
discernindo o corpo do SENHOR” – 1ª Coríntios 11.29.
————————————————————————–
P. 82: Aqueles que por sua confissão e vida demonstram
que são incrédulos e ímpios devem se admitidos à ceia do
Senhor?
R.: Não, porque a aliança de Deus seria profanada e a
sua ira se acenderia contra toda a congregação.
Por isso, de acordo com o mandamento de Cristo e de
seus apóstolos, a Igreja cristã tem o dever de excluir tais
pessoas pelas chaves do reino dos céus, até que corrijam a sua
vida.
————————————————————————–
Comentário: Aqueles que, ao se aproximarem da mesa
da comunhão, fazem-no sem ter consciência do que estão
fazendo ou agem hipocritamente com desdém, muito melhor
fariam se não participassem. Ninguém desdenha das coisas
santas e fica impune. É digno de morte aquele que profana a
Aliança conscientemente. Por isso a Ceia do Senhor precisa
ser supervisionada pelo conselho da igreja. E que todos sejam
instruídos da importância de participar da mesa do Senhor,
tanto das implicações do não participar e quanto do participar
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O Catecismo de Heidelberg
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irreverentemente. Judas participou da mesa com Jesus e os
apóstolos, mas enquanto os demais foram abençoados Judas
foi amaldiçoado. Os piedosos receberam bênçãos, o ímpio
recebeu terrível maldição. Ninguém é digno de se chegar à
mesa do Senhor, por isso quem o fizer que faça-o com temor
e reverência.
————————————————————————–
Dia do Senhor 31
P. 83: O que são as chaves do reino dos céus?
R.: A pregação do santo evangelho e a disciplina
eclesiástica.
É por esses dois meios que o reino dos céus se abre para
os que creem e se fecha para os incrédulos.
————————————————————————–
Comentário: Quando a igreja prega o evangelho de
Jesus Cristo e chama os pecadores ao arrependimento está
lhes assegurando que podem entrar no reino de Deus. E
todos quantos creem em Cristo têm a promessa de serem
recebidos em seu reino. A estes as portas se abrem. Mas a
mesma chave que abre para uns também fecha para outros.
Pois muitos há que mesmo ouvindo as boas novas de
salvação, não fazem caso. São os que estão perdidos e não
sabem, estão naufragando e não têm consciência disso, por
isso não acham que precisam de um salvador. A estes as
portas se fecham. O mesmo acontece com relação a disciplina
bíblica, ela é outro meio de se fechar as portas do reino
àqueles que se rebelam contra o Rei, desobedecendo sua
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O Catecismo de Heidelberg
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Palavra e as autoridades delegadas por Ele colocadas no
governo da igreja.
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P. 84: Como se abre e se fecha o reino dos céus pela
pregação do evangelho?
R.: De acordo com o mandamento de Cristo, o reino
dos céus se abre quando se proclama e se testifica
publicamente a todo crente – individual ou coletivamente –
que Deus de fato perdoou todos os seus pecados por causa
dos méritos de Cristo, sempre que aceitam a promessa do
evangelho com fé verdadeira.
O reino dos céus se fecha quando se proclama e se
testifica a todos os incrédulos e hipócritas que, enquanto não
se arrependerem, a ira de Deus e a condenação eterna
permanecem sobre eles.
Segundo esse testemunho do evangelho, Deus os julgará
tanto nesta vida quanto na vida porvir.
————————————————————————–
Comentário: Para que o pecador se alegre com as boas
novas da salvação, primeiro ele precisa saber que está perdido
e condenado. Para isto o pecador precisa ouvir a lei de Deus e
a maldição que ela lança sobre o homem que não a cumprir. A
verdadeira pregação não exclui a lei, sua justiça, seu juízo,
antes adverte o pecador sobre a condenação do pecado, que
será punido eternamente no inferno. Em seguida aponta o
caminho da salvação graciosa que está em Cristo Jesus e
revela o dom precioso que Deus dá ao pecador arrependido e
compungido. Mas aquele que rejeitar ou não conhecer esse
dom deverá arcar com todas as consequências de seus
pecados, o que é suficiente para puni-lo no inferno
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eternamente. Assim a pregação tem o poder tanto de abrir
quanto de fechar as portas do reino. Por exemplo, o apóstolo
Paulo pregou em Atenas: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos
da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar,
que se arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com
justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso
deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” – Atos 17.30-31.
O resultado foi: “E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos,
uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez.
E assim Paulo saiu do meio deles. Todavia, chegando alguns varões a
ele, creram: entre os quais foi Dionísio, areopagita, e uma mulher por
nome Dâmaris, e com eles outros” – Vers. 32-34. A pregação abriu o
reino para alguns [eles creram] e fechou para outros
[escarneceram].
————————————————————————–
P. 85: Como se fecha e se abre o reino dos céus pela
disciplina eclesiástica?
R.: De acordo com o mandamento de Cristo, aqueles
que se chamam de cristãos, mas que se mostram não-cristãos
na doutrina ou na vida, devem ser, em primeiro lugar e de
modo fraternal, admoestados mais de uma vez.
Se não abandonarem seus erros nem sua impiedade,
devem ser denunciados à igreja, isto é aos presbíteros.
Se também não derem ouvidos às admoestações deles,
serão proibidos de participar dos sacramentos e excluídos da
congregação cristã, pelos presbíteros, e do reino de Cristo,
pelo próprio Deus.
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Serão novamente recebidos como membros de Cristo e
da igreja, quando prometerem e demonstrarem verdadeiro
arrependimento.
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Comentário: Excluir um membro da congregação por
rebeldia, heresia, apostasia, ou outro pecado qualquer, não é
falta de amor, ao contrário, a pessoa está recebendo uma
chance para se arrepender e retomar o caminho. É um
mandamento de Deus e o Senhor faz isso porque ama os seus
filhos. A disciplina sempre visa restaurar o culpado e livrá-lo
do laço do inimigo das nossas almas, e preservar a santidade
da congregação do Senhor. Contudo se ele endurecer-se no
pecado é afastado da comunhão da irmandade
definitivamente. O processo da exclusão é estabelecido pelo
próprio Senhor: O ofensor deve ser primeiramente
admoestado, exortado, depois seu pecado deve ser exposto
diante do presbitério da igreja, em seguida exposto diante da
congregação, e finalmente o ofensor deve ser excluído da
comunhão. Poderá, ainda ouvir as pregações, mas fica
excluído da comunhão para que se envergonhe e se
arrependa. A irmandade não deve tratar o excomungado
como inimigo, mas não deve premiá-lo com sua comunhão
como se nada tivesse acontecido. Havendo sincero e
comprovado arrependimento, isto é com frutos, sempre
haverá chance de ser incluído novamente à comunhão dos
santos.
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Parte 3 – Nossa Gratidão
Dia do Senhor 32
P. 86: Se fomos libertos da nossa miséria somente pela
graça através de Cristo, sem nenhum mérito nosso, por que
então devemos praticar boas obras?
R.: Porque Cristo, tendo nos remido pelo seu sangue,
também nos renova por seu Espírito Santo à sua imagem para
que, com toda a nossa vida, mostremo-nos gratos a Deus por
seus benefícios, e para que, pelo novo viver piedoso,
possamos ganhar nosso próximo para Cristo.
————————————————————————–
Comentário: A imagem de Deus que foi danificada pelo
pecado é restaurada na vida do regenerado e a cada dia vai
sendo aprimorada na medida em que ele cresce no Senhor –
“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a
glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma
imagem, como pelo Espírito do Senhor” – 2ª Coríntios 3.18. Esta é a
primeira razão porque o crente cresce e frutifica. Todos
quantos foram resgatados do reino das trevas e da
condenação, são gratos a Deus e produzem frutos de gratidão.
Através da nossa vida atraímos os incrédulos, por isso
também nos empenhamos mais e mais no exercício da
caridade cristã para sermos boas testemunhas de Cristo neste
mundo. Tudo quanto fazemos por Cristo e para Ele é porque
fomos salvos e estamos abençoados, nunca o contrário. Ele
nos comprou e dele somos – “Porque fostes comprados por bom
preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais
pertencem a Deus” – 1ª Coríntios 6.20. Nada temos que não
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O Catecismo de Heidelberg
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tenhamos recebido – “E que tens tu que não tenhas recebido?” – 1ª
Coríntios 4.7. E mais, toda boa árvore, necessariamente produz
bons frutos: “Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a
árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus
frutos; nem a árvore má dar frutos bons” – Mateus 7.17-18. Os bons
frutos acompanham, necessariamente a regeneração. Crente
que vive no pecado e más obras, é uma negação do evangelho
e da fé cristã. De um príncipe se espera nobreza, de um
cristão se espera algo melhor do que o que se vê nos homens
comuns.
————————————————————————–
P. 87: Podem ser salvo aqueles que não abandonam o
modo de viver ingrato e impenitente e não se convertem a
Deus?
R.: Não. De modo nenhum.
A Escritura diz que nenhum impuro, idólatra, adúltero,
ladrão, avarento, bêbado, maldizente, assaltante ou semelhante
herdará o reino dos céus.
————————————————————————–
Comentário: Pelos frutos se identifica a árvore. Aqueles
ramos cuja seiva de Cristo traz vida produzem os frutos
referentes a essa vida. Mas os ramos que continuam
produzindo os frutos azedos, amargos, tóxicos da antiga
árvore é porque não estão recebendo o fluxo da nova vida.
Esses ramos serão destinados ao fogo – “Eu sou a videira
verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá
fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais
fruto… Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse
dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não
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O Catecismo de Heidelberg
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estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e
lançam no fogo, e ardem” – João 15.1-6. O cristão autêntico não
vive mais para o pecado e sim para Deus, porque o Senhor
não apenas perdoou seus pecados, mas também dá-lhe poder
para não mais viver neles. Nosso Pai amoroso não entrega
seus filhos ao pecado. A santificação do cristão não é um
estágio fixo, mas é um processo contínuo, a cada dia ele cresce
e é aperfeiçoado, conformado à imagem de Jesus Cristo. De
maneira semelhante, o ímpio também não está numa
plataforma fixa, mas ele decai a cada dia sendo conformado
ao diabo, ficando mais endurecido, mais rebelde, mais
orgulhoso, mais autossuficiente.
————————————————————————–
Dia do Senhor 33
P. 88: O que é o verdadeiro arrependimento ou
conversão do homem?
R.: É a morte da velha natureza e a ressurreição da nova
natureza.
————————————————————————–
Comentário: Conversão não é o mesmo que educação
religiosa, conhecimento das doutrinas cristãs, não é adotar a
filosofia e os princípios bíblicos, ter uma boa conduta moral,
nem é estar convencido da verdade do evangelho. Engloba
tudo isso, mas vai muito além. A verdadeira conversão implica
uma morte e uma ressurreição, uma mudança radical. Muitos
dos que congregam com o povo do Pacto podem ter muitas
experiências, conhecimento doutrinário, convicção da verdade
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O Catecismo de Heidelberg
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e ainda assim estarem longe da verdadeira conversão. Isto
porque a conversão é uma mudança de coração e de natureza.
É uma experiência de morte e ressurreição, isto é o homem
velho morre e nasce outro novo, que é uma nova criação de
Deus. Com o velho homem morrem todos os antigos hábitos
e antigos valores que são substituídos por um
comportamento totalmente novo, uma nova visão da vida, um
novo propósito e estilo de vida. O novo homem é uma nova
criação de Deus. Ele nasce na família de Deus, desenvolve
uma relação filial com Deus como seu Pai e com os demais
santos como seus irmãos na fé.
————————————————————————–
P. 89: O que é a morte da velha natureza?
R.: É a profunda e sincera tristeza por termos ofendido
a Deus com os nossos pecados, e cada vez mais abominá-los
e fugir deles.
————————————————————————–
Comentário: Somente o nascido de Deus tem desejo de
se ver livre do pecado, porque o velho homem deleita-se nele
e nele está confortável. Quando o Espírito Santo vem a nós,
Ele revela a glória de Deus e a nossa natureza depravada e
perversa. Então percebemos quão grandemente temos
ofendido a Deus e quão merecedores do inferno somos.
Desde então passamos a odiar o pecado e a fazer tudo para
evitá-lo. O santo está empenhado numa luta contínua contra a
sua natureza terrena e anseia por se ver livre da presença do
pecado, o que se dará quando ele deixar este mundo para estar
com Cristo.
————————————————————————–
P. 90: O que é a ressurreição da nova natureza?
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O Catecismo de Heidelberg
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R.: É a alegria sincera em Deus por Cristo, e o amor e o
deleite de viver segundo a vontade de Deus em todas as boas
obras.
————————————————————————–
Comentário: O regenerado descobre o verdadeiro
sentido da vida que é desfrutar a Deus e glorificá-lo, e isso
enche seu coração da verdadeira paz e alegria. Ele não é alegre
porque resolveu todos os seus problemas deste mundo, mas
porque encontrou o Salvador da sua alma. Muitas vezes seus
problemas presentes aumentaram, mas a paz e a alegria que
invadiram sua alma, a comunhão com Cristo, a certeza da vida
eterna, sobrepujam em muito o desconforto que os
problemas deste mundo lhe causam. Ele descobriu que Cristo
é a Fonte de todo bem e toda provisão. De fato Cristo é tudo
que o crente necessita. Não há nada fora de Cristo que possa
trazer verdadeira alegria, consolo, paz e encorajamento. Fora
de Cristo tudo é trevas, instabilidade, movediço, desesperador;
em Cristo há luz, estabilidade, segurança, certeza de um
futuro vitorioso.
————————————————————————–
P. 91: Mas o que são as boas obras?
R.: Somente aquelas que são feitas pela verdadeira fé, em
conformidade com a lei de Deus e para a sua glória, e não
aquelas que se baseiam na nossa própria opinião ou em
preceitos de homens.
————————————————————————–
Comentário: Boas obras, segundo a Bíblia ensina, têm
origem, significado e resultado diferentes das boas ações que
são praticadas pelos homens naturais. Os homens naturais e
mesmo ímpios até praticam boas ações, ajudam seus
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semelhantes, fazem benfeitorias para os necessitados.
Contudo tais obras têm motivações erradas, não glorificam a
Deus e trazem juízo sobre o praticante. Muitas vezes, eles
desejam alcançar o favor de Deus dessa forma, desprezando e
insultando assim o Salvador. Pois quem pratica boas obras
para negociar a sua salvação com Deus está desprezando o
Filho de Deus e a expiação que Ele realizou por nós; quem
agir assim será condenado por isso. Diferentemente, as obras
dos crentes têm origem em sua nova natureza, revelam um
coração regenerado, trazem glória para Deus e acumulam
galardão para os que as praticam. Por isso a Bíblia diz que
“somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais
Deus preparou para que andássemos nelas” – Efésios 2.10. Assim uma
boa obra envolve fé em Cristo, que só o salvo tem, uma
motivação correta, que não tem nenhum interesse oculto
envolvido, e um objetivo correto, que é glorificar a Deus.
————————————————————————–
Os Dez Mandamentos
Dia do Senhor 34
P. 92: O que diz a lei de Deus?
R.: “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo”:
Prólogo: “Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do
Egito, da casa da servidão”.
Primeiro Mandamento: “Não terás outros deuses diante de
mim”.
Segundo Mandamento: “Não farás para ti imagem de
escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem
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em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás
a elas, nem as servirás; porque eu o SENHOR teu Deus, sou Deus
zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta
geração daqueles que me odeiam, e faço misericórdia a milhares
daqueles que me amam, e aos que guardam os meus mandamentos”.
Terceiro Mandamento: “Não tomarás o nome do SENHOR
teu Deus em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que
tomar seu nome em vão”.
Quarto mandamento: “Lembra-te do dia do sábado, para o
santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo
dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem
tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem
o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas;
porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o
que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o
SENHOR o dia do sábado, e o santificou”.
Quinto Mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que
se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá”.
Sexto Mandamento: “Não matarás”.
Sétimo Mandamento: “Não adulterarás”.
Oitavo Mandamento: “Não furtarás”.
Nono Mandamento: “Não dirás falso testemunho contra o teu
próximo”.
Décimo Mandamento: “Não cobiçarás a casa do teu próximo.
Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua
serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu
próximo”.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: Deus começa dizendo: “Eu Sou Javé teu
Deus” e em seguida diz como deseja que seu povo viva para
Ele. A Bíblia é o livro de Deus e não um livro científico. Ela
não se propõe a explicar Deus ou sua criação, nem há nela
respostas para todas as perguntas que fizermos. Mas ela tem a
resposta para nossa necessidade espiritual. Ela responde a
pergunta que nem sempre sabemos fazer, e propõe a solução
para um problema que nem sempre temos ciência dele. O
homem natural está cego espiritualmente e não sabe quais são
seus reais problemas e suas reais necessidades. A lei de Deus
levanta a questão problemática do homem caído: ele é um
infrator que está debaixo do juízo e da condenação de Deus.
Mais dia, menos dia, ele será chamado a juízo e prestação de
contas. Se não tiver consigo Aquele que foi estabelecido
“Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” – 1ª Timóteo
2.5, receberá pelos seus pecados a eterna punição e maldição.
————————————————————————–
P. 93: Como estão divididos esses mandamentos?
R.: Em duas partes:
A primeira nos ensina como viver em relação a Deus;
A segunda, que deveres temos para com o nosso
próximo.
————————————————————————–
Comentário: Os quatro primeiros mandamentos
referem-se a nossa relação com Deus. Eles versam
basicamente sobre nosso culto a Deus, o que envolve toda a
nossa vida e nosso ser. Deus requer totalidade, pureza,
exclusividade, continuidade.
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O Catecismo de Heidelberg
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Totalidade: Como seus filhos devemos nos render a Ele
com todo o nosso ser [alma e corpo]; devemos entender que
tudo é dele – nosso tempo, família, posses, nossa vida, saúde,
toda nossa vida.
Pureza: Ele requer que sejamos puros em nossos corpos,
mentes, pensamentos, motivações, desejos e expressões; que
sejamos santos como o Senhor é santo.
Exclusividade: Deus nos quer só para si e não aceita que
nos misturemos com outros deuses ou ídolos deste mundo.
Devemos nos satisfazer totalmente em seu amor e
providência para conosco.
Continuidade: Ele nos dá esta vida para que vivamos
para o seu inteiro louvor e a vida eterna para que o sirvamos
eternamente.
A quebra desses mandamentos afeta diretamente nosso
relacionamento com o Senhor. Do quinto ao décimo
mandamento está em foco a nossa relação com o nosso
próximo. Deus exige que amemos e respeitemos o nosso
próximo como a nós mesmos. Façamos por ele tudo quanto
gostaríamos que se fizesse a nós próprios. Assim também a
infração desses mandamentos afeta nosso relacionamento
com nosso próximo.
O Senhor Jesus resumiu o Decálogo em dois grandes
mandamentos: Amar a Deus e amar ao próximo – “Amarás,
pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e
de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro
mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo
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como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” –
Marcos 12.30-31.
————————————————————————–
P. 94: O que o Senhor exige no Primeiro Mandamento?
R.: Que, por amor à minha salvação, devo evitar e fugir
de toda idolatria, feitiçaria, superstição e invocação a santos
ou a outras criaturas.
Devo corretamente conhecer o único e verdadeiro Deus,
confiar somente nele, submeter-me a ele em toda a humildade
e paciência, e esperar todo o bem somente dele. Também
devo amar, temer e honrar a Deus de todo o meu coração.
Em resumo, é preferível repudiar todas criaturas a fazer
qualquer coisa, por menor que seja, contra a sua vontade.
————————————————————————–
Comentário: Quem quer que seja salvo precisa
conhecer o verdadeiro Deus. Jesus Cristo orou assim: “E a vida
eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo, a quem enviaste” – João 17.3. A vida eterna consiste
em conhecer a Deus na face de Cristo – “E sabemos que já o
Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que
é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus
Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” – 1ª João 5.20. O
primeiro mandamento nos ensina reconhecer que há um
único Deus verdadeiro. Portanto devemos honrá-lo, temê-lo,
adorá-lo, tendo-o na mais alta consideração e reverência. A
Ele devemos obedecer e amar com todo nosso coração, sendo
humildes diante dele, esperando e confiando em suas
promessas, agradecendo-lhe pelo seu cuidado e louvando-o
pelos seus atributos. Além do mais, nenhuma criatura tem os
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O Catecismo de Heidelberg
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atributos incomunicáveis de Deus. Nenhuma criatura é
onipotente, onisciente nem onipresente. Logo devemos dirigir
nossas preces somente a Deus através do Seu Filho, nosso
Mediador, o Senhor Jesus Cristo.
————————————————————————–
P. 95: O que é idolatria?
R.: Idolatria é ter ou inventar algo em que colocar a
nossa confiança em lugar, ou ao lado, do único e verdadeiro
Deus que se revelou em sua Palavra.
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Comentário: Qualquer coisa, objeto, pessoa, práticas
religiosas que nos desviem do verdadeiro Deus é uma
idolatria; qualquer coisa, fora Deus, a que nos apeguemos
com devoção é uma idolatria; toda superstição, misticismo,
sincretismo religioso, crendice é uma forma de idolatria; o
mesmo se pode dizer da autoconfiança, ou da fé na própria
fé. Mas o mais sutil e enganoso tipo de idolatria é o deus
imaginário. Esse é o maior perigo entre os filhos da Aliança:
cultuar um deus criado pelas suas mentes. Os judeus caíram
nesse pecado muitas vezes. Ezequiel os repreendeu por isso –
“Qualquer homem da casa de Israel, que levantar os seus ídolos no seu
coração…” – Ezequiel 14.4. Ídolos no coração são deuses
imaginários, ou um falso conhecimento sobre quem Deus é.
O Senhor Jesus disse aos judeus dos seus dias que eles
supunham cultuar o verdadeiro Deus mas, de fato, não O
conheciam – “… mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós
não conheceis… não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me
conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai…” – João 7.28;
8.19. O mesmo ocorre hoje, muitos não conhecem o
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verdadeiro Deus revelado nas Escrituras, com todos os seus
atributos, sua Aliança incluindo as bênçãos e as maldições,
mas pensam que Deus seja de acordo com suas suposições.
Por exemplo, é muito comum as pessoas aceitarem que Deus
demonstre amor, paciência, longanimidade e que não leve tão
a sério a questão do pecado, mas que seja complacente com
ele, fazendo vistas grossas; que seja um Deus disposto a levar
todos os homens para o céu independente do que eles façam
e de como vivam; um Deus que não condene ninguém ao
inferno; um Deus que está esperando o homem agir para
então Ele ver o que fará; um Deus que decide tudo de última
hora; ou seja, um Deus conforme a imagem do homem. Isso
é idolatria.
————————————————————————–
Dia do Senhor 35
P. 96: O que Deus exige no Segundo Mandamento?
R.: Que não façamos imagem de Deus em hipótese
alguma, nem o adoremos de modo diferente daquele que ele
nos ordenou em sua Palavra.
————————————————————————–
Comentário: É simplesmente impossível representar
Deus e sua glória por quaisquer meios humanos, sejam quais
forem. Toda tentativa nesse sentido acabaria sempre numa
grande ofensa, insulto e desprezo ao grande Criador. Então
Ele proibiu terminantemente, toda, absolutamente toda
tentativa de nossa parte em representá-lo, seja por figura,
imagem, escultura. Por isso Ele nos advertiu por Moisés:
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“Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura
vistes no dia em que o Senhor, em Horebe, falou convosco do meio do
fogo; Para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem
esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou
mulher; Figura de algum animal que haja na terra; figura de alguma
ave alada que voa pelos céus; Figura de algum animal que se arrasta
sobre a terra; figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da
terra” – Deuteronômio 4.15-18. Através do profeta Isaías: “A quem,
pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis? O artífice
funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro, e forja para ela cadeias de
prata… A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual?
Diz o Santo” – Isaías 40.18-19, 25. E através do apóstolo Paulo:
“Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a
divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por
artifício e imaginação dos homens” – Atos 17.29. Criar uma imagem
de Deus é roubar-lhe a glória e isso é terrível pecado.
————————————————————————–
P. 97: Então, não podemos fazer nenhum tipo de
imagem?
R.: Deus não pode e nem deve ser visivelmente
representado de nenhuma maneira. As criaturas podem ser
representadas, mas Deus nos proíbe fazer ou ter imagens
delas para adorá-las, ou para servi-lo por meio delas.
————————————————————————–
Comentário: A proibição não diz respeito a fazermos
uma representação de um animal ou mesmo o busto humano.
O que Deus proíbe é a tentativa de representá-lo através de
imagens, figuras, desenhos, esculturas, fundições e usá-los
como objetos de culto. Os romanistas, para justificar seus
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ídolos, usam dizer que Deus ordenou a confecção dos
querubins da arca ou a serpente de bronze no deserto. Porém,
os querubins foram colocados sobre a arca não para serem
adorados, menos ainda para servirem de mediadores, pois
nem mesmo nome tinham; já a serpente de bronze não era
para ser adorada e nem representava Deus. E em ambos os
casos os objetos foram fabricados sob ordens específicas de
Deus, o que muda tudo. Ainda assim, no caso da serpente
levantada por Moisés no deserto, a encontramos oitocentos
anos mais tarde, sendo venerada pelos judeus e por isso o rei
Ezequias a destruiu. Os romanistas fazem suas estátuas e as
põem no templo e lhes atribuem nomes e lhes fazem súplicas
como se as mesmas pudessem fazer qualquer mediação entre
eles e Deus. Ou então olham para suas imagens e pedem
àqueles que elas representam. Resumindo, tudo isso quebra o
segundo mandamento – “E derrubareis os seus altares, e quebrareis
as suas estátuas, e os seus bosques queimareis a fogo, e destruireis as
imagens esculpidas dos seus deuses, e apagareis o seu nome daquele
lugar. Assim não fareis ao Senhor vosso Deus” – Deuteronômio 12.3-
4.
————————————————————————–
P. 98: Que dizer que não se pode tolerar as imagens nas
igrejas como “livro para os leigos”?
R.: Não, pois não devemos querer ser mais sábios do
que o próprio Deus. Ele não quer que o seu povo seja
ensinado por meio de ídolos mudos, mas pela pregação viva
da sua Palavra.
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Comentário: Seja por descuido, por ignorância ou por
desobediência, muitas vezes os homens ultrapassam os limites
estabelecidos por Deus em sua Palavra. Muitos parecem
querer ser mais sábios que o próprio Deus. Se Deus quis
revelar-se a nós pela sua criação e sua Palavra, não temos o
direito de acrescentar outros meios, mas sim crer que seus
meios são suficientes e poderosos para fazer cumprir seus
propósitos. A Bíblia é suficiente e não precisamos de outro
veículo – “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que
o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a
boa obra” – 2ª Timóteo 3.16-17. As imagens atrapalham em vez de
ajudar – “Que aproveita a imagem de escultura, depois que a esculpiu o
seu artífice? Ela é imagem de fundição ensina mentira… Ai daquele
que diz ao pau: Acorda! e à pedra muda: Desperta! Pode isso
ensinar?…” – Habacuque 2.18-19. Portanto devemos confiar que a
pregação e o ensino da Palavra são absolutamente suficientes
para ensinar ao cristão o caminho da vida.
————————————————————————–
Dia do Senhor 36
P. 99: O que se exige no Terceiro Mandamento?
R.: Que não blasfememos nem façamos mau uso do
Nome de Deus por maldição, perjúrio ou votos
desnecessários, e que não participemos, por omissão
silenciosa, desses terríveis pecados. Em vez disso, devemos
usar o santo Nome de Deus somente com temor e reverência,
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para que possamos confessá-lo corretamente, invocá-lo e
glorificá-lo com todas as nossas palavras e obras.
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Comentário: O nome sempre revela algo da pessoa, de
sua origem, seu caráter, sua história, sua vida. Assim também
o nome de Deus revela muito do que e de quem Ele é. E o
nome de Deus é tão santo quanto Ele próprio. Portanto seu
nome só pode ser dito solenemente, com toda reverência,
temor e cuidado. Ele se revelou a Moisés como Yahweh
[JAVÉ] e disse significar “Eu Sou o que Sou” – “E disse Deus a
Moisés: Eu Sou o Que Sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de
Israel: Eu Sou me enviou a vós… E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a
Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, o SENHOR
[JAVÉ], não lhes fui perfeitamente conhecido” – Êxodo 3.14; 6.3. Seu
nome é para ser invocado, adorado, louvado, proclamado,
tomado em juramento, tudo isso solene e reverentemente. Os
judeus, por medo de tomar esse nome em vão, não o
pronunciavam. Em lugar de usar o nome de Deus substituíam
o tetragrama por Adonai que significa Senhor. Por isso nossas
bíblias trazem no lugar do tetragrama a palavra SENHOR.
Juntamente com o nome de Deus estão seus atributos,
seu governo, suas obras, que manifestam seu maravilhoso ser.
Por isso também jamais devemos brincar com essas coisas,
pois envolvem sua glória. Como crentes que somos, levamos
o nome e o testemunho de Deus, portanto devemos manter
um comportamento santo, reverente, solene, para que o nome
do Senhor não seja blasfemado pelos infiéis – “Porque, como está
escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós” –
Romanos 2.24; “Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a
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seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a
doutrina não sejam blasfemados” – 1ª Timóteo 6.1. Aquele que
carrega sobre si o nome do Senhor deve apartar-se do pecado
para que não haja qualquer associação do santo nome com o
pecaminoso – “O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que
profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” – 2ª Timóteo 2.19.
————————————————————————–
P. 100: Será que blasfemar o nome de Deus por
juramentos e maldições é um pecado tão grande, que Deus se
ira também contra aqueles que não impedem nem proíbem
isso, o tanto quanto podem?
R.: Certamente que sim, porque nenhum pecado é maior
nem provoca mais a ira de Deus do que blasfemar o seu
Nome.
É por isso que ele ordenou que esse pecado fosse
punido com a morte.
————————————————————————–
Comentário: Não apenas devemos não dar motivo para
os infiéis zombarem do nosso Deus, mas também protestar
quando ouvirmos alguma coisa blasfema ou palavra
zombeteira com respeito ao Senhor, aos seus atributos e suas
obras. Quanto a isto o salmista nos ensina: “Bem-aventurado o
homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no
caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” –
Salmo 1.1; e o apóstolo adverte: “E não comuniqueis com as obras
infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as” – Efésios 5.11.
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Dia do Senhor 37
P. 101: Mas será que podemos, de modo piedoso, fazer
juramentos e votos em Nome de Deus?
R.: Sim, quando o governo o exige de seus súditos, ou
quando a necessidade o exige para que se guarde e se
promova a fidelidade e a verdade, para a glória de Deus e o
bem do nosso próximo.
Esse tipo de juramento tem por base a Palavra de Deus e
foi assim utilizado da maneira correta pelos santos do Velho e
do Novo Testamentos.
————————————————————————–
Comentário: A Bíblia nos ensina que nossa palavra deve
ser uma só. Nosso sim deve sim, e nosso não deve ser não –
“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto
é de procedência maligna” – Mateus 5.37. Se, contudo, uma
situação exigir de nós mais do que nossas palavras, podemos
chamar o testemunho de Deus. Isto, porém, só deve ser feito
em casos muito especiais e solenes, como, por exemplo,
quando as autoridades o exigirem de nós, ou em algum caso
muito grave para mantermos a verdade e a paz – “Porque os
homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento
para confirmação é, para eles, o fim de toda a contenda” – Hebreus
6.16. Fora disso, jamais devemos pronunciar juramentos
levianos e corriqueiros.
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P. 102: Podemos também jurar pelos santos ou por
outras criaturas?
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R.: Não. Um juramento legítimo é uma invocação a
Deus para que ele, o único que conhece o coração, sirva como
testemunha da verdade e que me castigue se eu jurar
falsamente. Nenhuma criatura é digna de tal honra.
————————————————————————–
Comentário: Se jurarmos, devemos fazê-lo apenas pelo
nome do Senhor. Primeiro porque só se jura por alguém que é
maior que nós, logo jurar pelos homens ou outras criaturas
seria um pecado muito grande e insulto a Deus. Segundo,
quando tomamos Deus como testemunha, estamos apelando
para o Único que é onisciente e sabe todas as coisas. Isto o
honra e distingue acima de todas as criaturas, porque estamos
reconhecendo que somente Ele pode, não apenas
testemunhar, como também, trazer à luz todas as coisas – “E
ele [Samuel] lhes disse: O Senhor seja testemunha contra vós, e o seu
ungido seja hoje testemunha, que nada tendes achado na minha mão.
E disse o povo: Ele é testemunha” – 1º Samuel 12.5. Como crentes
em Cristo, devemos honrar nossa palavra, sermos fiéis nos
nossos contratos e compromissos, como se cada um deles
envolvesse um juramento. Agindo assim honramos o santo
nome do Senhor que está sobre nós – “E olhei, e eis que estava o
Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil,
que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai” – Apocalipse
14.1.
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Dia do Senhor 38
P. 103: O que Deus exige no Quarto Mandamento?
R.: Primeiro, que o ministério do evangelho e as escolas
cristãs sejam mantidos, e que eu, especialmente no Dia de
Descanso, seja diligente em ir à igreja de Deus para ouvir a
Palavra de Deus, participar dos sacramentos, invocar
publicamente ao Senhor e praticar a caridade cristã para com
os necessitados.
Segundo, que em todos os dias da minha vida eu cesse as
minhas más obras, deixe o Senhor operar em mim por seu
Espírito Santo e, assim começar nesta vida o descanso eterno.
————————————————————————–
Comentário: Além do culto público e ensino da Palavra
de Deus, que é a sua principal função, a Igreja deve promover
atividades que tenham como objetivo trazer justiça, fazer o
bem, ensinar os verdadeiros valores. E fazer isso, sem querer
auferir benefícios políticos ou outros, mas visar unicamente a
glória de Deus. A observância do dia do Senhor, que para nós
é o Domingo, deve ser algo natural e espontâneo. Deus nos
dá seis dias para fazer todo o trabalho para o nosso sustento e
um dia Ele requer para si. 1. É um dia de agradecer: Nesse dia
especial devemos parar todas as demais atividades e ficar em
sua comunhão agradecendo por toda sua bênção e provisão.
Devemos lembrar que Cristo é o nosso descanso. 2. É um dia
de assembleia solene: Nesse dia, historicamente, a Igreja de
Cristo se reúne para o culto público e nenhum crente está
dispensado. Enquanto os gentios que não conhecem a Deus
têm seu prazer nas festas carnais, os santos deleitam-se na
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O Catecismo de Heidelberg
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congregação e no culto ao Senhor – “Alegrei-me quando me
disseram: Vamos à casa do Senhor” – Salmo 122.1. 3. É um dia de
fazer caridade: Parte do dia do descanso pode ser dedicado à
visitação de enfermos e a levar ajuda aos necessitados. 4. É
um dia de parar todas as atividades relacionadas ao trabalho
rotineiro, e mesmo aos esportes e lazer. Não se deve roubar o
dia do Senhor com viagens desnecessárias, lazer,
entretenimentos, futilidades, nem mesmo dormindo o dia
todo. 5. O dia do Senhor é como primícias que devolvemos
para Deus. Especialmente no novo testamento quando
começamos a semana com esse dia. O primeiro dia da semana
deve ser dedicado ao Senhor como as primícias do tempo que
Ele nos dá. Quando começamos a semana observando o dia
do descanso Ele abençoa o restante da semana e prospera a
obra de nossas mãos. O significado espiritual do descanso é
que devemos deixar Deus trabalhar em nós, entendendo que é
a única maneira de sermos salvos. Deus nos ensina a desistir
das obras para a salvação e nos render a Ele, confiando na
obra de Cristo por nós e na obra do Espírito Santo em nós.
Por isso se diz que Cristo é o nosso descanso espiritual, o
nosso verdadeiro Sábado.
————————————————————————–
Apêndice do Dia do Senhor 38
Comentário: O quarto mandamento do Decálogo não
foi abolido com a vinda de Cristo. O que o Senhor Jesus fez
foi: 1. Cumprir os aspectos cerimoniais que acompanhavam o
sábado judaico, cerimoniais que eram sombras e tipos de
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O Catecismo de Heidelberg
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Cristo. 2. Transferir o dia do descanso do sétimo para o
primeiro quando ressuscitou dos mortos. Ele mesmo disse ser
o Senhor do sábado, portanto poderia fazê-lo, e efetivamente
o fez. O quarto mandamento não poderia ser abolido porque
faz parte das dos dez mandamentos morais, portanto, eternos,
que Deus deu a Moisés. Um dia Deus veio a terra,
pessoalmente desceu sobre o monte Sinai, escreveu, Ele
mesmo, dez mandamentos em tábuas de pedra e ordenou que
Moisés os pusesse numa arca construída para esse fim. Mais
tarde também lhe deu os mandamentos cerimoniais e
judiciais, esses foram escritos por Moisés e nenhum deles foi
posto dentro da arca, pois eram temporários, especialmente
os cerimoniais que eram figuras e tipos de Cristo. Mais
importante do que o dia em si mesmo é o ‘princípio do
sábado’ (descanso). Por isso o fato da mudança do sétimo
para o primeiro não altera o princípio moral do dia do
Senhor. Agora Jesus Cristo é o nosso sábado (descanso) –
“Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso” – Hebreus 4.3.
Estamos em Cristo, portanto no descanso sabático. Aquele
que está em Cristo descansou das suas obras, ou seja,
entendeu que sua salvação depende, não de si mesmo, mas da
obra de Cristo na cruz e do Espírito Santo aplicando seus
benefícios em nós. O sábado cristão (dia do Senhor) é um
tipo do descanso eterno que gozaremos para sempre na Sua
presença. Com a ressurreição de Cristo dentre os mortos veio
à luz uma nova criação. O Senhor Jesus passou o seu último
sábado na terra dentro do túmulo. Por um lado estava
descansando de seus sofrimentos físicos, mas por outro,
como que trabalhava pela nossa redenção. Terminando aquele
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O Catecismo de Heidelberg
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sábado, uma nova criação veio à existência: um novo homem,
um novo mundo, nova terra e novos céus, nova criatura, um
novo caminho, um novo testamento, um novo Israel, uma
nova era, um novo sábado. Tudo isso foi concebido na cruz
até a aurora da ressurreição e ainda será maximizado e
manifestado plenamente na segunda vinda. Então estaremos
no descanso eterno – “Portanto, resta ainda um repouso para o povo
de Deus” – Hebreus 4.9. Na criação (no início) o primeiro dia
após o término foi consagrado e santificado como dia de
descanso, assim também na redenção (segunda criação) o
primeiro dia depois de consumada foi dedicado a um santo
dia – o novo sábado. Os apóstolos, inspirados e guiados pelo
Espírito Santo, começaram a congregar no novo sábado,
agora no primeiro dia da semana, o dia do Senhor – “E no
primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão,
Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles” – Atos
20.7; “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o
que puder ajuntar… para que não se façam as coletas quando eu
chegar” – 1ª Coríntios 16.2; “Eu fui arrebatado no Espírito no dia do
Senhor” – Apocalipse 1.10. Assim vemos que o sábado não é
apenas uma lei cerimonial ab-rogada, mas uma lei moral, parte
integrante do decálogo que Deus escreveu e entregou a
Moisés quando desceu sobre o Sinai.
————————————————————————–
Texto de Lewis Bayly sobre o Dia do Senhor:
1. Nesse dia devemos nos abster de todo tipo de
trabalho rotineiro e comum. Não apenas nós, mas todos
quantos estão sob nossa tutela, nossos filhos, nossos servos,
nossos animais. Todos devem parar nesse dia.
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2. Também não é dia de dispendermos tempo na
cozinha. Então devemos comer comida simples. Os judeus
nem mesmo acendiam fogo no dia do Senhor.
3. É um dia de celebração, mas espiritual. Portanto não
se deve gastar esse tempo, que é tão precioso, para cuidar do
nosso corpo, preocupando-nos com as vestes e enfeites
exteriores.
4. Se não nos é lícito trabalhar no comércio, também
evitar fazer os outros trabalharem, indo aos mercados,
shopping centers, feiras. Não é dia de fazer provisão para o
corpo, mas alimentar a alma.
5. Devemos aplicar tempo desse dia em leitura, mas não
qualquer leitura. Nada de livros de ciências, entretenimentos,
curiosidades, mas sim meditar na Palavra de Deus.
6. As práticas de esportes e recreações em geral, que são
lícitas noutros dias, no dia do Senhor devem ser evitadas, pois
se nos abstemos dos trabalhos lícitos, quantos mais devemos
fazê-lo com as recreações.
7. Nesse santo dia também devemos comer e beber
moderadamente, pois se a gula, comilança e bebedeira já são
condenadas nos dias normais, quanto mais nesse dia tão
solene.
8. Até nossas conversas devemos controlar, evitando as
prosas fúteis, tolas, vazias, inúteis. Assuntos que não trazem
benefícios espirituais irão roubar nosso tempo de
contemplação nesse dia e poluir nossa mente e pensamentos.
9. Qualquer atividade que não esteja relacionada com
Deus e seu reino, que não seja uma beneficência ou obra de
misericórdia e caridade, deve ser totalmente evitada nesse dia
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que não é nosso, mas do Senhor. Dar apenas metade do dia
do Senhor a Ele, é lhe roubar a outra metade. Quem se
atreveria a fazer isso?
10. Contudo, o crente não deve passar o dia do Senhor
dormindo e descansando fisicamente apenas. Quem observa
o dia do Senhor assim, observa-o como qualquer animal. Para
o crente, todavia, este é um dia de atividade espiritual –
(Extraído e adaptado de – Lewis Bayly – The Practice of
Piety).
————————————————————————–
Comentário: O dia do Senhor, o sábado cristão, é dia de
pública assembleia solene, para darmos graças a Deus pelas
bênçãos recebidas das suas mãos. É dia de louvar a Deus pela
tanto pela sua criação quanto pela sua redenção – “Digno és,
Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as
coisas, e por tua vontade são e foram criadas” – Apocalipse 4.11; “E
cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de
abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste
para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; E para o
nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” –
Apocalipse 5.9-10. É o dia de descansarmos das tarefas triviais,
tanto quanto possível, para nos lembrar que estando em
Cristo, já entramos no descanso espiritual, mas que ainda
devemos renunciar a nossa vontade e abandonar nossos
pecados e rogar que o Espírito Santo trabalhe em nós dia a
dia até que cheguemos ao descanso (sábado) eterno. Amém.
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Dia do Senhor 39
P. 104: O que Deus exige no Quinto Mandamento?
R.: Que eu demonstre toda honra, amor e fidelidade ao
meu pai e à minha mãe, e a todos os meus superiores; que eu
me submeta devidamente à sua boa instrução e disciplina, e
que também seja paciente com as suas fraquezas e defeitos,
pois é a vontade de Deus nos governar pelas mãos deles.
————————————————————————–
Comentário: Deus nos governa através das suas
autoridades delegadas, as quais Ele próprio estabeleceu,
primeiro na família, depois na igreja e também no governo
civil. Feliz aquele que desde cedo aprendeu a reconhecer a
cadeia de autoridade estabelecida por Deus em cada lugar
onde está. Na família devemos honrar pai e mãe, na igreja os
oficiais, na escola os professores e funcionários, no trabalho
aos superiores; como cidadãos devemos honrar todos quantos
desenvolvem alguma função de autoridade. Além disso
devemos honrar e respeitar os mais idosos, pois isso é
humildade. Quem aprendeu o respeito às autoridades, honra a
ordenação de Deus porque assim está escrito: “Toda a alma
esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que
não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus”
– Romanos 13.1. Somos ensinados também a orar por aqueles
que estão em posição de autoridade – “Admoesto-te, pois, antes de
tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças,
por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência” –
1ª Timóteo 2.1-2. A Palavra de Deus diz ainda que devemos
honrar os anciãos, especialmente os da família da fé – “Diante
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O Catecismo de Heidelberg
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das cãs te levantarás, e honrarás a face do ancião; e temerás o teu Deus.
Eu sou o SENHOR” – Levítico 19.32. Ouvir os conselhos dos pais,
aprendendo com sua experiência, é dever de todo filho sábio –
“Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de
tua mãe… Ouvi, filhos, a instrução do pai, e estai atentos para
conhecerdes a prudência” – Provérbios 1.8; 4.1. Mesmo que a
autoridade sobre nós seja dura conosco ou então tenha
muitos defeitos difíceis de tolerar, precisamos exercer
paciência porque Deus está nos conformando a Jesus Cristo.
Afinal se todos fizessem as coisas exatamente como gostamos
como seríamos tratados? Precisamos ser contrariados,
confrontados, constrangidos pelas circunstâncias, tudo para
que Cristo seja formado em nós. Quanto mais rápido nos
submetemos ao governo da Providência mais rápido também
saímos da zona de atrito e turbulência – “Vós, servos, sujeitai-vos
com todo o temor aos Senhores, não somente aos bons e humanos, mas
também aos maus. Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da
consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente” – 1ª
Pedro 2.18-19. Por outro lado maldizer as autoridades
delegadas é grande pecado, porque não estamos falando da
pessoa e sim nos rebelando contra a cadeia de autoridade de
Deus – “E quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente será
morto” – Êxodo 21.17; “… por que, pois, não tivestes temor de falar
contra o meu servo, contra Moisés? Assim a ira do Senhor contra eles
se acendeu; e retirou-se… e eis que Miriã ficou leprosa como a neve” –
Números 12.8-10. Finalmente somos ensinados a nos submeter
uns aos outros porque o crente deve ter um espírito submisso,
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O Catecismo de Heidelberg
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isto afastará a rebeldia do seu coração – “Sujeitando-vos uns aos
outros no temor de Deus” – Efésios 5.21.
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Dia do Senhor 40
P. 105: O que Deus exige no Sexto Mandamento?
R.: Que eu não devo, por mim mesmo ou através de
outros, desonrar, odiar, injuriar ou matar o meu próximo por
pensamentos, palavras, ou gestos, e muito menos por ações;
antes, devo fazer morrer todo desejo de vingança. Além disso,
não devo me fazer mal nem me expor levianamente ao perigo.
Por isso, também, o governo empunha a espada para impedir
homicídios.
————————————————————————–
Comentário: O sexto mandamento exige que honremos
o nosso próximo porque ele, tanto quanto nós, foi criado à
imagem e semelhança de Deus. Por isso o homicídio se
constitui num crime inafiançável diante de Deus – “Quem
derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será
derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” –
Gênesis 9.6. Ninguém tem o direito de questionar as leis de
Deus nem de avaliar se elas deveriam ser aplicadas ainda hoje.
Quem assim pensa cogita ser mais sábio que Deus. Não há lei
mais justa do que a lei da restituição: indenizar e compensar
aquele que foi ofendido. Quando estiver em caso a morte de
alguém, o culpado deve pagar com a própria vida, porque é
algo que não pode ser restituído. Porém apenas as autoridades
legais têm esse poder, isto é, aplicar a pena capital. Enquanto
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O Catecismo de Heidelberg
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as autoridades competentes aplicam as leis e usam suas armas
para conter e punir o mal, individualmente devemos cultivar
um espírito manso e perdoador, jamais nos vingando a nós
mesmos e nem mesmo desejando o mal ao nosso próximo,
antes, amando até os nossos inimigos.
————————————————————————–
P. 106: Mas esse mandamento fala somente de matar?
R.: Ao proibir o homicídio, Deus nos ensina que
também detesta a raiz desse pecado, a saber, a inveja, o ódio, a
ira e o desejo de vingança, e que ele considera tudo isso como
homicídio.
————————————————————————–
Comentário: O assassinato tanto quanto outros
pecados, começa no coração. Por isso mesmo o Senhor Jesus
disse “que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão,
será réu de juízo” – Mateus 5.22, já é culpado desse pecado.
Porque na verdade Deus vê o coração e o diagnóstico que
Jesus Cristo fez do coração do homem não poderia ser pior –
“Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos,
os adultérios, as prostituições, os homicídios, Os furtos, a avareza, as
maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a
loucura” – Marcos 7.21-22. Isto quer dizer que mesmo que não
houvesse tanta criminalidade e violência levadas a efeito, ainda
assim, aos olhos de Deus, o pecado estaria patente. Mesmo
antes de Caim assassinar seu irmão Abel, quando ele fazia sua
oferta ao altar, seu pecado já estava descoberto aos olhos de
Deus – “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?” – Gênesis 4.7.
Sua oferta não foi aceita porque Caim era do maligno – “Caim,
que era do maligno, e matou a seu irmão” – 1ª João 3.12. Deus o
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rejeitou antes mesmo de haver consumado seu pecado. Isso
significa que podemos ser culpados de muitos pecados
mesmo não os tendo levado a efeito. Muitas vezes não
levamos a cabo um homicídio, um adultério, um furto, por
medo das consequências, tanto espirituais quanto físicas, mas
o pecado está no coração em forma de desejo da vingança, de
adultério, de cobiça do que é alheio.
————————————————————————–
P. 107: Então, basta que não matemos o nosso próximo
dessa maneira?
R.: Não. Quando Deus condena a inveja, o ódio, a ira e
o desejo de vingança, ele nos ordena amar nosso próximo
como a nós mesmos, demonstrar paciência, paz, mansidão,
misericórdia e amizade para com ele, protegê-lo do mal o
tanto que pudermos e fazer o bem até mesmo aos nossos
inimigos.
————————————————————————–
Comentário: Uma lei não anula outra. O “não matarás”
não anula o “quem derramar o sangue do homem, pelo
homem o seu sangue será derramado”, e vice versa. O que
cabe às autoridades Deus cobrará delas se não o fizerem; o
que cabe a nós, Deus cobrará de nós. E o que Deus quer de
nós? Que amemos nosso próximo, ainda que ele nos odeie e
deseje o nosso mal; que perdoemos o nosso próximo ainda
que ele nos tenha feito algum mal; não apenas que
perdoemos, mas que o façamos de todo o coração e até
oremos, abençoemos e façamos o bem a eles – “Se vires o
jumento, daquele que te odeia, caído debaixo da sua carga, deixarás
pois de ajudá-lo? Certamente o ajudarás a levantá-lo” – Êxodo 23.5;
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“Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos
que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para
que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” – Mateus 5.44. A lei
sempre tem um aspecto negativo e um lado positivo, isto é ela
proíbe uma coisa e ordena outra. Neste caso ela nos proíbe
matar e ordena a amar.
————————————————————————–
Dia do Senhor 41
P. 108: O que nos ensina o Sétimo Mandamento?
R.: Que toda a impureza sexual é amaldiçoada por Deus.
Por isso, devemos abominá-la de todo coração e viver de
maneira pura e disciplinada, tanto dentro quanto fora do
santo matrimônio.
————————————————————————–
Comentário: O sexo como todas as coisas que Deus
criou é lícito e saudável, quando está dentro dos limites e das
restrições que Ele também estabeleceu. Assim como há leis
que normatizam o trabalhar, o comer, o beber, o dormir, que
sendo ignoradas trarão consequências desconfortáveis para a
nossa vida, outro tanto com relação ao sexo. Ninguém que
ignore e ultrapasse os limites estabelecidos por Deus para a
sua vida sexual deixará de colher os dissabores desse erro.
Deus nos conhece melhor que nós mesmos e sabe o que é
melhor para nossa vida. Sábio aquele que ouve o que diz a
Palavra de Deus sobre esse assunto e segue sua orientação.
Em qualquer área da nossa vida, um desequilíbrio pode trazer
sérias complicações, mas especialmente na área sexual. Um
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erro aqui pode acarretar consequências irreversíveis e
duradouras, que talvez nos acompanhem pelo resto da vida.
Todo cuidado aqui é pouco. Devemos detestar toda impureza
sexual, fugir dos apelos que o mundo faz para nos atrair ao
seu lodaçal, e primar por um comportamento disciplinado,
vigiando e guardando nossos olhos, ouvidos, pensamentos e
emoções.
————————————————————————–
P. 109: Nesse mandamento, Deus proíbe somente o
adultério e pecados vergonhosos semelhantes?
R.: Não. Desde que somos, corpo e alma, templos do
Espírito Santo, é a vontade de Deus que nos conservemos
puros e santos. Por isso, ele proíbe todas as ações impuras,
gesticulações, palavras, pensamentos, desejos, e tudo aquilo
que possa nos induzir à impureza.
————————————————————————–
Comentário: Deus sabe o que vai em nosso íntimo. Ele
se importa com nossos pensamentos, nossas emoções, nossas
motivações, nossos desejos, assim por diante. Isso porque nós
somos o templo do Espírito Santo que habita em nós. Temos
que cuidar tanto das coisas que entram em nós pelos olhos e
ouvidos, quanto das coisas que armazenamos dentro de nós,
bem como das coisas que saem dos nossos lábios. Numa
palavra: tudo em nós deve ser puro. O ideal cristão é receber,
armazenar e transmitir apenas coisas boas, que glorificam a
Deus e fazem bem ao nosso próximo. Deus nos fez seres
pensantes e inteligentes, além disso o Espírito Santo nos dá
equilíbrio e bom senso, justamente para sabermos como nos
comportar adequadamente neste mundo, sendo bons
representantes do reino de Deus. Um crente deve ser
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O Catecismo de Heidelberg
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disciplinado, buscando a moderação, o recato, a decência, o
pudor, a reverência. Nossa alegria, prazer, satisfação têm fonte
diferente do ímpio; nossa fonte é o Espírito Santo e não na
carne – “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça,
e paz, e alegria no Espírito Santo” – Romanos 14.17, portanto é uma
alegria com temor – “Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos com
tremor” – Salmos 2.11.
————————————————————————–
Dia do Senhor 42
P. 110: O que Deus proíbe no Oitavo Mandamento?
R.: Deus não apenas proíbe o roubo e o furto que as
autoridades punem, mas também os esquemas e ciladas
malignos como falsos pesos e falsas medidas, negócio
enganoso, dinheiro falsificado e usura; não devemos defraudar
o nosso próximo de maneira nenhuma, nem pela força nem
pela aparência de direito. Além disso, Deus proíbe toda a
avareza e todos o abuso e desperdício de suas dádivas.
————————————————————————–
Comentário: As proibições deste mandamento são
muito abrangentes: o roubo, o furto, a receptação de coisas
roubadas, o tráfico ou contrabando, o sequestro, transações
fraudulentas, pesos e medidas ou ainda produtos adulterados,
extorsão, suborno, usura, infidelidade nos contratos,
processos mal-intencionados, todo tipo de enriquecimento
ilícito, a sonegação fiscal e outros tantos. Todo meio ilegal,
imoral, enganoso, antiético de lucrar é também anticristão
porque quebra o oitavo mandamento. Mas não é só isso,
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O Catecismo de Heidelberg
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estamos proibidos também de roubar o tempo dos outros,
seja o tempo de Deus ou do nosso próximo. Muitos crentes
roubam o tempo de Deus, gastando o tempo da oração e
leitura da Palavra, com lazer e entretenimentos. Há pais que
roubam o tempo dos seus filhos, maridos que roubam o
tempo das esposas e vice versa; empregados roubam tempo
da empresa em que trabalham, não trabalhando todo o tempo
pelo qual são pagos; muitos crentes roubam o dia do Senhor,
trocando-o por passeios, viagens, práticas esportivas. Aplicar
mal o tempo, o dinheiro, a saúde é esbanjar algo que não nos
pertence, pois somos apenas mordomos de Deus, isto
também é infringir este mandamento. A maldição da Palavra
sobre os ladrões não poderia ser pior: “… nem os ladrões, nem os
avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores
herdarão o reino de Deus” – 1ª Coríntios 6.9. Serão banidos do reino
de Deus e excluídos do céu.
————————————————————————–
P. 111: O que Deus exige de você nesse mandamento?
R.: Que eu devo promover o bem do meu próximo
sempre que for possível; que eu o trate do mesmo modo que
desejaria ser tratado pelos outros, e que trabalhe fielmente
para ter condições de ajudar os necessitados.
Devo promover tanto quanto possível, o bem do meu
próximo e tratá-lo como quero que outros me tratem. Além
disto, devo fazer fielmente meu trabalho para que possa
ajudar ao necessitado.
————————————————————————–
Comentário: Nosso Mestre nos ensina que “Mais bemaventurada coisa é dar do que receber” – Atos 20.35. Esse é o
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O Catecismo de Heidelberg
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espírito de Cristo: dar, nunca tomar. Tirar do outro o que lhe
pertence é o espírito do mundo anticristão. Então, devemos
ser bons mordomos daquilo que Deus coloca em nossas
mãos, aplicando bem nosso tempo, nosso dinheiro, nossa
saúde. Sempre pensando em honrar a Deus e abençoar ao
nosso próximo. É assim que seremos recompensados na
eternidade – “E o seu Senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel,
entra no gozo do teu Senhor” – Mateus 25.21.
————————————————————————–
Dia do Senhor 43
P. 112: O que se exige no Nono Mandamento?
R.: Que eu não devo levantar falso testemunho contra
alguém nem distorcer as palavras de ninguém, não fazer
fofoca nem difamar, não condenar nem me juntar com
alguém para condenar a outrem precipitadamente e sem o ter
ouvido.
Antes, devo repudiar toda mentira e engano, obras
próprias do diabo, para não trazer sobre mim a pesada ira de
Deus.
No tribunal ou em qualquer outro lugar, eu devo amar a
verdade, dizê-la e confessá-la com honestidade, e fazer tudo o
que puder para defender e promover a honra e a reputação do
meu próximo.
————————————————————————–
Comentário: O nono mandamento exige que andemos
na luz e essa talvez seja a nossa maior dificuldade. A Bíblia diz
que o homem natural ama as trevas, isto é, sua inclinação é,
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O Catecismo de Heidelberg
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não apenas fazer as coisas erradas, mas ainda encobri-las.
Mentir é próprio do homem caído; é um hábito que ele tem
que mesmo quando a verdade for mais fácil, ainda assim se
inclina a mentir. Mentir não é apenas dizer uma inverdade,
mas distorcer os fatos, aumentar ou diminuir
tendenciosamente os detalhes, caluniar, espalhar boatos, tudo
isso é vício das trevas e está proibido pelo nono mandamento.
Como crentes em Cristo, devemos amar a verdade e defendêla, viver e morrer por ela. Contudo, poucos são os que de fato
desejam a verdade, até mesmo no contexto da igreja. Uma
grande maioria hoje opta apenas pelo pragmático, isto é, algo
que resolva seus problemas e que os façam se sentir bem. E o
que a verdade não faz é fazer o pecador sentir-se confortável
em seu pecado. A verdade é a luz que expõe as deformidades
morais do pecador. Há muitas igrejas que de tão
descaracterizadas estão mais para seitas evangélicas que vivem
mentindo, e isso em nome de Deus. Marcam dia e hora para
reuniões onde haverá cura, libertação e bênçãos de
prosperidade. Como ninguém pode saber o que Deus fará e
nem quando, então quem faz uma agenda assim está
enganando o povo, está mentindo usando o nome de Deus,
pois criam uma falsa expectativa nas pessoas que ali estão.
Omitir a verdade também é quebrar esse mandamento, uma
vez que ele exige de nós total compromisso com a verdade.
Contudo aqui há uma ressalva. Não devemos omitir a verdade
quando for a hora de dizê-la, porque há hora de falar e hora
de calar-se, e o calar-se na hora certa também é uma maneira
de defender a verdade – “Há tempo de… estar calado, e tempo de
falar” – Eclesiastes 3.1-7. Muitos ministros há que deveriam dizer
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toda a verdade contida nas Escrituras, mas, por conta própria,
escondem grande parte dela e apenas pregam o que lhes
convêm, para não ficarem em situação desconfortável. Tanto
os que mentem quanto os que omitem, quanto os que
distorcem, inventam ou usam qualquer outro subterfúgio para
auferir benefícios pessoais, pecam contra o nono
mandamento e incluem-se entre os malditos que têm por pai a
Satanás – “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de
vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na
verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala
do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira” – João 8.44.
Estão condenados a ficar fora do reino de Deus e da sua
cidade – “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos
abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos
idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com
fogo e enxofre; o que é a segunda morte…”; “Ficarão de fora os cães e os
feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e
qualquer que ama e comete a mentira” – Apocalipse 21.8; 22.15.
————————————————————————–
Dia do Senhor 44
P. 113: O que exige de nós Décimo Mandamento?
R.: Que nem o mais leve pensamento ou desejo
contrário à quaisquer mandamentos de Deus jamais deveria
surgir em nosso coração. Antes, de todo coração, devemos
sempre odiar todo pecado e nos deleitar em toda justiça.
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Comentário: O décimo mandamento fala daquele
aspecto do pecado em seu estado de concepção, quando
apenas Deus o pode ver, porque ainda não veio à luz. Nesse
estágio o pecado é tão abominável a Deus quanto quando
externado. Deus viu o pecado de Caim quando ninguém havia
visto. Caim podia cultuar a Deus e ainda odiar e invejar seu
irmão. Ele ofereceu seu culto a Deus e saindo de diante do
altar, armou uma cilada e assassinou seu único irmão. A
cobiça, a concupiscência, a inveja, o ódio, o orgulho, a
avareza, entre outros podem ser vistos por Deus antes mesmo
de serem detectados por qualquer pessoa. Por isso Jesus disse
que “qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu
coração cometeu adultério com ela” – Mateus 5.28. Mas também esse
mandamento exige de nós um contentamento com a nossa
condição perante a Providência de Deus. O ensino apostólico
é que vivamos satisfeitos tendo o que comer e com que nos
cobrir – “Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos
com isso contentes” – 1ª Timóteo 6.8. Devemos ser gratos a Deus
pelo que temos recebido, e jamais murmurar contra a Sua
Providência e nem invejar o que os outros têm. Devemos
agradecer pelo que temos e nunca reclamar pelo que não
temos.
————————————————————————–
P. 114: Mas os que se converteram a Deus são capazes
de guardar esses mandamentos perfeitamente?
R.: Não. Nesta vida, até mesmo os mais santos têm
apenas um leve começo desa obediência. Mesmo assim, com
sincero fervor e propósito, eles começam a viver não apenas
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segundo alguns mandamentos de Deus, mas conforme todos
eles.
————————————————————————–
Comentário: Ninguém, nem mesmo os mais santos
podem guardar perfeitamente a lei de Deus, porque ela exige
perfeição. O padrão de Deus não é que o homem seja bom,
que tenha boas intenções, que seja sincero, mas que ele seja
perfeito. Contudo, mesmo sendo impossível ao homem
alcançar esse nível, isso, de forma nenhuma, nos isenta da
obediência a lei. Por isso precisamos desesperadamente do
Mediador. Sem Ele estaríamos perdidos para sempre.
Ninguém está livre para pecar porque está debaixo da graça
de Deus. O cristão eventualmente peca mas o pecado não é
mais seu estilo de vida. Então, embora saibamos que não
atingiremos a perfeição nesta vida, esse deve ser o nosso alvo.
————————————————————————–
P. 115: Se nesta vida ninguém consegue obedecer
perfeitamente os Dez Mandamentos, por que Deus manda
que sejam pregados com tanto rigor?
R.: Primeiro, para que ao longo da nossa vida possamos
cada vez mais estar conscientes da nossa natureza
pecaminosa, e assim buscarmos com mais fervor o perdão
dos pecados e a justiça de Cristo.
Segundo, par que, ao orarmos a Deus pela graça do
Espírito Santo, jamais deixemos de batalhar para sermos cada
vez mais renovados à imagem de Deus, até que após esta vida
alcancemos o alvo da perfeição.
————————————————————————–
Comentário: O fato de o homem não conseguir guardar
a lei de Deus perfeitamente, de forma nenhuma o livra da sua
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O Catecismo de Heidelberg
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maldição. Somente estando em Cristo, nossa Cidade Refúgio,
estaremos seguros e protegidos. Mas a cada dia precisamos
ouvir a lei de Deus para que nunca nos esqueçamos do que
fomos resgatados, e também para que nos conheçamos quão
corrompidos fomos pelo pecado e quanto dependemos de
Deus para perseverar até o fim da nossa carreira aqui na terra
e chegarmos a eternidade. O não crente ouve a lei de Deus e
pode correr para Cristo; o crente ouve a lei de Deus e apegase com mais força ao Salvador.
————————————————————————–
A Oração
Dia do Senhor 45
P. 116: Por que a oração é necessária aos cristãos?
R.: Porque a oração é a parte mais importante da
gratidão que Deus exige de nós. Além disso, Deus só
concederá a sua graça e o Espírito Santo àqueles que,
constante e sinceramente, lhe pedem esses dons e o
agradecem por eles.
————————————————————————–
Comentário: A essência do culto a Deus é: Leitura da
Bíblia (seguida de exposição ou ensino); Oração (que é a
nossa resposta a Deus); Os Sacramentos (administração e
recepção do Santo Batismo e Santa Ceia); Comunhão
(Comunicação fraternal com os demais irmãos); Cânticos de
salmos de louvor a Deus. É o que podemos ver nas páginas
do Novo Testamento. Entre esses atos do culto, a oração é a
principal parte da nossa resposta a Deus. Na verdade a oração
é a atividade mais importante da vida do crente. Cada cristão é
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O Catecismo de Heidelberg
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um sacerdote e a principal função de um sacerdote é a oração
– “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e
sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus
por Jesus Cristo” – 1ª Pedro 2.5. Nossa oração contínua revela um
senso de dependência que agrada ao nosso Pai, e expressa
nosso reconhecimento de quem Ele é. Todo pai tem alegria e
prazer em suprir as necessidades de seus filhos que dependem
dele; muito mais o Pai celestial tem esse prazer em que seus
filhos se aproximem dele continuamente para receber da Sua
provisão – “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos
filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe
pedirem?” – Mateus 7.11. Isso o honra e glorifica.
————————————————————————–
P. 117: O que é preciso para que a nossa oração agrade a
Deus e seja ouvida por ele?
R.: Primeiro, devemos invocar de coração, apenas o
único e verdadeiro Deus, que se revelou em sua Palavra, e
rogar por tudo aquilo que ele nos ordenou orar.
Segundo, devemos ter plena consciência da nossa
necessidade e miséria, para que possamos nos humilhar diante
de Deus.
Terceiro, devemos descansar no fundamento inabalável,
do qual não somos merecedores, de que Deus com certeza
ouvirá às nossas orações por causa de Cristo, nosso Senhor,
conforme ele nos prometeu em sua Palavra.
————————————————————————–
Comentário: Nossa oração deve ser dirigida única e
exclusivamente a Deus, pois é o único que pode nos ver, ouvir
e atender. O único que é onisciente, onipresente e onipotente
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O Catecismo de Heidelberg
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é Deus, o Criador. Esses atributos são incomunicáveis e Ele
não os repartiu com nenhuma criatura, seja homem ou anjo.
Portanto Deus – Pai, Filho e Espírito Santo, é o único que
pode ouvir cada oração que se faz em qualquer parte da terra,
ainda que todos os crentes orem ao mesmo tempo. A oração
é uma maneira de mostrar a nossa dependência, também
nossa miséria espiritual e é o nosso reconhecimento de quem
o Senhor é. Essa humildade sob a mão de Deus, vindo a Ele
pelo Mediador é o que torna a oração aceitável e é a garantia
de sermos ouvidos. Embora tenha deixado por último, a
primeira coisa que devemos ter em mente antes de pronunciar
qualquer palavra nos dirigindo a Deus, é que somente somos
aceitos perante Sua Majestade, por causa do Mediador que Ele
mesmo estabeleceu – Jesus Cristo, nosso Senhor. Mas que
ninguém suponha que basta pronunciar o nome de Jesus
como uma senha, porque não funciona desta maneira. Antes
de ouvir o nome de Jesus ser pronunciado pelos nossos
lábios, Deus já terá nos identificado pelo selo do Espírito
Santo. Dizendo de outra forma, há uma senha que é
imperceptível aos sentidos humanos, mas Deus a vê em
nossas frontes quando nos aproximamos dele – “Não danifiqueis
a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado nas
suas testas os servos do nosso Deus…”; “E verão o seu rosto, e nas suas
testas estará o seu nome” – Apocalipse 7.3; 22.4. Deus está sempre
pronto a nos ouvir e socorrer por causa do Senhor Jesus. O
que conta de fato é o Mediador que temos.
————————————————————————–
P. 118: O que foi que Deus ordenou que lhe pedíssemos?
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O Catecismo de Heidelberg
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R.: Tudo aquilo que necessitamos para o nosso corpo e
alma, conforme a oração que o próprio Cristo, nosso Senhor,
nos ensinou.
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Comentário: Antes de pedir qualquer coisa a Deus é
preciso lembrar que não temos nenhum direito e nem
merecemos qualquer coisa. Nosso mérito é negativo. Portanto
é lícito pedir a Deus a provisão necessária para o dia a dia,
mas jamais riquezas, não prosperidade financeira, mas apenas
sustento – “Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos
com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em
laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os
homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de
toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se
traspassaram a si mesmos com muitas dores” – 1ª Timóteo 6.8-10. Os
ricos facilmente são atraídos para o altar de Mamon,
abandonando a Jesus Cristo e a simplicidade que Ele nos
ensina.
————————————————————————–
P. 119: Qual é a oração do Senhor?
R.: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas,
assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos conduzas a
tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a
glória para sempre. Amém” (Mateus 6:9-13; Lucas 11:2-4).
————————————————————————–
Comentário: Temos nesta oração modelo, sete petições.
Três referentes a Deus e quatro referentes a nós. As que se
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O Catecismo de Heidelberg
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referem a Deus e ao seu reino: 1. Santificado seja o teu nome;
2. Venha o teu reino; 3. Seja feita a tua vontade, assim na terra
como no céu. E em seguida as que se referem a nós: 1. O pão
nosso de cada dia dá-nos hoje; 2. Perdoa-nos as nossas
dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; 3.
Não nos conduzas a tentação; 4. Livra-nos do mal. Ela
termina com a doxologia: Teu é o reino, e o poder, e a glória
para sempre. Amém.
————————————————————————–
Dia do Senhor 46
P. 120: Por que Cristo nos ordenou nos dirigir a Deus
como o “Pai nosso”?
R.: Para despertar em nós, logo no início da nossa
oração, aquela reverência filial e confiante em Deus, que deve
ser básica à nossa oração; Deus, por meio de Cristo, tornou-se
o nosso Pai, e, se os nossos pais não nos negam as coisas
terrenas, muito menos ele nos negará aquilo que lhe pedimos
pela fé.
————————————————————————–
Comentário: Deus quer relacionar-se conosco como
um pai se relaciona com o filho amado de suas entranhas. A
grande pena é que o pecado faz separação entre nós e o nosso
Deus – “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos
ouça” – Isaías 59.2. Deus criou o homem para estar com Ele.
Esse desejo de Deus é muito claro nas Escrituras. No Éden
visitava Adão todos os dias para ter comunhão com ele, e o
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O Catecismo de Heidelberg
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plano era habitarem juntos, pois o homem não foi criado para
viver longe de Deus, e sim em Sua íntima comunhão. Unir
céus e terra, o que um dia Ele fará, é o plano original do
nosso amado Pai. Muitas vezes vemos Deus revelando essa
Sua vontade de estar no meio de seu povo – “E porei o meu
tabernáculo no meio de vós, e a minha alma de vós não se enfadará” –
Levítico 26.11; “E o meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo” – Ezequiel 32.27. Após o Juízo Final a
terra será purificada e todo mal será eliminado. Os ímpios,
bem como todo o pecado, toda maldição, e também Satanás
com seus demônios, todos serão removidos da terra a qual
ficará totalmente purificada. Então os céus serão unidos à
terra, porque o pecado e todo o mal que atualmente os
separam serão removidos; então eclodirá a nova criação de
Deus – “Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá
mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” – Isaías
65.17; “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e
nova terra, em que habita a justiça” – 2ª Pedro 3.13; “E ouvi uma
grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os
homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus
estará com eles, e será o seu Deus” – Apocalipse 21.3.
————————————————————————–
P. 121: Por que se acrescentou: “que estás nos céus”?
R.: Porque essas palavras nos ensinam a não pensar na
majestade de Deus de modo terreno, e a esperar do seu poder
infinito tudo aquilo que necessitamos para o nosso corpo e
alma.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: Conquanto o Espírito de Deus habite em
nossos corações, nosso corpo seja um templo de Deus, e deva
haver uma santidade e reverência em nosso interior, todavia
não devemos orar a Deus como se Ele estivesse dentro de nós
em Sua majestade, porque Deus está no céu. “Não te precipites
com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra
alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a
terra; assim sejam poucas as tuas palavras” – Eclesiastes 5.2. É para o
alto que devemos dirigir nossas orações mediadas por Jesus
Cristo, nosso Salvador. Cada crente tem uma comunicação
livre com Deus por meio do Senhor Jesus, podendo orar a
qualquer hora e em qualquer lugar, mas sempre dirigindo-se a
Deus no céu. Jesus quando orava levantava seus olhos aos
céus – “E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: Pai, graças te
dou, por me haveres ouvido…”; “Jesus falou assim e, levantando seus
olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora” – João 11.41 e 17.1.
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Dia do Senhor 47
P. 122: Qual e a Primeira Petição?
R.: “Santificado seja o teu nome”.
Isto é, que nos concedas, antes de tudo, que possamos te
conhecer da maneira correta, e que te santifiquemos,
glorifiquemos e louvemos em todas as tuas obras, nas quais
brilham o teu poder infinito, sabedoria, bondade, justiça,
misericórdia e verdade.
Também que nos concedas que dirijamos toda a nossa
vida, pensamentos, palavras e ações, de tal maneira que o teu
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O Catecismo de Heidelberg
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Nome não seja blasfemado por nossa causa, mas que seja
sempre honrado e glorificado.
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Comentário: Devemos orar a Deus com o desejo de
que a grandiosidade, a importância de seu nome seja
conhecida neste mundo; orar com um anelo de que o nome
do nosso Deus seja reverenciado, temido e considerado santo
entre os homens. Mesmo porque o que se vê, infelizmente, é
o mundo desprezando, brincando, fazendo piadas, zombando
assim do nome precioso do nosso Bondoso Deus. E há aqui
uma agravante: muitas vezes é por culpa dos próprios crentes
que têm em baixa conta o nome do Senhor. E não pode haver
coisa mais triste do que essa – que um cristão viva um estilo
de vida, ou tenha um comportamento destoante da fé que
professa. Foi isso que aconteceu com o povo de Israel – “E,
chegando aos gentios para onde foram, profanaram o meu santo nome,
porquanto se dizia deles: Estes são o povo do SENHOR, e saíram da
sua terra. Mas eu os poupei por amor do meu santo nome, que a casa
de Israel profanou entre os gentios para onde foi. Dize portanto à casa
de Israel: Assim diz o Senhor DEUS: Não é por respeito a vós que eu
faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes
entre as nações para onde fostes. E eu santificarei o meu grande nome,
que foi profanado entre os gentios, o qual profanastes no meio deles; e os
gentios saberão que eu sou o SENHOR, diz o Senhor DEUS, quando
eu for santificado aos seus olhos” – Ezequiel 36.20-23. No nome de
Deus está envolvido seu caráter, a revelação da sua pessoa e
sua obra. Portanto honrar o nome de Deus é honrar o
próprio Deus. Como cristãos que somos nós levamos o nome
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O Catecismo de Heidelberg
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e o testemunho de Deus por onde andarmos, onde
estivermos, em tudo o que fizermos. Portanto temos a
responsabilidade de representar bem esse nome. Mas o que o
Senhor Jesus ensina nesta oração é muito mais que isso. Ele
quer que isso seja um ardente desejo da nossa alma, durante
toda a nossa vida, que o nome do nosso Senhor, nosso Amo,
seja santificado, temido, honrado, respeitado, desejado na
terra. Quanto mais conhecemos a Deus tanto mais o
honraremos e santificaremos o seu nome em nossas vidas.
Por isso roguemos que o Espírito Santo nos dê crescimento
no conhecimento de Deus e nos ajude a viver de maneira
irrepreensível para o nome do Senhor seja glorificado – “E farei
conhecido o meu santo nome no meio do meu povo Israel, e nunca mais
deixarei profanar o meu santo nome; e os gentios saberão que eu sou o
SENHOR, o Santo em Israel” – Ezequiel 39.7.
————————————————————————–
Dia do Senhor 48
P. 123: Qual é a Segunda Petição?
R.: “Venha o teu reino”.
Isto é:
Que nos governes pela tua Palavra e Espírito, de tal
modo que cada vez mais nos submetamos a ti.
Que protejas e faças crescer a tua Igreja.
Que destruas as obras do diabo, todo poder que se
levante contra ti, e toda conspiração contra a tua Palavra.
Que faças todas essas coisas até que venha a plenitude
do teu reino, em que serás tudo em todos.
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O Catecismo de Heidelberg
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Comentário: Jesus ensinou muitas coisas sobre o reino
de Deus. Dos seus ensinamentos entendemos que o reino de
Deus já chegou. Quando Jesus veio, Ele o trouxe, pois é o Rei
desse reino. Mas quando nos ensinou a orar “Venha o teu
Reino”, também quis dizer que o Reino continua vindo. Cada
pessoa que se rende ao governo do Senhor e se submete ao
Rei Jesus, aumenta os domínios desse reino. Então seu reino
continua vindo e se expandindo neste mundo. Mas também
sabemos que o seu reino terá sua plena manifestação quando
Jesus vier segunda vez. Então haverá uma maximização do
reino de Deus, e ele cobrirá a terra como as águas cobrem o
mar. O Senhor Jesus ensinou ainda que tanto entramos no
reino de Deus como o reino de Deus entra em nós. Isto é,
tanto estamos nos domínios de Deus quanto seu domínio está
dentro dos nossos corações. Como cristãos sabemos que o
problema do homem e da sociedade é o pecado, e nada
resolverá esse problema a não ser que o reino de Deus venha
aos seus corações, levando-os a submissão a Cristo. Não há
nada que possa ajudar a nossa sociedade e este estado de
coisas presente. Todas as tentativas para mudar o homem e
seu habitat falharam. Da religião à filosofia, da cultura às
descobertas científicas, do desenvolvimento industrial à alta
tecnologia, dos esportes aos entretenimentos, tudo isso tenta
melhorar a sua qualidade de vida, mas o homem continua
infeliz, insatisfeito, vazio, e também maldoso, invejoso,
vingativo, violento, mau. Uma mudança real só ocorrerá
quando o reino de Deus chegar a ele, entrar em seu coração e
transportá-lo para os domínios do governo de Deus. O único
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O Catecismo de Heidelberg
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poder que destrói as obras do diabo é o reino de Deus – “Para
isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” – 1ª
João 3.8. Por isso a petição “Venha o teu reino” é tão
importante, e devemos orá-la com ardente desejo que mais e
mais homens e mulheres, jovens e crianças, sejam
conquistados pelo Rei Jesus, sejam reconciliados com Ele e
entrem no reino de Deus agora e aguardem sua plena e
gloriosa manifestação no dia final.
————————————————————————–
Dia do Senhor 49
P. 124: Qual é a Terceira Petição?
R.: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”.
Isto é:
Que concedas a nós e a todos os homens que
renunciemos à nossa própria vontade e, sem murmuração,
obedeçamos à tua vontade, a única que é boa.
Também que concedas que todos cumpram os deveres
de seu ofício e vocação, tão voluntária e fielmente, como os
anjos no céu.
————————————————————————–
Comentário: Desejar que a vontade de Deus seja
plenamente realizada na terra deve ser o maior desejo dos
santos da terra, porque no céu isso é uma realidade eterna. Os
santos anjos estão sempre prontos e desejosos de ouvir as
ordens de Deus para imediatamente voar a cumpri-las. É um
desejo maior do que o desejo que temos pela comida, de fato
um desejo que os consome. Foi isso que o Senhor Jesus disse
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aos discípulos e eles não entenderam: Uma comida tenho para
comer, que vós não conheceis, mas Jesus lhes explicou: “A
minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a
sua obra” – João 4.32, 34. Deus criou os anjos e os homens e
lhes pôs no coração uma satisfação em amá-lo, obedecê-lo e
servi-lo. O pecado enganou e cegou o homem para esse fato,
mas os regenerados podem sentir novamente esse prazer, essa
alegria no servir e obedecer a Deus. Quem tem novo coração
sente satisfação em submeter-se as autoridades, ainda que
essas sejam injustas e infiéis. Mas infinitamente mais, têm-na
em relação a submissão a vontade de Deus que é boníssimo.
Os crentes amam servir uns aos outros e amam muito mais
ainda servir ao Pai celestial, que reconhece nosso serviço e
nos recompensa fazendo-nos sentir plenamente confortados e
realizados. Há, todavia, uma luta contra a nossa própria carne
que muitas vezes nos desvia da vontade expressa do Pai. Mas
é aí que clamamos a Deus que nos capacite com Seu Espírito
Santo nessa luta e não cedamos terreno para o inimigo das
nossas almas. Por isso mesmo, orar pedindo e desejando que a
vontade do nosso amado Deus seja cumprida na terra é
motivo de grande alegria para nós, porque sabemos que um
dia, céus e terra conhecerão uma única vontade – a do nosso
Amo. Devemos, portanto, orar para que cada dia mais,
sejamos submissos a vontade de Deus em nossas próprias
vidas, renunciemos a nós mesmos e vivamos para aquele que
por nós morreu e ressuscitou. E então pregarmos o
evangelho chamando os pecadores ao arrependimento e a
obediência de Cristo, porque a salvação se resume nisso: o
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O Catecismo de Heidelberg
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homem trocar sua vontade pela vontade de Deus. “Bendizei ao
SENHOR, todos os seus anjos, vós que excedeis em força, que guardais
os seus mandamentos, obedecendo à voz da sua palavra. Bendizei ao
SENHOR, todos os seus exércitos, vós ministros seus, que executais o seu
beneplácito” – Salmo 103.20-21. No céu a vontade de Deus é
única. Enquanto não chega o dia do juízo eterno, tanto os
anjos caídos quantos os homens rebeldes podem seguir sua
vontade caída. Depois do juízo, porém, todos os rebeldes
estarão presos no grande abismo e no restante da criação só
se conhecerá a vontade de Deus, sem concorrência. Enquanto
isso a Igreja ora: “Seja feita a tua vontade, assim na terra, como no
céu” – Lucas 11.2.
————————————————————————–
Dia do Senhor 50
P. 125: Qual é a Quarta Petição?
R.: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”.
Isto é:
Que supras todas as nossas necessidades físicas, para que
reconheçamos que tu és a única fonte de todo o bem, e que,
sem a tua bênção, nem o nosso cuidado, nem o nosso labor,
nem mesmo os teus dons podem nos fazer bem algum.
————————————————————————–
Comentário: Aqui começam as petições para nós
próprios. Depois dos interesses do Reino de Deus, que
devemos buscar em primeiro lugar, aí podemos fazer nossos
pedidos. Contudo, Jesus ensinou o que devemos pedir. A
primeira coisa a ser pedida é a provisão diária para nós e
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O Catecismo de Heidelberg
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nossa família. É claro que Deus conhece essa nossa
necessidade. Mas Ele quer que dependamos dele para tudo e
reconheçamos que tudo vem dele. Na verdade, quanto mais
levamos a Ele nossas necessidades e o fazemos participar das
circunstâncias que envolvem nossas vidas, tanto mais
mostramos nossa dependência dele, e isso muito o agrada.
Quando não oramos e não participamos a Deus nossas
necessidades, estamos excluindo-o das nossas vidas e
declarando nossa independência dele. E isto é a pior coisa que
nos poderia acontecer. A independência de Deus significa
morte eterna. Devemos lembrar aqui que a promessa de Deus
é a provisão aos seus filhos. Ele não prometeu grandes
riquezas, fortunas, grandes possessões aos seus filhos, mas
apenas o sustento. Isso Ele não deixará faltar. Os filhos de
Deus deveriam viver uma vida simples e em completa
dependência de Deus, como as aves do céu. Jesus disse que
elas não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros, isto
é um modelo de dependência de Deus – “Por isso vos digo: Não
andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou
pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de
vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que
o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam,
nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes
vós muito mais valor do que elas?” – Mateus 6.25-26. Que o Senhor
nos ensine a não confiar em nada além dele. Nem em
riquezas, nem na nossa sabedoria ou nossa experiência, nem
no nosso emprego, na aposentadoria, em nossas economias,
mas apenas no Senhor. Que a cada dia roguemos o nosso pão
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O Catecismo de Heidelberg
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cotidiano e ao final do dia o agradeçamos Àquele de quem
nos vem toda boa dádiva e todo o dom perfeito – “Toda a boa
dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em
quem não há mudança nem sombra de variação – Tiago 1.17.
————————————————————————–
Dia do Senhor 51
P. 126: Qual é a Quinta Petição?
R.: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
temos perdoado aos nossos devedores”.
Isto é:
Que, por causa do sangue de Cristo, não imputes a nós,
pecadores miseráveis, nenhuma das nossas transgressões, nem
o mal que ainda persiste em nós; e que também encontremos
em nós essa evidência da tua graça: que estamos plenamente
determinados, de todo o coração, a perdoar nosso próximo.
————————————————————————–
Comentário: Naturalmente que aqui não está posta uma
condição para sermos perdoados, porque só Pode perdoar de
fato quem já foi perdoado por Deus, pois quem não recebeu
o perdão de Deus não sabe sequer o que significa perdoar.
Além do que, se Deus esperasse o pecador perdoar seus
ofensores para lhe dar o Seu perdão salvador, isto
caracterizaria uma salvação por obras. Ninguém pode dar
nada se primeiro não receber de Deus. Contudo, é um fato
que as duas coisas caminham juntas: recebemos o perdão e
perdoamos. Se não sabemos perdoar é porque não fomos
perdoados ou não entendemos o perdão de Deus. Jesus
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O Catecismo de Heidelberg
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contou uma parábola onde um rei perdoou seu servo, mas
este não soube perdoar seu conservo e foi punido
severamente. Mesmo depois de haver sido perdoado ele
recusou-se a perdoar seu próximo – Por isso o reino dos céus pode
comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; E,
começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil
talentos; E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele,
e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para
que a dívida se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o
reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te
pagarei. Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão,
soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou
um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão
dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu
companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso
para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrálo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus conservos o
que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor
tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença,
disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me
suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu
companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o
seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que
devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não
perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas – Mateus 18.23-35.
Como cristãos que somos devemos ter consciência da imensa
dívida que Jesus nos perdoou, a qual se nos fosse cobrada,
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O Catecismo de Heidelberg
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nos faria permanecer no inferno eternamente sem poder
jamais saldá-la. Assim sendo, devemos perdoar sempre a
todos os que nos ofenderem, de todo o coração, pois esta é
uma evidência de que também fomos perdoados por Deus.
————————————————————————–
Dia do Senhor 52
P. 127: Qual é a Sexta Petição?
R.: “E não nos conduzas a tentação, mas livra-nos do
mal”.
Isto é:
Somos tão fracos em nós mesmos, que não podemos
permanecer firmes por um momento sequer. Além disso, os
nossos inimigos declarados – o diabo, o mundo e a nossa
própria carne – não cessam de nos atacar.
Queiras, portanto, sustentar-nos de fortalecer-nos pelo
poder do teu Espírito Santo, para que não sejamos derrotados
nessa batalha espiritual, mas que sempre resistamos
firmemente a nossos inimigos, até que finalmente alcancemos
a vitória completa.
————————————————————————–
Comentário: Que não sejamos conduzidos à
circunstâncias favoráveis ao inimigo das nossas almas e
estejamos assim expostos aos seus ardis e maquinações.
Sabemos que Deus jamais nos tenta mas pode permitir que
sejamos tentados por Satanás como Pedro o foi – “Disse também
o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar
como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu,
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O Catecismo de Heidelberg
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quando te converteres, confirma teus irmãos” – Lucas 22.31-32. E
sabemos que Deus usa todas as coisas para nos fazer crescer
espiritualmente, inclusive as tentações. Rogar para que o
Senhor não nos exponha às tentações é uma humilde súplica
para que não nos deixe expostos às tentações do inimigo mais
que podemos suportar e não venhamos a cair, traídos pela
nossa própria carne que também se alia aos demais inimigos
contra nós. Então rogamos que o Pai nos fortaleça pelo seu
Espírito Santo nos fazendo sensíveis e dando-nos
discernimento espiritual para detectarmos as sutis armadilhas
do inimigo e assim não caiamos nelas. E Deus que conhece a
nossa estrutura e sabe que somos frágeis e vulneráveis, nos
ouve e nos poupa conforme sua santa vontade e os
propósitos que têm para nós.
————————————————————————–
P. 128: Como é que você conclui a sua oração?
R.: “Pois teu é o reino, o poder e a glória, para sempre”.
Isto é:
Tudo isso te pedimos porque, como nosso Rei, tendo
poder sobre todas as coisas, tanto queres quanto podes nos
dar tudo o que é bom; e porque não nós, mas o teu santo
Nome é digno de receber toda a glória para sempre.
————————————————————————–
Comentário: Essa doxologia no final da oração, é a
declaração final que o Reino pertence ao Senhor, o
reconhecimento de que Ele reina soberano, como Rei dos reis
e Senhor dos senhores, e a confissão de que nos submetemos
ao seu domínio para obedecer à sua vontade para sempre. É o
reconhecimento de que Ele fará sempre a sua vontade e levará
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a cabo tudo quanto tem determinado e decretado sem
nenhum impedimento.
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P. 129: O que significa a palavra “Amém”?
R.: “Amém” significa: é verdadeiro e certo. Pois é mais
certo e verdadeiro que Deus ouviu a minha oração do que o
sentimento que tenho em meu coração de desejar isso dele.
————————————————————————–
Comentário: Amém é um dos nomes do Senhor Jesus –
“E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a
testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” –
Apocalipse 3.14, e significa que Ele é fiel e verdadeiro. Ele leva
muito a sério quando falamos com Ele e jamais nos deixa de
atender, embora sempre faça a sua vontade para a nossa
segurança. É bom rogar sempre que sua suprema vontade seja
realizada, porque isso é o melhor para nós, porque a vontade
dele para nós é perfeita, boa e agradável.
Aqui termina o Catecismo de Heidelberg, com a
explicação sobre o Amém da oração do Senhor. E podemos
dizer também um Amém, rogando que Aquele que é que Fiel
e Verdadeiro sustente e mantenha Sua Igreja unida em torno
dessa verdade e da fidelidade a Ele. Amém.
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Pr. Nelson Nincao
Londrina – Abril – 2023
Endereço:
Rua Sena Martins, 400 – Higienópolis – Londrina – (Próximo ao Zerão)
Cultos:
Domingos as 9:30 e as 18:00 horas.
Reunião de Oração:
Quartas-feiras as 19:00 horas.
O que esperar
Central para o nosso culto de adoração são a pregação da Bíblia Sagrada, canto congregacional e oração. A intenção é louvar a Deus; Ele é o foco do serviço.
Quando você se junta a nós para o culto, os recepcionistas estão localizados na entrada do auditório e poderão ajudá-lo a se sentar e responder a quaisquer perguntas que você possa ter.
Email:
reformadalondrina@gmail.com